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Terça-feira - 15 Outubro 2024

EXCLUSIVO: Entrevista ao Comendador Pedro Pereira da Silva, Conselheiro ao serviço do próximo

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Tenho consciência, e mencionado frequentemente, que o maior desafio para podermos tornar as imensas oportunidades existentes em ativos tangíveis e de criação de valor real, é seguramente trabalharmos melhor em conjunto, com mais alinhamento e maior agilidade, entre os vários intervenientes da nossa Diáspora nos diversos Países e nas várias Regiões – Diáspora essa que tem atualmente uma presença bastante extensa nos diversos Continentes. Acredito sinceramente que ainda temos imenso potencial nessa jornada de poder “trazer o melhor de lá para cá e de levar o melhor de cá para lá”.

Pedro Pereira da Silva nasceu e cresceu em Alcobaça, e licenciou-se em Economia na Universidade Nova de Lisboa, em 1989, apenas com 21 anos.

Depois de uma curta experiência de quatro meses na Consultora Arthur Andersen, em janeiro de 1990 entrou como Management Trainee no grupo Jerónimo Martins e, após o serviço militar obrigatório, iniciou funções de gestor de categorias de produtos nos Supermercados Pingo Doce.

Desde então, teve sempre um percurso profissional aliciante e intenso, repleto de experiências diferentes, grandes desafios, mas também como mencionou “bastante gratificante, pelo que fui apreendendo e vivendo nos diversos países e geografias por onde passei com a minha família, pelas várias e díspares culturas e onde fomos sempre bem recebidos, e pelas inúmeras amizades que fomos criando pelo mundo, ao longo deste trajeto de quase quatro décadas desde que saí de Alcobaça aos meus 17 anos.”

Começo por lhe pedir que nos fale do seu percurso profissional.

Todas as etapas e desafios na minha carreira profissional foram sempre vividos com total envolvimento e dedicação, sempre com grande gosto e paixão pelo que fazia e cada evolução teve sempre bastante importância no trajeto realizado, em qualquer dos países em que exerceu funções de liderança – Portugal Continental e Madeira, Polónia, Colômbia, Rússia, e na África do Sul, entre outros.

“Dediquei 25 anos da minha vida profissional ao grupo Jerónimo Martins: cinco anos na Direção Comercial do Pingo Doce; um ano como Diretor do Hipermercado Feira Nova em Lisboa; dois anos como Diretor Geral da Jerónimo Martins na Madeira; 10 anos como Diretor Geral (C.E.O.) da Jerónimo Martins na Polónia (cadeia de lojas sob a insígnia Biedronka) e, posteriormente, estive cinco anos como membro da Comissão Executiva do Grupo Jerónimo Martins, desempenhado a função de Diretor das Operações (C.O.O) em Portugal e Polónia, enquanto paralelamente liderava o lançamento das operações na Colômbia.”

“Um quarto de século muito intenso profissionalmente, mas também bastante gratificante, um Grupo com excelentes profissionais, uma excelente “Escola de Gestão”, uma organização líder em práticas de referência, uma grande empresa à qual devo grande parte do que fui alcançando na minha vida profissional”, – diz-nos Pedro Pereira da Silva.

A experiência da Polónia foi seguramente a mais marcante, onde assumi no ano 2000 a liderança da empresa Biedronka com cerca 10 000 funcionários, 575 lojas e um volume de vendas de 500 milhões de euros. Em 2015, quando saí do grupo, a empresa na Polónia tinha cerca de 65 000

funcionários, 2 800 lojas e um volume de vendas de cerca 9.000 milhões de Euros, sendo a maior empresa privada na Polónia e que representava cerca de 65% das vendas totais do Grupo.

Com um conjunto de cerca de 20 empresas portuguesas com atividades na Polónia fundámos em 2008 a Câmara de Comércio Polónia-Portugal, com a ajuda preciosa da Sra. Embaixadora de Portugal na Polonia – Margarida Figueiredo e do Sr. Dr. Rui Almas , Diretor do AIECEP , que liderei enquanto Presidente até 2015, ano em que deixei de exercer funções profissionais na Polónia.”

Em 2016 e parte de 2017 assumiu a função de Presidente e CEO do terceiro maior retalhista na Rússia – DIXY, com cerca de 80 000 funcionários e com mais de 3 000 lojas localizadas em toda a zona Oeste da Rússia até aos Urais.

Em 2018 foi Diretor Geral do Pick n Pay, África do Sul, na Cidade do Cabo, onde residiu com a família até junho de 2020. Na altura, o Pick n Pay era o segundo maior retalhista em África, com mais de 1 600 lojas operando vários formatos de retalho, com operações em 8 países e empregando mais de 100 000 funcionários.

