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Quinta-feira - 23 Janeiro 2025

EXCLUSIVO: A paixão de um português no país das mil e uma noites

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Natural da Cova da Piedade, Almada, com apenas 9 anos, Miguel Heitor foi com os seus pais e irmão, em 1984, para Macau. Por lá permaneceu durante 23 anos. Fez-se homem, e o seu sonho, desejo e paixão era o desporto. Praticou várias modalidades, como Hóquei em Patins, Judo, Voleibol, Basquetebol, Natação. Também praticou atletismo, maratonas. Adorava correr longas distâncias, mas rendeu-se aos pés do futebol.

Licenciou-se em Ciências do Desporto, Educação Física, em Macau, no Instituto Politécnico de Macau, onde abriu uma universidade de Desporto e Ciências, reconhecida pela Universidade do Porto, Coimbra, e Lisboa. Teve vários professores portugueses que vinham das três universidades para lecionar em Macau. Entre 2015 e 2018 tirou um Executive MBA, em Inglaterra na Manchester Metropolitan University, onde durante estes 3 anos teve que viajar para Manchester 11 vezes para participar nas aulas práticas.

No decorrer da sua vida profissional ainda fez algumas coisas de que gostava, esteve três anos a dar aulas, mas depois dedicou-se ao desporto, nomeadamente ao futebol. Foi jogador de futebol pelas seleções escolares desde muito novo, começou a jogar futebol nas seleções escolares de Macau. Aos 18 anos, já jogava na equipa principal da Seleção, onde representou inúmeras vezes a Seleção em vários torneios e competições, nomeadamente os jogos da Ásia Oriental, os Jogos Asiáticos, para o apuramento para o Mundial.

Jogou em vários clubes, foi campeão da primeira divisão do Campeonato de Macau por oito vezes. Jogou na liga dos campeões Asiática pela primeira vez com 18 anos. E foi sempre muito ativo no futebol. Também começou a ter formação de treinador desde muito cedo onde foi tirar um curso em Inglaterra em 2007, da UEFA B. Em 2023 terminou o curso de treinador Pro AFC. Mas antes disso em 1999/2000 começou a trabalhar, depois lecionar três anos de educação física e desporto.

Iniciou-se no mundo do trabalho no Instituto do Desporto de Macau. Onde começou a desenvolver mais na vertente da Gestão Desportiva, na qual fez parte da organização de vários eventos desportivos internacionais como; Mundiais de Voleibol, corridas Internacionais de Barcos Dragão, Artes Marciais, Organização de Maratonas Internacionais de Macau, e Torneio Internacional de Golfe de Macau. Essas participações levaram-no a fazer parte do Comité organizador dos Jogos da Ásia Oriental de Macau em 2005, onde fez parte também dos primeiros jogos da lusofonia, organizados naquele território.

Fez parte do comité organizador dos jogos de recintos cobertos Asiáticos, em Macau, quando terminou a organização dos jogos da Ásia Oriental que decorreram em 2005. Teve um convite para ir para o Qatar para fazer parte do grupo do Comité Organizador dos Jogos Asiáticos, que foi um evento de maiores dimensões em Macau naquele ano. Foram dezassete modalidades desportivas, onze das quais foram modalidades olímpicas, com nove países participantes.

No Qatar, recebeu o convite para ingressar no Comité Organizador dos Jogos Asiáticos, onde a dimensão é muito maior. Participaram todos os países Asiáticos, e 49 modalidades desportivas, e foi para lá por um ano.

Terminado esse ano a trabalhar nos jogos Asiáticos, foi convidado novamente para regressar ao Qatar. Esteve um período de uns meses fora do Qatar e regressou a Macau, e voltou a ser convidado para ir para o Qatar para fazer parte da nova estrutura da liga Profissional de Futebol. Onde continua a trabalhar desde então, já vão 18, quase 19 anos que trabalha e vive no Qatar.

