O Jornal Comunidades esteve à fala com o Mário Fonseca, dizendo-nos que a ideia de criar o Balcão do Emigrante, partiu dele e da sua irmã, e que se deveu à necessidade que as pessoas tinham quando emigravam e tinham de regressar a Portugal. Foi uma conversa esclarecedora para quem quer emigrar e para quem quer regressar ao país natal. No mês de fevereiro abriu dois novos balcões em Portugal, um em Lisboa e outro no Porto.
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O Diretor do Balcão do Emigrante, começou a sua atividade na área imobiliária, e acabou por trabalhar com o seu tio, dando-lhe a oportunidade de conhecer muito de perto, com as comunidades portuguesas nomeadamente, a Comunidade Portuguesa na Suíça onde reside há 13 anos, em Lausanne.
À medida que foi trabalhando junto da Comunidade Portuguesa, na atividade seguradora, e na área da poupança e investimento, foi-se apercebendo, juntamente com a irmã, que a Comunidade Portuguesa na Suíça, e não só, pedia muito mais “do que o que nós dávamos”.
Tratavam sobretudo de produtos financeiros e de investimento. E as pessoas tinham um sem fim de dificuldades na área administrativa, na fiscalidade, quer em Portugal, quer na Suíça. Apercebendo-se juntamente com a sua irmã, e foram idealizando um projeto. Podendo mais tarde dar resposta a grande parte das solicitações que a emigração portuguesa trazia.
“Em 2013 desenhámos este projecto que só saiu da gaveta no final de 2018. Lançámos o primeiro balcão piloto em Bruxelas”, foi o tempo de idealizar, às “escondidas”, sendo 2018 a abertura do primeiro Balcão na capital Belga, para servir de teste, e ver se a Comunidade aceitava esta ideia do “Balcão do Emigrante”.
E de lá para cá acabaram por ter um grande sucesso, que se extendeu ao Luxemburgo, “e vamos também para Paris”. Em Portugal “temos atualmente seis (com a recente abertura do Balcão em Lisboa e no Porto) escritórios. Na Suíça temos quatro, e vamos ter também em Zurique”.
“No final de 2018 lançámos esse projeto, de uma forma muito comedida, mas a partir do ano 2019, 2020, tivemos um crescimento exponencial”. Mesmo com a pandemia, “que veio dificultar as nossas operações”, e até a própria rentabilidade, “a emigração Portuguesa está de tal maneira orfã de soluções profissionais, de consultoria, que hoje sofremos um bocado de excesso de procura dos nossos serviços”. São de tal maneira “invadidos” de um número crescente de pessoas que “nos pedem ajuda, em várias questões, que acabamos de ter de correr, para conseguir aumentar os nossos serviços e qualidade dos recursos humanos”, “no fundo podermos dar respostas a estas situações”.
“O nosso papel é de sermos consultores”
O nosso alvo é a consultoria na área financeira e na área fiscal, é um complemento do trabalho dos Consulados.
“Os nativos de agora vêm esta nova geração de emigrantes com uma perspetiva diferente. “Hoje em dia noto que a primeira reação têm é que são pessoas bem formadas, pessoas extremamente inteligentes, e funcionários, diretores e presidentes, e de topo de carreira, dizem que os portugueses, têm capacidades para cargos diretivos e de responsabilidade”.
O nosso papel é de sermos consultores, as pessoas pagam-nos para isso, e o nosso objetivo é fazer um “serviço 360”, em que a pessoa num só sítio tem tudo que precisa para fazer face a alguns desafios em determinadas fases na vida. O Consulado, é um sítio onde as pessoas vão tratar de procedimentos e informação, e “a nós procuram-nos porque querem tranquilidade, querem ver o resultado final, enquanto que o Consulado, é uma entidade pública, e estão lá para tratar das suas questões”, revela Mário Fonseca.
Às vezes “confundem-nos com as entidades públicas”, mas para quebrar com essa confusão, nas “nossas páginas online fazemos questão de referênciar que somos uma entidade privada”, porque confundirem-nos que são públicos dá uma imagem pouco favorável ao Balcão, pois como todos sabemos as “entidades públicas muitas vezes ficam àquém do esperado”.