A meio da crise pandémica do Covid, o Pedro e a família decidiram voltar para a Europa, assumindo a função de Presidente da Holding de Retalho – CEPD – do grupo Pelion – o quarto maior grupo na Europa na distribuição de produtos de saúde, com sede em Amesterdão, com operações em quatro países e cerca de 2 500 lojas (cadeias de farmácias, uma rede de lojas de produtos de beleza e também operações on line).

“Decidimos voltar para Portugal em junho de 2022, mas continuei sempre a desempenhar funções a nível global”, revela Pedro. Atualmente dedica uma boa parte do tempo a projetos em várias áreas por si iniciados em Portugal, sendo também sócio e Administrador Executivo da Plataforma Digital BridgeWhat.

Pela experiência acumulada, mas também muito pelo DNA da carreira, continua ligado à Indústria da Distribuição e Retalho como Consultor em várias geografias, nomeadamente na América do Sul, África e Europa, sendo também Administrador não Executivo do Conselho de Administração do Grupo SPAR, na África do Sul, com mais de 5 000 lojas, e que opera em 6 países de África e adicionalmente na Irlanda, East UK, Suíça, Polónia e Sri Lanka.

O Pedro recebeu vários reconhecimentos e prémios, nomeadamente três Comendas de três Presidentes em países diferentes. Quer falar-nos sobre isso?

“Como compartilhei, tenho tentado sempre na minha vida profissional e pessoal, em tudo em que me envolvo e assumo responsabilidades, ter uma entrega e um compromisso total, sempre com determinação e paixão, tentando acrescentar dimensão, obter resultados distintos e, paralelamente, fazer crescer os que me rodearam e acompanharam nos diversos desafios. Julgo que alguns dos resultados e atingimentos não passaram despercebidos e foram alvo de reconhecimento que muito me honram, como foi o caso da Comenda de Mérito pelo Presidente da República de Portugal Aníbal Cavaco Silva, em 2008, da medalha da Ordem de São Carlos no Grau de Comendador pelo Presidente da República da Colômbia, Juan Manuel Santos, em 2013, e a condecoração com a Cruz de Cavaleiro da Ordem de Mérito da República da Polónia pelo próprio Presidente da República, Bronislaw Komorowski, em 2015”, revela-nos.

Em 2014, primeiro ano da atribuição do prémio “Melhor Câmara do Comércio Bilateral Portuguesa do Mundo”, a Câmara do Comércio Portugal Polónia (PPCC) foi quem recebeu o galardão – “Um prémio que muito me orgulha, pois simboliza o reconhecimento pelo MNE e da AICEP do trabalho e alinhamento existentes entre os associados da PPCC”, revela-nos.

Como tem sido a vida familiar no meio de tantas mudanças e desafios?

Tudo se tem conjugado, sempre de forma intensa porque teve e tem a sorte de ter uma mulher “excecional ao meu lado”, a sua esposa Susana que esteve sempre presente nos piores e melhores momentos, nos mais pequenos e nos maiores desafios, sempre o acompanhou e para além disso “somos afortunados por termos tido 4 filhos magníficos, que também fizeram e fazem parte desta viagem de vida. Fomentamos, gostamos e preservamos a família.”

E o Conselho da Diáspora de Portugal? Como e quando surgiu na sua vida?

Pedro Pereira da Silva entrou como Conselheiro para o Conselho da Diáspora de Portugal (CDP) em 2015, a convite do Dr. Filipe Botton, na altura Presidente da Direção do CDP. Em setembro de 2022, o Engenheiro António Calçada de Sá, atual Presidente do CDP convidou-o para integrar a Direção do CDP e desde então, “tenho também estado bastante empenhado em suportar a missão do CDP de forma a termos mais e ainda melhor Diáspora Portuguesa a nível global.”

“Temos conseguido aumentar substancialmente, de forma dinâmica e sustentada, o número de Conselheiros, que passaram de 84 em setembro de 2022, para mais de 250 em maio de 2024, estando representados nas mais diversas partes do mundo. Todos os Conselheiros têm como denominador comum o facto de terem bastante relevo e relevância onde estão e naquilo que fazem, na sua maioria desempenhando funções de C-Level, sendo todos bastante importantes, ocupados e sem tempo disponível.”

E relativamente ao Conselho da Diáspora, quais as expetativas?

Pedro assume que as expetativas são enormes, “mas acredito muito que são possíveis de atingir”, admite.

