Marcelo Camargo/Agência Brasil – Corumbá, MS, junho de 2024. Imagens aéreas mostram áreas devastadas pelo fogo no Pantanal
Em novembro, o país abrigará a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática COP30; diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro, Garo Batmanian, fala à ONU News sobre dividendos de se investir na proteção ambiental evitando maiores prejuízos de responder a desastres naturais pelo mundo.
Segundo as autoridades do Brasil, o país conseguiu diminuir em quase 50% as taxas de desmatamento desde 2022.
No início deste mês, o diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro, Garo Batmanian, participou no Fórum sobre Florestas na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque.
Nessa entrevista à ONU News, confirmou a redução e os planos de replantio no país.
Esforço de replantar a floresta
“Nos últimos dois anos, o desmatamento diminuiu bastante. Em 2022, foi um pouco mais de 11 mil km2. E no ano passado, caiu para 6,5 mil km2. É claro o que nós queremos é o desmatamento, mas é quase uma queda de 50%. Se olhar de 11 mil para 6 mil em dois anos. E uma vez que controla o desmatamento, pode fazer o esforço de replantar. Mas não é reflorestar no sentido de fazer uma floresta comercial. É tentar plantar as espécies que já estão na região.”
Para Garo Batmanian, os produtos sustentáveis da floresta precisam ser diversificados. Segundo ele, é necessário construir um consórcio que contenha mais do que o açaí, que nas últimas décadas tem ganhado mais mercados no exterior.

O diretor do Serviço Florestal Brasileiro também lembra da importância da educação ambiental e de se compreender os custos da proteção versus os gastos de resposta a desastres naturais em todo o mundo.
Remoção de carbono
“Nós chamamos isso de custo, mas de certa forma é um investimento porque o custo de mitigar desastre, por exemplo, de enchente, de seca é muito maior do que o custo de prevenir. Então, o investimento agora é para evitar que as mudanças climáticas piorem e que as emissões aumentem também para restaurar. Restaurar a floresta, por exemplo, é uma maneira muito barata e eficiente do que remover carbono da atmosfera. Se fizermos isso, é muito mais eficiente do ponto de vista até financeiro, além de criar emprego e renda para as pessoas na comunidade rural, é mais eficiente do que continuar a ignorar isso e aumentar, cada vez, mais os gastos, e assim são gastos para combater tragédias.”

COP30 em Belém do Pará
Em novembro, a cidade de Belém do Pará irá abrigar a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, COP30.
O evento, que reúne chefes de Estado e Governo de todo o mundo, pretende estabelecer ações concretas de ação climática para os Estados-membros da ONU com base nas recomendações do Acordo de Paris, o documento assinado em 2015.
Batmanian lembra que todos os detalhes para implementação já foram feitos e que agora é hora de acelerar as medidas.
“Então, teve uma série de detalhes que foram necessários e que precisaram de ser feitos, e nós já temos todos eles desenvolvidos nesses últimos 10 anos. O que o Brasil espera é como aceleramos o trabalho? Como aceleramos para discutir as regras? O agora não é discutir mais regras, mais detalhes. Agora é o que nós podemos fazer para acelerar para implementar o Acordo de Paris.”
O Fórum sobre Florestas das Nações Unidas foi estabelecido em 2000 e é organizado pelo Departamento Económico e Social da ONU, Ecosoc.
*Monica Grayley é editora-chefe da ONU News em Português