EXCLUSIVO
Celebram-se os 480 anos de amizade entre o Japão e Portugal, e o embaixador de Portugal em Tóquio, Vítor Sereno, fez referência sobre a importância daquela embaixada no Japão, ao serviço prestado aos 800 cidadãos portugueses que lá vivem.
Temos mais de 800 cidadãos nacionais inscritos na Embaixada, um número que se tem mantido estável nos últimos anos. A comunidade está segmentada entre cidadãos originários do território nacional, outros da região de Macau, e outros ainda de origem brasileira, que aqui é a maior comunidade não-asiática. Como tal, trata-se um grupo heterogéneo, com origens, necessidades e perfis diferentes que nos procuram com questões muito diversas.
Outra característica a sublinhar é a sua dispersão geográfica. Os portugueses encontram-se espalhados por todo o território japonês, que é muito extenso. Além disso, a concentração na região de Tóquio com 30% do total, ou aproximadamente 240 cidadãos, numa metrópole com 15 milhões de habitantes, leva a que não exista, em bom rigor, uma “comunidade portuguesa”, conforme a conhecemos em outros países. Esta é uma diferença importante que importa ter presente quando falamos sobre o Japão.
Hábitos culturais diferentes
Como em muitas outras latitudes, a comunidade portuguesa integra-se muito facilmente na sociedade japonesa. É verdade que se trata de uma cultura e língua muito diferentes das nossas, mas o facto de muitos concidadãos emigrarem para o Japão com um enquadramento de estabilidade e previsibilidade, nomeadamente no âmbito de contratos de trabalho, de cursos universitários, e de famílias mistas, representa um fator de estímulo à integração.
Para além das condições oferecidas pelas autoridades e sociedade japonesas, a própria Embaixada presta todo o tipo de apoio informativo, tais como procedimentos a seguir junto da autarquias e municípios locais, oferta de cursos de língua japonesa, entre outros.
Além disso, o Centro Cultural Português em Tóquio, que funciona no seio desta Embaixada, realiza frequentemente atividades culturais abertas a toda a comunidade. Estes são eventos que pretender trazer o melhor da língua e cultura portuguesas para o Japão, constituindo uma oportunidade sempre muito apreciada para o reencontro da comunidade e a renovação do interesse pelos artistas portugueses.
Barreira Linguística
O japonês cria, sem dúvida, alguns impedimentos àqueles que escolhem o Japão para emigrar. A curva de aprendizagem é íngreme e leva tempo até se atingir uma fluência básica na língua, mas os exemplos que conheço levam-me a crer tratar-se de uma barreira temporária que todos conseguem eventualmente ultrapassar.
Neste sentido, há uma grande oferta de cursos de japonês disponíveis para cidadãos estrangeiros, desde as escolas privadas até grupos de voluntariado e autarquias que têm os seus próprios programas de aprendizagem e intercâmbio linguístico.
O dia de Portugal
O mais importante evento deste ano do 480.º aniversário da chegada dos primeiros portugueses ao Japão foi a organização da “1.ª Semana de Portugal no Japão”. Na realidade, tratou-se de um conjunto de várias ações económicas e culturais concentradas num único espaço – a emblemática galeria Hillside Forum, em Tóquio, desenhada por Maki Fumihiko, Prémio Pritzker de 1993.
Os eventos decorreram de 30 de maio a 4 de junho e incluíram a inauguração da exposição de Ana Aragão intitulada “My Plan for Japan”, com visita e apresentação a várias relevantes figuras e entidades da cena cultural de Tóquio para internacionalizar uma das mais criativas e promissoras artistas nacionais. Seguiram-se seminários de prova de vinhos portugueses, de enoturismo, a assinatura de um protocolo comercial, e um relevante fórum sobre oportunidades de investimento em Portugal na área das energias renováveis, que contou com a presença do Ministro das Infraestruturas, João Galamba.
Por querermos ver associadas estas comemorações ao Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas, antecipámos a Receção do Dia Nacional para 3 de junho, uma ocasião importante no calendário anual para renovarmos os contactos com a nossa comunidade e conjunto de parceiros e amigos. Os eventos terminaram a 4 de junho com a organização de um mercado de produtos portugueses.
Foi um sucesso em toda a linha, demonstrando o grande espaço para aprofundarmos a todos os níveis o nosso relacionamento com o Japão.
Tipo de emigração
As últimas vagas de emigrantes portugueses inserem-se no padrão verificado em outros países, incluindo europeus. Trata-se de uma emigração sobretudo de jovens, com elevada formação académica e profissional, e que pretendem desenvolver carreiras em empresas de cunho internacional. Acresce ainda que a larga maioria tem um forte interesse na história e cultura japonesas, um fator aliciante que os faz escolher o Japão em detrimento de outras paragens mais próximas de Portugal.