No dia 7 de dezembro celebrou-se mais uma Gala da CCIFP na Quinta dos Lagos em Leiria. A festa teve o seu início com um Cocktail pelas 19:30 no jardim, onde foram servidas várias bebidas acompanhadas com as mais diversificadas entradas que se espalhavam ao longo do recinto. A cerimónia teve como convidados de destaque o Secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado, o Presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes, o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, não pode estar presente mas deixou uma mensagem escrita que foi lida por um dos organizadores do evento para que todos os presentes a pudessem ouvir, deixando votos de “muitas felicitações e sucessos”.
A Gala, teve início à hora e foi marcada por vários momentos durante o evento. Foram distribuídos vários prémios às empresas e aos seus representantes, durante o jantar, e no final, a cereja no topo do bolo. Raquel Tavares, a fadista, cantou e encantou toda a plateia, saíu da sua zona de “conforto” e andou pela sala a cantar junto da audiência. Uma voz de cortar a respiração a cada som mais audível que emitia, sempre sem sair da linha. Foi um dos momentos mais altos da Gala.
O Jornal Comunidades Lusófonas aproveitou a ocasião onde todas as figuras ilustres se encontravam no mesmo espaço para sabermos mais um pouco sobre a atividade de cada um deles, não foi possível entrevistar toda agente, mas começámos pela anfitriã, a CCIFP.
Nasceu em 2006, e para o ano a festa terá lugar em Paris, como combinado durante a cerimónia. Estariam presentes mais de 200 convidados, foi uma gala muito descontraída, e muito divertida, e tudo muito bem organizado.
Foi um momento muito agradável e a avaliar pelos convidados, todos estavam muito bem dispostos.
Falou-se de tudo um pouco, onde os negócios, iam entrando de fininho durante as conversas, está no ADN, na maioria dos presentes.
Entrevistámos o Presidente da CCIFP (Câmara de Comércio e Indústria Franco Portuguesa), Carlos Vinhas Pereira, que está em funções desde 2006.
Tem à sua responsabilidade todas as iniciativas da CCIFP, que tem como missões de acompanhar as empresas francesas, ou melhor as Franco-Portuguesas a investir em Portugal. E também acompanhar as empresas Portuguesas que querem ir para o mercado francês a, terceira missão, é pôr “ esta gente toda”, a trabalhar em conjunto, ou seja, “organizar uma verdadeira diáspora portuguesa empresarial.”
Falou de onde vinham as verbas da Câmara e que foi a primeira a ter um estatuto de utilidade pública, “os nossos orçamentos, as nossas receitas provêm dos eventos que organizamos. E através das quotas dos membros.” Como qualquer associação, tentam equilibrar as receitas e as despesas. Há algumas câmaras que têm algumas dificuldades, “porque não têm associados suficientes”, menciona o Presidente.
Qualquer empresa para singrar no mercado precisa de ativos. Algumas câmaras não têm o potencial. A França é um país onde há muito empresarios. Há cinquenta mil empresários, no geral. Os outros países “não têm o potencial que a França tem”, explica o Presidente.
Também é preciso alguma imaginação, de vez em quando, criar eventos que são muito importantes para as câmaras.
Quando se fala nas saudades, diz que não sente muitas, pois vai com alguma frequência a Portugal por motivos profissionais, “mato as saudades nos restaurantes portugueses em França e vou com muita frequência a Portugal”.
Aos portugueses que estão lá fora e aos que pretendem emigrar deixa uma mensagem: “Voltar o mais rapidamente possível para Portugal, porque é onde se vive bem.” Mas, há sempre um mas…” Há pessoas a passar dificuldades em Portugal, há quem tenha uma boa vida, mas não reflete a maioria, há uma grande franja da população que vive no limiar das suas necessidades, mas também há quem tenha uma boa vida em Portugal. “É um país seguro”, mas, por outro lado, também se paga muitos impostos diretos sobre os salários, mais do que em França. “É preciso ter muita imaginação para poder atrair os emigrantes a regressarem às suas origens, bem como os portugueses que vivem no país para que não saiam, talvez passe na redução fiscal.” Os emigrantes a nível mundial rondam entre os cinco a oito milhões. São muitos, quase tantos quanto aqueles que vivem no país.
“Eu posso compreender um jovem que está formado, por exemplo, um jovem dentista, que queira emigrar, vai ganhar muito mais em França do que em Portugal, mas eu acho que o dinheiro não é tudo, e o fato de estar no seu país”, já é muito importante.
“O Governo se calhar vai ter que arranjar um esquema fiscal atrativo”, porque o problema todo é quando se compara a fiscalidade em Portugal ou em França, há uma grande diferença. O imposto sobre os rendimentos existente é de uma enorme diferença, é muito mais pesada em Portugal do que em França. E França é o país ao nível europeu que mais impostos se paga! Eu penso que Portugal vai ter que fazer muito mais para atrair os jovens a não emigrar e atrair os que estão lá fora, e tudo se passa pela fiscalidade.” Remata o Presidente da Câmara Carlos Vinhais Pereira.
Rondando um pouco mais pelo recinto também quisemos sentir o pulso aos emigrantes de uma maneira geral, e encontramos um casal muito simpático e encantador, o Senhor Armando Lopes e a sua esposa, Odete Lopes, que muito simpaticamente nos concedeu umas palavras. O senhor Armando Lopes emigrou para França em 1961, há 63 anos, “são muitos anos e muito trabalho” confessa. Mas conseguiu construir um “pequeno império”.
Atualmente tem uma estação de rádio em França, mas também se didica à construção civil, e é empresário no ramo do imobiliário, e outras atividades relacionadas.
Pessoas de fácil trato, muito educadas e de bem com a vida. Têm dois filhos, cinco netos, e oito bisnetos, uma vida familiar cheia e plena, “a família é importante, até para os negócios” sustenta o senhor Armando Lopes.
Investiu na Rádio Alfa, também tem uma empresa de transportes, e outras de areias, seixos e pedreiras, e várias empresas na construção.
O primeiro investimento em Portugal foi feito em 1981, em Ourém, onde nasceu. Mais tarde em 1988, começaram a construção de um edifício, e foi inaugurado em 1990.
Neste momento estão a terminar um edifício em frente ao El Corte Inglés, em Lisboa. “E temos um prédio em frente à Fundação Goulbenkian também na capital portuguesa,” diz com orgulho.
Têm investido muito em Leiria “uma cidade extraordinária”, a “evolução tem sido bastante boa”. Tem havido uma grande taxa de emigrantes que estão na reforma e que estão a regressar a Portugal, deixam os filhos ou os netos e aproveitam as férias no Verão ou no Natal para regressar a França passar uma semana ou duas.
Estas coisas nós sabemo-las através da Rádio Alfa, as pessoas querem regressar para o país do sol e onde nasceram, “é a nossa pátria”!
Há 61 anos “nós só tínhamos a possibilidade de vir a Portugal uma vez por ano”. Foi assim durante uns dez, quinze anos, já tínhamos um negócio, depois vínhamos com muita frequência, e agora, de dois em dois meses, por causa da empresa Simoliz, em Leiria e em Lisboa”, e termina dizendo que deseja a todos um Feliz Natal, muita saúde e um Bom Ano a todos!