Já começa a cheirar a sardinhas assadas e manjerico, o alho porro e as bifanas assadas, com uma boa bebida para escorrer melhor. De Norte a Sul do país, os Santos Populares não dão descanso o mês de Junho. O dia de Portugal, Camões e das Comunidades, também marcam a sua presença no dia 10. Queremos oferecer ao nossos leitores, mesmo que não estejam presentes nas festas populares, a sintam com as nossas palavras.
As festas têm o seu início em Lisboa com o Santo António, no dia 12 para 13 de junho, segue-se o dia de S. João, no dia 23 para 24 do mesmo mês, com os típicos martelinhos e alho-porro no Porto e arredores, e no final do mês a 29, o São Pedro, por terras alentejanas em Évora e em Sintra, só para citar algumas cidades, pois muitos mais lugares têm lugar.
As ruas enfeitadas com bandeirinhas às cores, fazem lembrar o arco-íris, dão uma outra vida e puxam mais pela alegria. O cheirinho das sardinhas assadas e bifanas, e o caldo verde para aconchegar o estômago, também não faltam. O denominador comum é o mesmo para as três; muita festa e alegria, uma noite de folia, de muitos saltos, ao sons da músicas populares que ecoam pelas ruas e ruelas. Muito caminhar se adivinha nas ruas estreitas de Lisboa e do Porto. É a noite maior do ano, dizem “os tripeiros”, que já começam a ver mudar algumas das tradições e já enfeitam mais as ruas, mas os tradicionais dos martelinhos, continuam a soar nas cabeças alheias, muitos risos são largados, estas noites são de brincadeira e de muita folia. O alho porro entrenha-se nas narinas e faz comichão. Há quem não goste, mas fazer o quê? É tradição, e se se estranha também se entrenha!
As marchas populares do Santo António são uma tradição de há muitos anos, remonta ao século XII, e marca o solstício de verão.
Em Lisboa, as marchas populares de cada bairro desfilam pela Av. da Liberdade em direção ao Rossio, enchendo a rua de centenas de figurantes, música e cores. Mas a enchente e a animação não são menores nas ruas desses bairros, com destaque para Alfama, mas também para a Graça, Bica, Mouraria ou Madragoa. Nos largos e vielas, come-se caldo verde e sardinha assada, canta-se e dança-se pela noite dentro. Outro momento forte é a procissão de Santo António, que no dia 13 sai da sua igreja, situada em Alfama, junto à Sé, no local onde este santo nasceu, por volta de 1193.
No Porto, Por volta do século XV a Igreja cristianizou esta festa dedicando-a a São João. Só a partir do século XX é que o São João evoluiu para o formato como conhecemos hoje.
A festa é similar em cor e alegria, nos bairros mais tradicionais, como Miragaia, Fontainhas, Ribeira, Massarelos e outros. Mas nesta cidade há ainda outros usos e costumes: se antigamente os foliões batiam com o alho-porro na cabeça dos companheiros, hoje usam martelinhos de plástico; por outro lado, além do exuberante fogo-de-artifício que é lançado à meia-noite em pleno rio Douro, também se lançam balões de ar quente multicores, numa das mais bonitas celebrações destes festejos populares. A noite acaba para muitos junto à praia, para ver nascer o sol ou para um banho matinal, como manda a tradição.
A 29 de junho comemora-se o São Pedro, também com festas populares em várias localidades do país, como Sintra ou Évora, ambas na lista do Património Mundial. Évora, aliás, celebrar dois Santos Populares, realizada desde o século XVI a feira de S. João, uma das maiores da região sul de Portugal, comemorando também o dia de S. Pedro como feriado municipal.
Nestas festas resistem práticas como saltar a fogueira e oferecer à namorada ou namorado pequenos vasos de manjerico, acompanhados de quadras escritas, que muitas vezes falam de amor, ou não estivesse a origem destas festividades ligada ao solstício de verão e a antigos rituais de fertilidade.