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Sábado - 8 Fevereiro 2025

EXCLUSIVO: A Academia Internacional da Cultura Portuguesa… Padre Vítor Melícias vê na migração agentes de cultura e não só!

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Padre Vítor Melícias foi Académico correspondente na Academia Internacional da Cultura Portuguesa há mais de uma década, na Academia Internacional da Cultura Portuguesa, e participa normalmente, nas várias sessões. Foi eleito Académico de Número. Tomou posse da cadeira no dia 12 de dezembro de 2024. Nessa altura fez a sua comunicação institucional de posse sobre algumas ideias básicas: o Dia da Consciência, o Humanismo Universalista Lusófono, Aristides de Sousa Mendes e Sousa Dantas.

Entrou na Academia, na altura, a convite do Professor Adriano Moreira, e considera que é uma “bela Instituição” e um bom serviço à causa da cultura portuguesa. Passou de correspondente a Académico de Número. Participa internamente em todas as atividades e Assembleias gerais. As comunicações são preparadas por cada académico e depois agendadas de acordo com as conveniências da própria Academia. Brevemente haverá uma Assembleia e depois a celebração dos 60 anos da fundação da mesma, onde marcará presença nas duas realizações.

A Academia Internacional da Cultura Portuguesa, e a participação do Padre Vitor Melícias

Estudou em Roma há 60 anos, e quando veio para Portugal, e ao fim de um ano, o Professor Adriano Moreira convidou-o para fazer uma comunicação na Academia, sobre as relações entre Portugal e o Brasil.

Fez a comunicação, que está publicada, e passado um tempo, o Professor Adriano Moreira, convidou-o para ser um dos académicos. Foi eleito na altura como Académico Correspondente. Foi aceite, fazendo uma comunicação inicial. Entretanto o Professor Adriano Moreira, que era um dos Presidentes, faleceu.

Atualmente a Presidente é a Professora Maria Regina Mongiardim. O Padre Vítor Melícias está na Academia da Cultura há 20 anos, e tem participado regularmente na vida da Academia. E é também académico honorário da Academia Portuguesa da História.

A que tipo de iniciativas se dedica a Academia Internacional da Cultura portuguesa

A própria Academia tem como missão de divulgação, defesa e promoção dos valores culturais da lusofonia, ou seja, daqueles países onde há presença da língua e cultura portuguesa. Porque os portugueses, tiveram ao longo da história, um encontro de vários povos e culturas, que por cá passaram, os Fenícios, os Romanos, os Hebreus, enfim um “sem fim” de vários povos. Somos portadores desta cultura absorvente de várias outras culturas e através dos tempos, nas naus e nas caravelas, fomos levando “no chamado grande encontro de povos e de culturas”, ou seja: os Descobrimentos.

“Levamos ao mundo a forma de vermos o próprio mundo que se chama cultura, a maneira e os valores pelos quais nos dirigimos nos conduzimos, revemos as nossas vidas e nos relacionamos com os outros povos.” Salienta Padre Vítor Melícias.

A cultura portuguesa é considerada sobretudo, uma cultura de humanismo, aquilo a que Jaime Cortesão chamou “Humanismo Universalista”, num dos livros publicou, e cujo título é “Humanismo Universalista dos Portugueses.”

Hoje, com a relação que há entre vários países e designadamente agregados numa CPLP, Comunidade de Países de Língua Portuguesa, e que chamamos mais comumente, “Humanismo Universalista Lusófono”, foi esse o título, que o Padre Vítor Melícias deu à sua comunicação no dia da posse como Académica de Número.

O papel da Igreja Católica na difusão da cultura portuguesa

A igreja em Portugal tem a sua presença desde o nascimento, a Fundação do país. A nossa cultura, que é católica, com uma base cristã. Através dos tempos e nos nossos dias continuamos a ser, e também na grande diáspora em que os portugueses estão.

Já não se trata apenas dos descobrimentos, “que foram o encontro de povos e culturas e até de crenças que se prolongou no tempo. Padre Vítor Melícias considera até que “hoje Portugal, valoriza esta partilha de culturas e crenças, junto da sua diáspora onde tem assistentes ou, Capelães das comunidades portuguesas, em França, na Alemanha, nos Estados Unidos e nos vários países, a Igreja está presente através desta participação de missionários ou de Capelães.”

Esses mesmos religiosos junto dos emigrantes são normalmente ajudados também por emigrantes portugueses que estão na diáspora e pelas próprias comunidades. É uma presença da Igreja Católica forte no mundo da emigração e no mundo da diáspora.

A Igreja Católica na Diáspora Portuguesa

Padre Melícias conhece bem a diáspora portuguesa, já celebrou missa em vários sítios, em Paris, no Luxemburgo, nos Estados Unidos, em Newark, onde fez conferências. Em Nova Iorque, e nas várias comunidades, também esteve ligado a Timor, onde também há uma grande comunidade lusófona, não só portuguesa, mas lusófona. “Toda a minha vida de atividade junto da sociedade civil e religiosa, se iniciou através da emigração.”

Depois do 25 de Abril foi Presidente, 4,5 anos da Caixa Central de Segurança Social, dos trabalhadores migrantes. Nessa qualidade, presidiu a 14 delegações de Portugal na negociação de acordos e convenções de Segurança Social Internacional, de 12 ou 13 países. Também foi fundador do “Jornal Emigrante”, e que ultimamente se apelida de “Emigrante Voz de Portugal”, com sede em Lisboa. Foi um dos veículos de manutenção e de comunicação dos valores culturais que marcam “a nossa história e a nossa própria identidade.”

