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Quarta-feira - 13 Novembro 2024

Embaixadora de Nova Iorque: “É um privilégio trabalhar com esta comunidade”

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Nova Iorque, grande metrópole e capital financeira dos Estados Unidos também tem representante Consular para os cerca de 100 mil portugueses que emigraram. Luísa Pais Lowe, Embaixadora de Portugal no Consulado-Geral em Nova Iorque, contou ao Jornal Comunidades que é um enorme prazer trabalhar para uma comunidade tão esforçada e trabalhadora.

O Consulado-Geral de Nova Iorque tem o estatuto equiparado a uma chefia de Missão, sendo este o mais importante de todos. É o Consulado que também conta com a presença da AICEP, ou seja, a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal. “Temos uma versão de trabalho económica e empresarial, e temos connosco o Turismo de Portugal, para promover o país junto dos americanos, e a delegação do Instituto Camões, para a promoção da cultura e língua portuguesa. Ou seja, “somos um Consulado, até pela natureza estratégica que a cidade de Nova Iorque tem, que é a capital financeira”, com um nível um pouco mais elevado em relação aos outros.

Têm uma ampla rede de Consulados pelo país. Na região da Nova Inglaterra, encontram-se diversos. Assim como na Califórnia, New Jersey e Newark.

Em Manhattan trata-se os assuntos dos Estados de Nova Iorque, como Connecticut, Michigan, e também o território de Porto Rico. A dispersão é tão grande que “chegamos até o Canadá”. Há cerca de 60 mil inscrições consulares ativas em Nova Iorque e 22 000 em Connecticut.

Mas também há os não inscritos. “Muitos usam os nossos serviços. Serão uns 100 mil aproximadamente.”
Esse é o motivo pelo qual o Consulado é dirigido por um embaixador, que “é o meu caso”. Nós temos três embaixadores nos Estados Unidos, um em Washington, que é o Embaixador bilateral, uma representante permanente junto das Nações Unidas, e o Cônsul-Geral em Nova Iorque que também tem equiparação a Embaixador, como é no caso de Viena e Bruxelas, que há três Missões diplomáticas chefiadas por um embaixador.

Os portugueses procuram muito o Consulado?

“Sim, cobrimos uma grande área, temos muitas solicitações, porque há muitos atos consulares que não podem ser tratadas noutras instâncias, e que não têm onde recorrer.” Existem três dimensões de atendimento, o presencial, que são as pessoas que vão todos os dias ao Consulado para tratar de todos os assuntos. O atendimento personalizado, e junto das Associações e Clubes portugueses de toda a área consular. Ou seja, “vamos aos clubes, passamos lá os dias, a fazer passaportes, cartões do cidadão, a falar com as pessoas, a dar-lhes informação.” Também há outra modalidade, através do correio ou pela via digital.

O papel do Embaixador

O Cônsul-Geral que chefia o consulado é o elo de ligação principal entre os serviços do Consulado e as pessoas que ele serve. “Somos um pouco a ponte de ligação que entre as pessoas e os serviços.” A embaixadora considera muito importante esta vertente de proximidade às pessoas, “vou a todos os eventos da comunidade, tenho muitas reuniões com os representantes das Associações, porque penso que é fundamental haver canais abertos de comunicação e de acesso. Não sou uma pessoa que fica fechada a assinar papéis, não faz parte de mim, sou comunicativa e sinto-me bem em comunidade.”

Claro que há todo um trabalho que tem que ser feito no escritório. E outro que é feito no terreno, junto das comunidades, ouvir os seus anseios e preocupações. Só estando em contacto com as pessoas é que “nos apercebemos das suas necessidades, preocupações, e problemas (…). A minha abordagem de trabalho é com as pessoas.”

O Dia de Portugal

O Dia de Portugal não se celebra exclusivamente em Newark. O Dia de Portugal celebra-se em todos os Estados Unidos. Há uma concentração muito forte na Nova Inglaterra, onde as festas do Dia de Portugal são fantásticas. Há uma concentração enorme na Califórnia, onde as festas são muito boas. E em Nova Iorque também. O Dia de Portugal comemora-se em Long Island, nas várias comunidades a norte de Nova Iorque.
Em Manhattan, também se celebra o Dia de Portugal a 10 de junho. Organizaram uma receção para trezentos convidados de todas as nacionalidade e da comunidade, com gastronomia portuguesa, um concerto com um pianista português radicado em Nova Iorque.

As Associações portuguesas que estão representadas em Nova Iorque fizeram a celebração do 10 de junho à parte, e são as seguintes: a Palcos, o Portuguese Circle, a PAPS, que organizaram um evento na cidade, onde o convívio, interação e música tiveram presença.

Alugou-se um espaço em Manhattan, porque o Consulado não tem capacidade suficiente para ter tantas pessoas, foi numa Galeria de Arte, que tinha um espaço grande e um piano de cauda, que foi “ótimo para se realizar o concerto”.

O evento das Associações, na qual o Consulado não teve qualquer intervenção, foram para um restaurante de um Chefe português em Manhattan, em parceria com esse Chefe português.

Também houve um desfile em Mineola, Long Island, muito bom. E há cerimónias do içar da bandeira de Portugal em várias cidades de Nova Iorque.

A emigração de Portugueses nos Estados Unidos continua…

A emigração para os Estados Unidos foi sempre apelativa para os portugueses. Nas décadas de 50, 60, e 70 houve uma enorme “fuga” para esta cidade Americana. Nem tudo foi pacífico e calmo, os primeiros emigrantes tiveram que passar por muitas provações e algumas deportações por não terem o visto de residência e permanência.

Segundo Luísa Pais Lowe, atualmente não tem havido muita ocorrência de portugueses que tenham sido deportados quando ultrapassam os 90 dias de estadia, que são permitidos pelas autoridades americanas. Ou são deportados porque cometeram algum crime, e a deportação é a pena. Felizmente não acontece no Estado de Nova Iorque, não temos casos reportados de qualquer tipo de deportação.

Gosta de deixar um apelo a todos os que vêm em turismo, para que não excedam os 90 dias de estadia, senão incorrem numa situação de ilegalidade.

Como Diplomata, como mata as saudades de Portugal?

É diplomata há 35 anos, “já ando nisto há muitos anos, já passei por vários países e funções diferentes. As saudades vão-se matando, vai-se a Portugal, e neste caso, quando se é Cônsul-Geral e se está com a comunidade portuguesa é uma grande ajuda. Às vezes é como estarmos em casa, em família, em comunidade. Não sofro muito desse mal.”

Mensagem a dar aos emigrantes nos Estados Unidos

“Não tenho que dar conselhos, porque eles sabem muito bem o que fazer. Quero deixar uma nota de homenagem a todos os portugueses e luso-americanos nos Estados Unidos, porque eles são uma comunidade verdadeiramente incrível, empreendedora, corajosa, trabalhadora, apreciada e respeitada por todos.”

Reúnem o que Portugal e os Estados Unidos têm de melhor, “têm o melhor dos dois mundos”. Apenas tem uma nota de profundo respeito e homenagem a transmitir-lhes. “O Consulado está sempre aberto para tudo o que precisarem”.

“Queria dizer que é um trabalho muito gratificante trabalhar com esta comunidade de Nova Iorque, porque é uma comunidade incrível, a de Connecticut também, tenho uma honra enorme em trabalhar com eles. E esta mensagem tem de ser passada porque é um privilégio trabalhar com esta comunidade.”

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