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Domingo - 9 Fevereiro 2025

Embaixador Luís Ferraz: “Os portugueses da diáspora são todos casos de sucesso, não é preciso ser milionário para atingir o patamar de excelência”

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Os portugueses na diáspora têm ao seu dispor uma rede consular espalhada pelos seus principais pontos de fixação.

Apesar dos problemas e vicissitudes vividas pela rede consular, no passado recente, as “coisas estão melhores hoje em dia”. O Embaixador Luís Ferraz fez-nos um retrato da realidade dos consulados nos países onde a comunidade portuguesa tem maior expressão.

O embaixador, Luís Ferraz começou por nos explicar o que é a Direção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

É uma estrutura orgânica do Ministério dos Negócios Estrangeiros, uma das suas três direções, e que tem como missão essencial, “a gestão do serviço consular e a implementação e gestão dos programas de apoio às comunidades portuguesas.”

Este é o duplo objetivo da Direção-Geral para com a nossa diáspora, não só no que concerne aos temas correntes, como também em situações de emergência, como ocorreu recentemente, com a evacuação dos portugueses em Marrocos, ou no caso da invasão da Ucrânia.

“Estou em funções desde 16 de dezembro de 2021, há cerca de um ano e meio, o meu propósito é melhorar a capacidade de resposta dos serviços consulares, dotando-os de meios adequados à prossecução desse objetivo, bem como a implementação de uma política para as comunidades de acordo com as orientações do Governo.

“Penso que temos tido algum sucesso apesar das dificuldades em presença”. Estas plasmadas nos exíguos quadros de pessoal disponível, nas restrições impostas pela intervenção internacional e a pandemia, que semearam entraves ao bom funcionamento dos serviços consulares, e motivaram algum justo descontentamento. Tudo isto são problemas que se tenta resolver e superar de forma a melhorar a resposta consular.

De qualquer forma e tendo em consideração estas restrições, os serviços estão a responder melhor e estão a tentar ir ao encontro da procura. Evidentemente ainda não totalmente isento de críticas, e de reclamações, é óbvio que sim, as medidas adotadas são como uma manta curta, que tapando de um lado, destapa do outro. “Tentamos de certa forma ser o mais equânimo possível, na distribuição das medidas de apoio, embora tendo também presente a distribuição dos núcleos da diáspora em presença.”

O consulado em Londres representa uma dessas situações, com ganhos de causa, tendo-nos deparado com uma situação complexa, sujeito a grandes críticas, com grandes dificuldades de funcionamento, “ penso que o serviço consular hoje, passado um ano e pouco da intervenção que foi feita”, está a responder melhor, deixou de ser alvo de críticas, revelando-se um daqueles casos em que, os efeitos de gestão que foi implementada e dos apoios que foram dados alcançou um estádio de superação.

Apoios solicitados, quais são os países que exigem mais apoio

Normalmente entre as maiores comunidades, no caso da Europa a França seguida da Suíça, o Reino Unido, e nos casos fora da Europa temos o Brasil e a Venezuela, seguido dos EUA e do Canadá. São países que têm uma comunidade portuguesa de grande dimensão, e que “exigem de nós uma resposta mais adequada e um maior esforço, é a fatia mais importante da rede consular”

Tendo em conta alguns testemunhos de alguns ex-emigrantes, alguns desabafaram que há portugueses no estrangeiro que conseguem atingir patamares elevados e quando regressam a Portugal não conseguem arranjar emprego. Na qualidade de embaixador qual é a opinião sobre o assunto, e porque é que isto acontece?

“Penso que tem a ver com as áreas de especialização e as necessidades do mercado de trabalho nacional. Também, se reparar, hoje a emigração portuguesa, é uma emigração qualificada, que em muitos casos, já pouco tem a ver com a emigração tradicional. A dos anos sessenta e setenta foi uma emigração não qualificada. Estávamos a exportar apenas braços de trabalho. Hoje em dia estão a sair técnicos, engenheiros, enfermeiros, etc. é já uma mão de obra especializada, com outro tipo de formação explorando determinados nichos de mercado que provavelmente não encontra recetividade em Portugal. Também a mobilidade intraeuropeia, tem contribuído para esse desiderato, ultrapassando os critérios remuneratórios e as entropias do mercado de trabalho nacional..

Uma palavra aos emigrantes

“É uma palavra de respeito e solidariedade, a que quero transmitir, tenho a maior admiração pela diáspora portuguesa, gente que se soube superar. Fui Cônsul-Geral em Paris, que é uma cidade de grande emigração portuguesa, como venho de uma região, o Minho, que deu muitos dos seus filhos à emigração, aí aprendi a valorizar esses portugueses e a respeitá-los, pelas suas capacidades de superação e de realização. Por isso insisto, que cada português na diáspora, é um caso de sucesso.”

Mas para ser um caso de sucesso não é necessário “tornar-se milionário, criar uma empresa extraordinária.” Um caso de sucesso é “encontrar um emprego compatível, poder realizar as suas ambições, poder educar os seus filhos, dar-lhes um futuro, que não puderam ter no seu próprio País.” “Posso dizer que a comunidade portuguesa pelas suas capacidades de adaptação e realização, genericamente têm sucesso, sabendo integrar-se bem nos países de acolhimento,” (muitas vezes apesar das vicissitudes da vida). Devemos “ter orgulho nesses portugueses, porque eles contribuíram decisivamente para elevar o nome de Portugal. E é um caso de orgulho nacional. Estas comunidades são invariavelmente comunidades respeitadas, integradas, e plenamente realizadas.

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