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Sábado - 8 Fevereiro 2025

EXCLUSIVO: A Geocoba emprega 45% de Engenheiras, um exemplo a seguir

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Ricardo Oliveira nasceu e foi criado em Lisboa. Fez toda a vida estudantil em Portugal. É Engenheiro Civil, pelo Instituto Superior Técnico, e terminou o curso em 1992. Trabalha desde 1988, quando começou como auxiliar técnico, na Coba, Consultores de Engenharia de estudos e projetos. Fez todo o percurso profissional nessa empresa. Quando terminou a licenciatura iniciou a sua atividade como Engenheiro Civil, também foi Coordenador de Projetos, depois Chefe do núcleo da parte Rodoviária, passou a Diretor de toda a área de vias de Comunicação, e em 2003, Administrador do Grupo Coba.

Inicialmente foi responsável pela área de transportes, e todos os projetos ferroviários e aeroportuários. Depois esteve à frente na área do ambiente, mais tarde, em 2009 com a tutela por toda a atividade da empresa na América Latina.

O grupo Coba, já tinha atividade no Brasil desde a sua fundação, e tinha uma empresa que atuava desde 1996, no sentido de dar apoio às atividades principais do grupo que passavam por Portugal, para projetos no Brasil, mas a maioria da sua atividade era desenvolvida em solo luso .

Em 2009, Ricardo Oliveira assumiu a responsabilidade da área geográfica da América Latina, nos anos 2012 e 2013 abriu duas empresas da Coba na Colômbia e no Peru, numa atividade de desenvolvimento do grupo nesta região. E em 2014, a Coba Brasil, que desde 2007 tinha um sócio brasileiro, convidou-o juntamente com o Grupo para assumir a Presidência da Coba Brasil, com o objetivo de se tornar numa empresa autónoma de Portugal e que pudesse desenvolver as suas atividades num período em que o país estava numa fase de desenvolvimento importante.

Em 2014, chegou a terras de Vera Cruz. Apesar de já lá ter estado em 2009, quando era responsável dentro da holding da empresa, mas não como executivo, ia uma vez por mês, e acompanhava as atividades da empresa.

Na sequência desse movimento em 2014 foi para lá em permanência, mantendo sempre uma ligação à administração do grupo, com o objetivo de tornar a empresa autónoma e independente. Foi um processo que começou bem, mas enfrentou anos difíceis, nomeadamente nos anos 2017, 18 e 19. “Foram anos muito complicados, em que o negócio decresceu muito em termos de atividade e rentabilidade.” Relembra Ricardo Oliveira.

A empresa está ligada a projetos de infraestruturas. E com a famosa operação “Lava Jato”, houve uma quebra muito grande um pouco por todo o lado. O investimento feito sofreu na pele esses efeitos. Mas também fruto de uma desaceleração, o grupo Coba, a mais antiga empresa em Portugal, na sua área, entendeu que deveria suspender as suas atividades naquele país, e o resultado dessa decisão, fez com que Ricardo assumisse a Coba Brasil, como Presidente, e para além dessa posição a participação acionista que o grupo tinha nesta empresa no início de 2020, “eu e o nosso sócio brasileiro, passamos a ser os novos donos da empresa”, Ricardo acumulou duas funções, a executiva como Presidente, bem como as funções de sócio da mesma.

Fizeram uma desconexão de forma amigável, “negociamos as minhas condições de saída, pois não fazia muito sentido continuar a ter funções de administrador do grupo, tendo em conta que o grupo já não atuava no país.”

Desde então, a empresa conseguiu reequilibrar-se, entrar no processo de desenvolvimento, correspondendo também a uma migração de uma atividade muito focada em obras públicas e passar a ser centrada em clientes privados, “conseguimos entre 2019 e 2020 que essa migração ocorresse de forma relativamente rápida.”

Apesar do Covid, conseguiram, em 2020 ter um crescimento duplicado. Contrataram jovens engenheiros, e outro tipo de colaboradores para manter as atividades em funcionamento, e a empresa foi cumprindo com as suas responsabilidades junto dos principais clientes, muito no setor da mineração.

