Junto a Conselheira Suplente, Gabriela Branco em ocasião da visita do Presidente da Câmara de Lisboa a Buenos Aires
Filho de portugueses, Martim D’Oliveira, nasceu na Argentina, é o primeiro lusodescendente com o cargo de Conselheiro das Comunidades Portuguesas, (CCP) pelo círculo da Argentina, até às eleições de 2023. Sempre foram sempre nativos portugueses, emigrantes que ocuparam este cargo. Filho de mãe portuguesa, nascida em Castelo do Neiva, Viana do Castelo, e filho de pai, neto de portugueses, os bisavós eram naturais da aldeia Viçosa na Guarda. Martim é advogado, formado em direito penal e trabalha no Ministério Público na província de Buenos Aires, na Argentina, na comarca de La Matanza, e trabalha há 15 anos na área do direito penal.

Em conversa com o Jornal Comunidades Lusófonas, explicou-nos quais são as sua tarefas como Conselheiro das Comunidades Portuguesas. Revelou-nos, e segundo a lei, têm como objetivo aconselhar temas que competem aos emigrantes e às comunidades portuguesas, neste caso os portugueses que estão na Argentina, Chile e Peru.
Martim trabalha juntamente com a suplente, Gabriela Branco. “Nós tentamos, uma vez que tomamos posse, dar uma mudança ao cargo para estarem mais presentes.” Criaram, no âmbito da suas funções, três programas, o primeiro é dedicado à língua portuguesa.

“Estamos em contato permanente com a leitora do Instituto Camões, Isabel Gaspar, e fazemos a ponte de ligação com aqueles professores de língua portuguesa que estão nos clubes no âmbito das instituições portuguesas das Associações e outros que não estão nas associações, que trabalham juntamente com os professores que dão o mesmo conteúdo dos currícula do Instituto Camões aos seus alunos, para quando vão fazer o exame, para poder adquirir e ter direito à cidadania portuguesa por netos, estarem em igualdade de condições, coisa que não acontecia antes.” Refere Martim.

O segundo programa. “Nós nomeamos “Da Terra de origem ao cantinho de acolhimento”, é um programa que estão a tentar fazer geminações com as cidades portuguesas, de onde são oriundos os portugueses com as cidades Argentinas, onde se estabeleceram. Já se trabalhou na geminação, de Mar Del Plata com a cidade de Viana do Castelo e agora estão a trabalhar na geminação da cidade Guarda com Marcos Paz. Na cidade de Sabugal, com Salliqueló e estão a tentar reativar a geminação da cidade de La Plata que é a cidade capital da província de Buenos Aires, com Coimbra.
O terceiro, que o mais importante é, “Os Conselheiros ao encontro dos Portugueses”. Vão de 15 em 15 dias, aos sábados à tarde às associações portuguesas, tanto de Buenos Aires e capital federal, como do interior da Argentina. Visitam as comissões diretivas, os dirigentes e “temos um espaço para receber todos aqueles portugueses que têm alguma dúvida de como fazer uma cidadania, de uma transcrição de casamento, se têm problemas com o cartão de cidadão, passaporte ou todas aquelas dúvidas respeitante aos trâmites a fazer na seção consular, nós temos aí um espaço de 2,3 horas onde recebemos todos aqueles que têm dúvidas.” Explica Martim.
O que acontece quase sempre, é que as pessoas não compreendem o que está publicado na Internet, e então fazem um pedido de marcação e quando chegam à embaixada é para consultar, e como nós percebemos aquele problema, para não entupir a embaixada com marcações, esclarecemos as dúvidas e deixam o espaço para que o outro possa fazer e solucionar outras questões.
“Esses são os três programas nós que estamos a trabalhar. Temos seis comunidades fora do âmbito de Buenos Aires, que é a nossa área de residência, no interior do país, é a Comunidade portuguesa mais Austral do mundo, Comodoro Rivadávia, Mar Del Plata, Salliqueló, Olavarría, Oberá, e temos instituições portuguesas que estão a ser reativadas, como é o caso de La Pampa, Trelew, também há um núcleo de portugueses em Córdoba, todos no interior do país. Nós, quando vamos visitar aquelas comunidades, também tentamos falar com as autoridades locais, com a Câmara Municipal daquela cidade e vamos visitar todos aqueles portugueses idosos que já não saem da sua casa. É isso que engloba o programa “Os conselheiros ao encontros dos Portugueses.” Esclarece o Conselheiro.
Quantos portugueses e lusodescendentes estarão na Argentina?
“Não temos números certos, mas temos é uma estimativa. Nós na Argentina com e inscrição consular, os que estão nos cadernos, de recensamento são 7 600. Mas estima-se que entre portugueses e imigrantes, filhos, netos e bisnetos, com nacionalidade e os que não têm nacionalidade, estimam-se na no na aproximado de 200 mil com ascendência portuguesa.” Revela Martim.
Uma vez que é advogado, já lhe já lhe caiu nas mãos algum processo mais complicado de portugueses ou lusodescendentes, a solucionar processos, como: litígios, heranças, entre outros?
Mesmo antes de ser Conselheiro, já ajudava a comunidade portuguesa e Lusodescendente. As pessoas já sabiam que era advogado, e recorriam a ele com frequência.
Em matéria criminal, que é a sua especialidade, “temos orgulho que são muito poucos casos, que se podem contar com os dedos das mãos, de portugueses, ou filho de portugueses que estão envolvidos na área criminosa”, os portugueses são uma população muito calma, muito tranquila, que pouco estão envolvidos na área criminosa.
Alguma vez viveu em Portugal ou viveu sempre na Argentina?
Viveu sempre na Argentina, tenta ir a Portugal, de dois em dois anos. Agora com a função de conselheiro e como está a integrar a Comissão temática de questões económicas, fluxos migratórios e questões sociais no âmbito do Conselho, vai todos os anos, há 10 dias que chegou de Portugal, esteve lá um mês. Entre Argentina e Portugal dista 12 mil quilómetros, são quase 14 horas de avião e não dá para ir um ou dois dias, vai entre vinte dias a um mês.
As tradições portugueses onde se encaixam?
“Vou resumir com as palavras da minha mãe, que é portuguesa: tu és mais português que eu!”
No que diz respeito às tradições “tentamos prosseguir”. Há clubes e Associações Portuguesas à volta de Buenos Aires, têm onze Associações Portuguesas, a seguir com as tradições, com a gastronomia, “no meu caso, no caso da minha família, no Natal sempre seguimos a traição de comer bacalhau e de fazer comida portuguesa durante o ano.” Refere.
“Temos vários ranchos folclóricos.” Menciona o Conselheiro. A sua incursão na Comunidade Portuguesa, começou com a participação na área do folclore, uma área que gosta muito, desde os seis anos, até os 26 onde esteve no folclore e começou no Associativismo aos 12 anos. “Tentamos sempre preservar as tradições, ouvir música portuguesa, falar em português, no caso da minha mãe, ela veio muito pequena, então ela fala espanhol, mas no caso dos meus avós, eles falavam português, e nós também, para preservar a tradição.” Salienta. O seu prato preferido é bacalhau, por excelência, mas também gosta de um bom polvo à portuguesa, que está à mesmo nível que o bacalhau.