Os PALOP, visão Política, Económica e Social – Guiné -Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Angola e Cabo Verde

São países que tiveram uma trajetória difícil, sobretudo depois da Independência, designadamente Angola, Moçambique e Guiné-Bissau também. São Tomé e Cabo Verde, não tiveram tantos problemas, mas hoje aos poucos vão superando as dificuldades. Neste momento, Moçambique está a viver uma enorme tensão social e grandes problemas.

“Esperamos que o diálogo que todo mundo deseja, leve o Presidente Chapo agora recente eleito, no seu diálogo com Mondlane e com as forças de oposição, e dê frutos”. Têm a sua Constituição, o trabalho normal e diário dos parlamentos, das instituições democráticas que funcionam, “são países com imensa potencialidade, mesmo na economia, nos recursos, mas que precisam ainda de mais uns anos para poderem estar ao nível que efetivamente merecem”.

“Vejo o desenvolvimento desses países com muita esperança e desejo de que não haja conflitos sociais, que impeçam e que sorvem esse caminhada. Hoje, infelizmente, sobretudo em Moçambique, e na Guiné-Bissau, os conflitos são uma realidade. “Também a CPLP enquanto comunidade de valores e cultura” pode ajudar e tem ajudado, mas neste momento tem que reforçar o seu apoio e colaboração para que estes povos mantenham entre todos uma grande união que, entre todos, tenham respeito pelos valores essenciais da cultura lusófona, isto é, dos direitos humanos, do humanismo e dos valores de respeito pela dignidade humana.

As novas ondas migratórias

As migrações são um tema recorrente, estas dinâmicas são uma realidade à escala global. Segundo o Padre Vítor Melícias, tem em relação ao mundo uma visão e “grande sentido de abertura”. “Aliás, como disse, há várias décadas que tenho contato muito direto com o mundo das migrações, e um ponto de vista muito universalista, do futuro, e da humanidade.”

Segundo a sua opinião vê a globalização não apenas comercial, financeira e política, que se está a realizar neste momento. “Mas terá que ser cada vez mais uma globalização que respeite a legítima migração e deslocação de pessoas. Pois todo ser humano tem direito a emigrar, ir à procurar em qualquer parte do Globo, porque nós somos cidadãos do mundo, as condições para realizar as suas vidas e, portanto, haverá cada vez mais migração entre povos.”

Essa migração é muito difícil, neste momento, “de controlar”. Porque os países “não conseguiram encontrar ainda uma política e uma estratégia de cooperação comum para evitar estas deslocações em massas”, que se estão a verificar em várias partes do mundo, nomeadamente de África e da Ásia para a Europa e Estados Unidos.

“A regulação destas migrações vai ser um enorme problema, mesmo dentro da Europa.” Como sabemos, há felizmente, o Acordo de Schengen com a eliminação das fronteiras permite a deslocação livre de pessoas, trabalho e serviços, mas não consegue responder a todas as situações. “As grandes massas de migração em Portugal ainda não ocorreu, felizmente, mas precisamos muito de organizar e de controlar, no sentido positivo da palavra, a imigração de que tanto precisamos, porque hoje Portugal precisa de muita mão-de-obra e o mais qualificada possível, porque aqueles imigrantes que têm vindo, 400 mil não estão ainda legalizados”, o que cria enormes problemas de integração e habitação. Mas “Portugal é uma casa comum aberta a todos”.

A Igreja Católica e o seu desempenho atual

Há sempre muitas coisas que poderiam ser feitas, e a “Igreja pode fazer sempre mais”, mas Portugal, tem uma das coisas que é marcada na sua história, e pelo trajeto de evolução da presença da Igreja junto das populações. A história missionária dos portugueses que daqui partiram nas naus e caravelas e depois, na grande época das missões. Portugal teve os missionários que foram os “grandes agentes” não só “da fé, mas agentes da própria cultura”. Foram construtores de igrejas de estradas, abriram escolas, levaram a língua portuguesa por esse mundo. E com ela os valores identitários da nossa cultura.

“A Igreja foi o principal agente dessa grande difusão, e tem sido também no acompanhamento à atual deslocação migrante, digamos assim, uma importante forma de presença. Pode fazer sempre mais. É desejável que se faça mais, mas enfim, o mundo é o que é, e a história é o que é.”

Uma mensagem como Padre e como a ser humano

“A minha mensagem é de uma fraternidade universal”, aliás, até por formação é Franciscano seguidor de São Francisco de Assis, aquele que tal como Cristo, pregava, “nós somos todos irmãos, e mensageiros de Paz e Bem, a forma como São Francisco celebrava e saudava as pessoas.”

A fórmula dos Franciscanos é a mesma “Paz e Bem”. A minha mensagem é que “todos nós, cada um respeitando o outro na sua linha ou na sua religião, e respeito, que não seja apenas tolerância negativa, mas tolerância positiva, procurando encontrar formas de cooperação no respeito entre as religiões, entre crenças, culturas, e formas de ser e viver a história de cada um.”

Que o mundo “seja cada vez mais uma casa comum, onde todos têm lugar, podem gozar a felicidade, e que Portugal seja como foi através da história, o país que levou ao mundo, o humanismo, a tolerância, o pluralismo, a convivência e a boa paz”.

Um voto de “Paz e Bem, para toda a humanidade, e particularmente para aqueles que se deslocam dos seus locais de nascença para os locais de trabalho, Paz e Bem a todos,” concluiu.

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