“A empresa tem continuado a crescer,” e a desenvolver. “Estamos agora no início de 2025, o ano de 2024 terminou bastante bem, em linha com aquilo que foi efetivamente o crescimento dos últimos anos. Terminamos com quase 200 colaboradores, que é um número muito significativo, sobretudo para a nossa área.”

Todo o processo de alteração do nome da empresa nova foi feita num período de três anos, e ficou designada por Geocoba. O acordo foi estabelecido com o Grupo Coba.

A Geocoba é uma empresa que tem uma presença em termos deste mercado “bastante interessante” no Brasil, atualmente conta com 190 colaboradores é certificada em qualidade, segurança, saúde e meio ambiente. Tem código de ética e conduta, com um canal de denúncia, “temos todos os mecanismos ligados ao tema da compliance”, “é uma situação que eu fiz questão de implementar logo em 2021, e que tem funcionado. Às vezes temos estes códigos e esses canais apenas para pendurar na parede, mas não é o nosso caso. Já tivemos algumas denúncias no nosso Canal.”

Uma delas até foi extremamente importante para a empresa, “pois não conhecíamos”. O negócio tem aumentado a sua dimensão e robustez, em 2019/2020 o escritório era num andar no Rio de Janeiro. Neste momento têm dois andares no mesmo prédio. Também têm um escritório em Belo Horizonte que está a crescer bastante. “Implementámos um sistema, com um arquivo técnico, todo ele digitalizado e que tem uma equipa própria para o tratar,” que é muito elogiado por parte dos seus clientes.

Tiveram um crescimento muito grande na área de segurança e saúde, em que “tivemos alguns problemas, inicialmente fruto da grande exigência dos nossos principais clientes e era algo que nós não estávamos muito habituados.”

Hoje em dia, até nalguns casos são apontados como referência. Mantêm a atividade em funcionamento e têm tido uma preocupação em diversificar os clientes para que não estejam demasiadamente concentrados, apesar de terem um ou dois clientes, que são claramente os mais importantes pela sua dimensão, “aliás, todos são importantes, mas temos feito um esforço grande para diversificar, e temos conseguido.”

Para 2025 as apostas são essencialmente a consolidação de tudo aquilo que têm feito em termos de “robustez da empresa, da qualidade e da excelência dos nossos serviços e também continuar a bater muito na tecla da diversificação de clientes e de mercados. Há muitas oportunidades no Brasil”.

Conseguiram incluir um cliente que não é novo, “já o tínhamos em 2024 e passou a ter um peso também importante dentro do nosso portfólio”. É um cliente fora da área da mineração.

O ano de 2024 foi o ano em que “crescemos menos em relação a 2023, mas é normal porque os crescimentos anteriores estavam a ser muito elevados.”

Também têm na empresa duas particularidades interessantes, efetivamente sendo uma empresa da área de engenharia onde predominam os homens, “45% são mulheres a trabalhar connosco”, e reconhecem que é muito raro isso acontecer neste ramo.

Mas este fato não resulta de nenhum favor, mas sim de procurarem no mercado os melhores profissionais. E hoje em dia aparecem muitas vezes as mulheres com os perfis mais adequadas para a posição.

“Para explicar também um pouco aquilo que tem sido o nosso sucesso, é que nós trabalhamos numa área e num país com muito protecionismo.” Hoje em dia trabalhamos muito em Minas Gerais, é um dos Estados onde é mais difícil penetrar dentro do Brasil, “e só o conseguimos porque temos feito uma aposta muito grande na qualidade e na excelência dos nossos serviços.”

Se fossem iguais aos outros, não teriam chegado onde estão, tudo o que diz respeito à contratação de quadros técnicos de grande valência de formação das pessoas têm apostado muito nessa vertente, para que o trabalho seja reconhecido pelos clientes, e entendam que efetivamente “somos bons naquilo que fazemos, e que é a maneira de nos conseguirmos destacar.”

Para finalizar, Ricardo Oliveira explica que “o melhor exemplo que temos efetivamente nessa situação é que, na generalidade os nossos clientes, quando terminamos uma tarefa, querem que façamos outra, significa que a melhor avaliação que nós podemos ter acerca do nosso projeto”.

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