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Segunda-feira - 9 Dezembro 2024

EXCLUSIVO: A cultura Maia neste momento impera

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Leonor Castêdo, alfacinha de gema, viveu e estudou sempre na capital portuguesa. Frequentou a Universidade de Medicina de Lisboa, tendo feito o ano comum no Hospital de Portimão, Algarve, mas o chamamento para o lado de lá do Atlântico foi trilhado até à Guatemala, onde permanece como Diretora Clínica na Health and Help. Confessa estar muito feliz e realizada a efetuar o trabalho e o seu maior sonho seria: estar a executar as mesmas funções em Portugal, pois é um país lindíssimo e a nossa casa, é sempre a nossa casa.

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Durante o curso, foi surgindo alguma curiosidade por conhecer outros países, viajar, fez um intercâmbio no México, depois do Covid fez um interrail sozinha, e percebeu que gostava muito de viajar e conhecer outras culturas.

Foi nestas viagens que refletiu se a vida de médica, mais convencional, de dar consultas, de ver doentes ou de fazer cirurgias, ou outra área, fazia sentido na sua vida profissional. Quando acabou o curso em 2022, tinha que fazer um exame para poder entrar numa especialidade, e optou não fazê-lo, e tirar algum tempo para si.

Acabou por perceber que a especialidade que queria fazer, que o percurso queria fazer, no momento em que a sua carreira de estudante estava a acabar não era bem ser médica convencional.

Conheceu a Health and Help, organização, que precisavam de médicos e enfermeiros voluntários, e foi fazer voluntariado para esta organização na Guatemala três meses, dois como voluntária, e um a viajar, gostou muito da experiência na Organização, bem como da Guatemala, que a deixou admirada em muitas coisas que por lá conheceu. Mas tinha que regressar a Portugal e sentiu que era muito improvável voltar à Guatemala.

De regresso a Portugal começou a fazer o ano comum, que é o primeiro ano de trabalho dos médicos, no Hospital de Portimão no Algarve. Esteve um ano a trabalhar, mas aquilo que a motivava mais, era a parte da gestão da saúde, gosta de organizar projetos. Gostou muito do estágio em saúde pública, onde se fala muito em programas de vacinação, – como podemos tornar uma população mais saudável através da alimentação.

E muita atenção aos mosquitos que estão cá, que doenças é que estão cá, olhar para saúde de uma forma mais global, e começou a pensar que gostaria de enveredar mais pela questão da gestão da saúde.

A Organização onde esteve a fazer voluntariado estava à procura de uma Diretora para a sua clínica, na altura “falei com a anterior Diretora Clínica e perguntei-lhe como era o dia a dia na clínica, perguntei-lhe sobre as coisas boas e más, e na altura concorri, mas sem expectativas, pois não tinha experiência específica nesta área, mas eles acabaram por aceitar.

Sabiam que tinha conhecimentos através de análise de dados, a nível de gestão de projetos, e acabou por aceitar ir para a Guatemala e trabalhar na Clínica.

“É uma área com o qual me identifico muito, se calhar frequentei o curso errado, mas gosto muito de saúde e de medicina, mas olhar do ponto de vista da gestão e pensar como é que podemos mobilizar todos os recursos que temos, os voluntários que tenho cá, os patrocinadores que nos vão dando uma ajuda, tornar a vida das pessoas melhor e mais saudável.” São as suas maiores preocupações quando se exerce este tipo de funções.

Uma coisa foi levando à outra, e se não tivesse feito o voluntariado, “não tinha vindo mais para cá, onde se encontra há sete meses e vive em Antigua, uma cidade mais turística que fica a 30 quilómetros da cidade da Guatemala.

No que diz respeito ao seu trabalho do dia a dia, é a da gestão da saúde, “o meu trabalho acaba por impactar mais pessoas, eu estou a ter na mesma uma posição importante na saúde e tratar a doença das pessoas, a única diferença é que uma hora do meu trabalho em vez de ajudar uma pessoa diretamente, estou ajudar 20 crianças porque estou a decidir um projeto de vacinação”. “Senti que na área de gestão encontrava uma forma de ajudar mais pessoas do que o doente individualmente, e por outro lado, descobri que gosto de trabalhar muito com equipas com muitas pessoas, os médicos acabam por trabalhar sempre com médicos e enfermeiros na área da saúde, mas na área da gestão da Saúde, para ser bem desenvolvidos, trabalhamos com médicos, com gestores, com professores. Recentemente fomos a uma escola aqui na Guatemala para fazer um projeto de educação, para alimentação saudável, pois na Guatemala existe um pouco esse problema.” Refere Leonor.

Para ela foi super emocionante e interessante falar com professores, como é a melhor forma de abordar esses temas. Estar a falar com nutricionistas, sobre qual é a informação mais importante a questionar. Trabalhar também com psicólogos sobre como é o desenvolvimento destas crianças nesta idade. “Para mim move-me muito e motiva-me muito, ver pessoas de áreas tão diferentes, cada um aplicar os seus conhecimentos e as suas capacidades, com o objetivo de tornar as pessoas mais saudáveis e comunidades mais saudáveis.”

Quantas pessoas trabalham na Health and Help?

Trabalham muitos com voluntários na Health and Help, tem uma clínica na Guatemala e outra na Nicarágua. Na equipa da Guatemala, a Leonor como Diretora, têm um médico e uma enfermeira local e depois os voluntário vai variando, mas na Guatemala são três. Na Nicarágua também são três, mas a trabalhar têm cerca de 20/30, mas em regime de voluntariado há muita gente envolvida que faz voluntariado online, ou seja; para a gestão das nossas redes sociais, “temos pessoas da área de Marketing e redes sociais, dão umas horas da sua semana à Clínica, é uma equipa de 60/70 pessoas.”

A Guatemala foi um país que a surpreendeu, gosta muito do tempo, não há frio extremo nem calor extremo, eles chamam-lhe o “país da eterna primavera”, está sempre o tempo bom, chove, mas a temperatura não muda, está sempre bem.

Gostou muito das pessoas, são muito simpáticas e cordiais, “todo o apoio que se dá no serviços de atendimento ao público as pessoas são muito mais simpáticas e cordiais umas com as outras, foi uma mudança positiva, também gosto muito da cultura Maia.

Em Portugal “aprendemos muito sobre a história de Portugal, mas a realidade é que acabamos por não estudar muito a cultura Maia, e ficamos sem saber como é que se processou a cultura Maia com os Espanhóis?” Gosta muito de ir aos museus, e de ir às visitas guiadas.

“O meu grande desejo é conseguir arranjar o mesmo tipo de trabalho e fazê-lo em Portugal. Muita gente pensa da mesma maneira que eu. Planos para o futuro, fazer especialidade em saúde pública, que é a a parte da gestão da Saúde, e enveredar por essa área. A Comunidade Portuguesas na Guatemala é pequena, os que trabalham nas Nações Unidas, são umas quatro ou cinco pessoas. Mas vamos organizando alguns encontros. Quanto ao futuro, tudo está em aberto. Esta ONG recruta com regularidade e para quem quer passar por uma experiência podem conhece-los através do sítio da internet www.he-he.org

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