Ciat/Neil Palmer – Brasil é citado pela redução de desmatamento em 50% na Amazónia Legal
Publicação da FAO revela que incêndios florestais liberaram cerca de 6.687 megatoneladas de dióxido de carbono no ano passado; intensidade e frequência das queimadas está em alta em todo o mundo; Brasil regista redução de 23% da perda de manguezais”; Moçambique projeta plantar 1,7 milhão de novas árvores em 20 anos.
As mudanças climáticas aumentam a vulnerabilidade das florestas do mundo a fatores de stresse como incêndios e pragas, segundo uma nova publicação da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO.
O relatório “O Estado das Florestas do Mundo 2024: Inovação do setor florestal em direção a um futuro mais sustentável” enfatiza o papel da inovação para o alcance de um futuro sustentável para o setor florestal.
Brasil e Moçambique
O estudo revela haver uma alta na intensidade e frequência dos incêndios florestais, inclusive em áreas que antes não eram afetadas. Em 2023 estas ocorrências liberaram até 6.687 megatoneladas de dióxido de carbono em nível global.
Quanto aos países de língua portuguesa, o Brasil é citado pela redução de desmatamento em 50% na Amazónia Legal no ano passado. A taxa de perda bruta global de manguezais baixou em 23% nos intervalos 2000–2010 e 2010– 2020.
Moçambique é mencionado por iniciar a implementação da iniciativa-piloto Promove Agribiz de expansão agroflorestal.
Cerca de 22 mil pequenos agricultores foram capacitados em práticas que plantaram 120 mil árvores como parte da iniciativa. A meta é que nas próximas duas décadas sejam plantadas 1,7 milhão novas árvores ocupando 5 mil hectares.
Fogo boreal alcança novo recorde
A FAO aponta que o fogo boreal, antes responsável por cerca de 10% das emissões globais de dióxido de carbono, atingiu um novo recorde em 2021, principalmente impulsionado pela seca prolongada.
A situação causou um aumento na gravidade do incêndio e no consumo de combustível, e resultou em quase um quarto do total global de emissões de incêndios florestais.
A FAO aponta ainda as mudanças climáticas como motivo que torna as florestas mais vulneráveis a espécies invasoras, com insetos, pragas e patogénicos de doenças, no que ameaça o crescimento e a sobrevivência das árvores.
Um dos exemplos é o nematoide da madeira de pinheiro que causa danos significativos às florestas nativas de pinheiros em países da Ásia e áreas da América do Norte. Até 2027, os estragos devem ser arrasadores devido a insetos e doenças.
Produção global de madeira volta a níveis recordes
O documento revela que a produção global de madeira permanece em níveis recordes. Após uma breve queda durante a pandemia da Covid-19, o total retornou aos cerca de 4 bilhões de metros cúbicos por ano.
O documento ressalta haver quase 6 mil milhões de pessoas que usam produtos florestais não madeireiros. Estima-se que 70% dos mais pobres do mundo dependem de espécies selvagens para alimentação, medicina, energia, renda e outros propósitos.
As projeções indicam que a demanda global por madeira em tora pode aumentar em até 49% entre 2020 e 2050.
O documento foi divulgado na 27ª sessão do Comité de Florestas que acontece na sede da FAO até sexta-feira. Este ano, a reunião é realizada sob o lema “Acelerando soluções florestais por meio da inovação”.
O mandato do principal órgão regulador florestal da agência é identificar questões políticas e técnicas emergentes, buscar soluções e aconselhar sobre ações mais apropriadas para solucionar o problema.