É bom fazer essa distinção entre entidade pública e privada, pois “nós cobramos às pessoas e elas depositam confiança nos nossos serviços”, enquanto que o público deve ser “tendencialmente gratuito”. “Assumimos o papel de privados porque é isso que nós somos”.
Têm em base de dados mais de 7 mil clientes, exceto mais de mil clientes que estão registados no novo CRM, que “lançámos no início de 2022”. Têm outros clientes que não entram nesta contabilização, porque este novo CRM, (Plataforma informática criada para gerir base de dados) foi um investimento que “fizemos para podermos gerir melhor os nossos clientes”. Neste momento têm 2660 processos em curso na área administrativa em vários países. Pessoas que estão a regressar, e pessoas que estão fora, na área financeira, na área da poupança, seguradora e outras. “E clientes registados temos 7 520 clientes”.
Do Reino Unido, Suiça e Alemanha, “temos recebido muitas questões”. Os que querem regressar a Portugal, também. O Reino Unido, Suíça e Alemanha, onde “não temos representação”. Em Paris têm um pequeno escritório, no 11º bairro. “Queremos crescer mais em França e será o país que mais pedirá apoio dos nossos serviços. Ao dia de hoje é claramente a Suíça, que solicita mais os nossos préstimos”.
“Considero-me completamente emigrante”
“Sinto um enorme orgulho em ser emigrante”, nunca esquecendo o “meu país”, e um dia regresse, mas “considero-me um emigrante”. Apesar de ir frequentemente a Portugal por motivos profissionais, e estar sempre em contacto com a comunidade portuguesa, “sinto-me um emigrante”. “Tenho os meus filhos e esposa aqui”. Mata as saudades com um pequeno comércio tipicamente português em Lausanne, e por motivos profissionais faz muitas viagens a Portugal. “Por coincidência tenho marcado uma viagem para Portugal em breve. E mato as saudades também usando as palataformas eletrónicas, com chamadas para os meus pais. Há uma loja portuguesa que adoro frequentar”.
Um negócio em expansão
Atualmente contam com quase 80 colaboradores nos vários países “temos clientes de toda a parte do mundo”, o trabalho é feito maioritariamente em Portugal, nomeadamente ao nível do secretariado. “Estamos a pensar em abrir mais balcões espalhados na Europa, e no Mundo”.
As pessoas que pretendem emigrar, antes de tudo devem informar-se antes de sair de Portugal. Ver como são as coisas no país que pretendem emigrar. Mas o mesmo conselho para quem quer regressar para Portugal, “a informação está na base”. Até porque existem programas de apoios fiscais e financeiros, em que infelizmente “os residentes não habituais”, eram destinados só para os franceses, mas a realidade é que se destina a todos os estrangeiros. “É pena que isto aconteça” porque há programas para os emigrantes, mas também há prazos para cumprir, e muitas das vezes perdem esses programas por falta de informação.
“Se tem de haver responsabilidade para quem vai emigrar, o mesmo se aplica para quem pretende regressar. As coisas têm de ser feitas com calma, bem ponderadas, e ver o que o país tem a oferecer”.
Como vêm os estrangeiros os emigrantes portugueses?
“A minha opinião é a seguinte: A perceção que tenho da emigração das pessoas mais antigas no estrangeiros destinavam-se a duas ou três profissões: Hotelaria, limpezas e construção civil, e a ideias que os nativos demonstram por esses emigrantes, é uma emigração muito trabalhadora, muito respeitadora”. Os nativos de agora vêm esta nova geração de emigrantes com uma perspetiva diferente. “Hoje em dia noto que a primeira reação têm é que são pessoas bem formadas, pessoas extremamente inteligentes, e funcionários, diretores e presidentes, e de topo de carreira, dizem que os portugueses, têm capacidades para cargos diretivos e de responsabilidade”. Em termos de recursos humanos, somos muito “apetecíveis” por estes países do centro da europa, “que é o que mais conheço”. A nova emigração qualificada, “é olhada cá fora”, ou pelos nativos como uma emigração bem preparada e que pode ter um papel muito importante na sociedade local e no futuro na liderança de alguns movimentos “que estamos inseridos”.
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