No menu items!
17.1 C
Vila Nova de Gaia
Quinta-feira - 15 Maio 2025

A transição de tutela do SEF e os seus perigos para a democracia

Destaques

Quando se fizeram as leis orgânicas do Estado Português no início da nossa democracia, com a finalidade de evitar novamente a criação de uma ditadura, houve o cuidado de repartir as forças policiais por diferentes ministérios.

A PSP ficou sob tutela do ministério da administração interna juntamente com o SEF, a polícia judiciária ficou sob tutela do ministério da justiça, a GNR ficou sob tutela do ministério da defesa e o SIRP (serviços secretos), embora não seja uma força policial ficou sob tutela do ministro da presidência.

Esta divisão policial pelos diferentes ministérios fez-se com o objetivo de não existir a concentração do poder policial num só governante, não fosse naquela época conturbada após o 25 abril de 1974 ou noutra altura qualquer, aparecer um ministro “meio louco” liderando grande parte das polícias e que resolvesse levar a cabo um golpe de estado, impondo desta forma, novamente uma ditadura.

Passados quase 50 anos do 25 de abril de 1974, os democratas portugueses têm de se manter vigilantes e saber que o perigo das ditaduras surgirem novamente poderá ser uma possibilidade bem real, a par de uma manipulação da informação que nos está a levar ao condicionamento de acesso à informação e por sua vez à diminuição da nossa Liberdade.

A passagem dos Serviços Secretos (SIRP) para tutela direta do primeiro ministro e a concentração do poder do SEF nas competências da polícia judiciária são alterações que não beneficiam o uso da Liberdade e a proteção que o Estado tem de ter em relação a potenciais tentativas de destruição da democracia.

O espírito que esteve por base quando se criaram as leis orgânicas dos diferentes ministérios no período da fundação da democracia fica assim adulterado.

A concentração policial num “super ministério” policial é perigoso para a democracia. A informação utilizada para fins políticos também é uma ameaça que com estas alterações orgânicas ficará mais real.

Daqui em diante, o primeiro ministro e o ministro da justiça verão os seus poderes reforçados e a frase que António Costa gosta tanto de dizer “À política o que é da política e à justiça e o que é da justiça” será cada vez menos uma realidade… para mal da nossa democracia.

Paulo Freitas do Amaral/
Professor de História

Os artigos de Opinião são da inteira responsabilidade do autor que os produz. O Jornal Comunidades Lusófonas não interfere. A Diretora.

Paulo Freitas do Amaral
Ver Também

Portugal coloca debate sobre IA na Cultura na agenda da União Europeia

Em comunicado de imprensa, Portugal levou ao Conselho de Ministros da Cultura da União Europeia, no dia 13 de...