Reconhecendo as diferentes realidades, diversidade de assuntos, diferentes interesses e agendas nas várias geografias do Mundo, sabendo paralelamente do valor e capacidade indisputável dos nossos Conselheiros, o poder da descentralização e do inestimável potencial usando o internal benchmarking, “iniciámos o projeto dos Núcleos Regionais com a criação dos núcleos da Europa de Leste, África e Ásia no início de 2023”, conta-nos Pedro. No Summer Meeting do CDP de 2023, anunciaram a criação de mais seis núcleos regionais; USA Oeste, USA Leste & Canadá, América do Sul, Brasil, Espanha e Europa Ocidental.

Com a rápida evolução, com a dinâmica conseguida e com as aprendizagens das diversas interações entre os vários Conselheiros ativos nos diversos núcleos “anunciámos na reunião anual de dezembro de 2023 da necessidade da abertura de mais três núcleos; Reino Unido, Médio Oriente e Portugal- núcleo da “Diáspora de regresso”, de forma a permitir tirar ainda mais benefícios dessa maior focagem e proximidade”, continua. O Paulo Morgado tem a responsabilidade da coordenação dos núcleos da Europa, Médio Oriente, Ásia e Oceania “e eu fiquei com a responsabilidade dos núcleos de Africa, Américas e mais recentemente o de Portugal.”

Para Pedro Pereira da Silva, tem sido uma jornada bastante gratificante, dado que na sua opinião, nunca se fez “tanta Diáspora como nos últimos meses, com a dinâmica dos encontros mensais ou regulares entre Conselheiros nos diversos núcleos, envolvendo os nossos Embaixadores, as nossas Embaixadas, a AICEP nas diversas geografias, as Câmaras de Comércio bilaterais de Portugal, entre outras entidades, e acredito sinceramente que ainda temos imenso potencial nessa jornada de poder trazer o melhor de lá para cá e de levar o melhor de cá para lá”, comenta Pedro.

Existem vários objetivos do CDP que têm sido acelerados com a dinamização dos núcleos regionais, nomeadamente o aumento e consolidação da nossa Diáspora através do aumento da sua visibilidade e relevância no contexto económico e social e alargando a cobertura geográfica global.

Tem sido fundamental fomentar e fortalecer o networking direto entre conselheiros e indireto entre as várias instituições, com um particular enfoque no crescimento e desenvolvimento de relações com os representantes do Conselho das Comunidades de Portugal, permitindo desenvolver os projetos em curso e outros em elaboração, que no seu todo suportem a missão de termos um Portugal melhor, de “cá para lá “ e de “lá para cá “ nas suas várias vertentes e dimensões.

“Existem imensas oportunidades, assim que consigamos continuar a fazer mais e melhor em conjunto. Levar um melhor Portugal ao mundo através de ações concretas em áreas como por exemplo na Educação, na Ciência, na Arte e Cultura, na Cidadania em geral, entre outros, e paralelamente aprender e compartilhar benchmarking internacional de casos de sucesso para potenciais aplicações em Portugal, é uma missão possível e bastante exequível”, declara.

“Tenho consciência, e mencionado frequentemente, que o maior desafio para podermos tornar as imensas oportunidades existentes em ativos tangíveis e de criação de valor real, é seguramente trabalharmos melhor em conjunto, com mais alinhamento e maior agilidade, entre os vários intervenientes da nossa Diáspora nos diversos Países e nas várias Regiões – Diáspora essa que tem atualmente uma presença bastante extensa nos diversos Continentes. Acredito sinceramente que ainda temos imenso potencial nessa jornada de poder “trazer o melhor de lá para cá e de levar o melhor de cá para lá”, continua Pedro.

“Gostaria também de realçar da importância, ao abrigo do desenvolvimento dinâmico dos núcleos regionais, do lançamento em curso dos Centros de Competência e Desenvolvimento.”

Para terminarmos, quer levantar um pouco do véu dessa iniciativa?

Posso dizer-lhe que estes Centros de Competência visam, entre outros objetivos, alavancar as competências dos Conselheiros de Portugal no Mundo por área de especialização e/ou setor de atividade, facilitar a realização de iniciativas temáticas e/ou especializadas de forma a poder facilmente envolver os CPM com o expertise mais adequado, identificar os conselheiros que poderão representar o Conselho da Diáspora em eventos externos relevantes promovidos pelas diversas entidades nas varias regiões do Globo, melhorar o networking entre conselheiros da mesma área de especialização, o que poderá potenciar parcerias estratégicas e oportunidades de negócio e também como consequência e resultado esperado, ajudar a cumprir com maior eficácia e eficiência os objetivos dos Núcleos Regionais e do Conselho da Diáspora de Portugal.

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