O Jornal Comunidades esteve à fala com Leslie Vicente, Diretora da escola “Discovery Language Academy School, e revelou-nos um pouco sobre a sua vida pessoal e profissional na América. E como tem sido a evolução do ensino de Português naquele país, nomeadamente em New Bedford.
Leslie começa por dizer “a minha carreira profissional só começou em adulta. Nasci nos Estados Unidos, na Califórnia, por vontade da minha mãe, mas nessa altura os meus pais moravam nos Açores, o meu pai é da Graciosa e a minha mãe é do Pico, e vivi nos Açores dos seis meses até aos meus 12 anos.
Depois fui para New Bedford, EUA. Apesar de ser americana não falava inglês e entrei para um programa bilingue.
Foi para a Universidade e conheceu o que é hoje o seu ex-marido. “Tive quatro filhos, e desisti da Universidade, mas quando os meus filhos já tinham uns 12/13 anos, decidi voltar a estudar, regressar à Universidade”.
Regressei à Universidade. Nessa altura, já estava separada do meu marido, e voltei à escola, e terminei o meu curso em “Sociologia e Inglês”. Tive umas aulas a mais e entrei no mestrado no ano seguinte.
“Uma professora do meu mestrado, estava num programa de Doutoramento, e disse-me: Leslie, tu devias vir para este programa”, e tanto insistiu que “acabei por entrar no ano seguinte”.
Completou o mestrado em maio de 2015, e entrou no programa de Doutoramento em junho de 2015. Terminando o Doutoramento (PHD) a 25 de abril de 2019.
Um dia estava no Restaurante, e ainda frequentava o mestrado, a dona do restaurante disse-me que a escola estavam à procura de uma Diretora. “Ao que lhe respondi que aquilo não era para mim, estou a frequentar o mestrado”, e estava mais interessada no ensino de Sociologia, em dar aulas nessa área.
Contudo entreguei-lhe o meu Currículo, e ela reencaminhou-o ao senhor James DeMello, que é o dono do edifício onde está a escola.
A escola, nessa altura já estava com dificuldades, tinha apenas quarenta e poucos alunos. Estava em vias de fechar. Tive uma conversa com o dono do edifício, o Senhor DeMello e disse-lhe que teria de falar com os pais dos alunos, para saber porque razão estão a desistir.
Comecei a interagir com as professoras da escola, e perguntar qual o motivo da desistência dos alunos às colegas. A história era sempre a mesma, os alunos pequeninos não falam português, no primeiro ano. Só falam inglês e chegam à escola e não sabem nada de português. Vão para casa muito desanimados porque a professora só fala em português. Não querem estar lá porque não entendem nada.
“Fui ao conselho de Administração e disse-lhes que a história é a mesma. A primeira classe é a base. O senhor DeMello comprou um outro edifício de cinco andares, e nós ficámos num cantinho no terceiro andar, o edifício era enorme. Fui Diretora Executiva da Escola em 2017.
“Criei um currículo para a escola, com base no Massachusetts State Standards, segui as regras deles e juntei a do Instituto Camões, ao currículo e criei um novo currículo.
Para o primeiro ano, era prioritário ser bilingue, as professoras ensinam o português usando o Inglês. Para as crianças entenderem.
Só usamos unicamente o português quando chegam à terceira classe, mas usa-se o inglês se for necessário. “Começamos desta forma”, adianta Leslie.
“Comecei a trabalhar com as escolas públicas desta área”. As matrículas começaram a aumentar, a escola começou a ter mais alunos. Já não podíamos estar naquele espaço que o Senhor DeMello nos tinha dado. Fomos para um espaço maior onde estamos agora. Temos onze salas de aulas, e criámos um jardim infantil que encheu logo no primeiro ano. Depois havia pais com crianças de quatro que queriam ter aulas de português. Temos agora o pré-escolar, já estamos com ele há três anos.
Pela primeira vez desde 1999, temos duas primeiras classes, uma primeira classe com doze alunos, e outra com 24 alunos e duas professoras. E aulas online através do Zoom aos sábados. Temos alunos do Colorado, Texas, Florida, Nova Iorque, San Diego, S. Mateus, Califórnia.
Neste momento são 240 alunos. Temos o nosso programa de português, um curso para os adultos, e também espanhol para adultos, que já falam Português, Inglês e agora querem aprender espanhol. Também temos hispânicos, que querem aprender português.