Neste momento é Diretor do Departamento de Desenvolvimento da Liga Profissional de Futebol, que é um departamento que é especializado na implementação de tecnologia deste desporto. Essa tecnologia faz com que capturem todos os dados técnicos e físicos dos jogadores de futebol e onde fazem a monitorização do rendimento dos atletas e partilham essa informação tanto em vídeo, como todos os dados estatísticos, e envolve nos eventos do futebol. Tanto da parte técnica como da parte física e “partilhamos essa informação toda com as equipas técnicas dos Clubes profissionais da primeira divisão. Como também os oito clubes da segunda divisão. Faço a gestão do projeto, tanto na parte operacional dos sistemas que estão fixos nos estádios, como também temos uns sistemas portáteis. Bem como pessoal técnico especializado de analistas que fazem parte do grupo de trabalho para termos o sistema a funcionar.” Explica o Diretor Miguel Heitor.

A primeira vez que foi para o Qatar foi em Março de 2006, tendo ficado 12 meses e regressou em Outubro de 2007. Nessa altura só se falava de José Mourinho, Cristiano Ronaldo, não era muito conhecido por aqueles lugares, a figura de Luís Figo ainda estava muito presente na memória, era o português no futebol que tinha mais impacto.

Mas a sua ida para o Qatar nada teve a ver com estes dois portugueses, mundialmente conhecidos, mas sim pelo seu desempenho. Quando foi para o Qatar estavam a decorrer os jogos Asiáticos. Foi convidado pelo Comité Olímpico da Ásia, foi um desafio que lhe deram quando foi trabalhar para a Liga.

Gostou do país, enquanto lá esteve, e continua a ter interesse em continuar a trabalhar no Qatar. “Apresentaram-me a liga Profissional nessa altura que estava a ser estabelecida através das diretrizes e regulamentos da Confederação Asiática de futebol. Eu vim numa altura que a Liga ainda não tinha sido estabelecida oficialmente. Iniciei o processo desde o princípio da mesma.” Revela Miguel.

A liga profissional de futebol do Qatar denominada “Qatar Stars League” foi oficialmente aprovada pela Confederação Asiática de Futebol (AFC) em dezembro de 2008. Miguel ingressou no Comité Organizador da Liga em Outubro de 2007, foi um ano e quatro meses antes de ser estabelecida. Foram vários meses de muito planeamento e de muito trabalho estratégico, tanto na estrutura da Liga como nos clubes profissionais de futebol.

Os portugueses são uma comunidade que se adapta muito bem. Há um passado histórico que nos relaciona, e que já que vem do ano 1500, porque foram das primeiras comunidades a entrarem no Médio Oriente. E no Qatar, por isso existe uma história longínqua. “Nós adaptamo-nos muito bem aqui”.

Como é que como é que os Qataris nos veem?

Quando chegou em 2006, havia poucos portugueses, a rondar uma centena. Em geral os portugueses adaptam-se muito bem às diversidades e a diferentes culturas e diferentes países. Esse é um dos motivos pelo qual são bem acolhidos, desde o momento que chegou ao Catar até hoje os portugueses são uma comunidade bem vista, bem acolhida e respeitada.

Na altura que chegou em 2006, o Qatar tinha 700 mil habitantes, dos quais 450 mil eram Qataris e o restante eram estrangeiros. Agora a população passados quase 19 anos, são perto dos 3 milhões de habitantes. Os Qataris representam aproximadamente 500 mil habitantes. E o resto são estrangeiros e desses estrangeiros há pouco mais do que mil portugueses. A comunidade estrangeira cresceu. Houve várias oportunidades de trabalho em diversas áreas.

Gosta do Qatar pela segurança, reforçou. O país é muito seguro, a criminalidade é muito baixa ou quase inexistente, “nós sentimo-nos muito bem aqui” em termos de família no seu conjunto, são cinco pessoas, ele a esposa, e três filhos, dois rapazes, Diogo e Duarte, e uma rapariga, a Sofia, que nasceu no Qatar.

Sentem-se praticamente em casa, “é o nosso país” muito também pela ligação da filha que nasceu no médio Oriente. Em termos profissionais, “eu faço aquilo que gosto, trabalho no desporto, trabalho no futebol.”

“A minha mulher também gosta de viver aqui.” É muito importante que ambos estejam em sintonia nesse aspeto. A esposa gosta de estar lá e para Miguel isso “é super importante”. E é um país que lhes dá essa estabilidade. Também proporciona a outras oportunidades, como participação em vários eventos desportivos, culturais. O Mundial de futebol “foi realizado aqui”, a estrutura do país em termos de acessibilidades, estradas, hotéis, embelezamento do país, teve nos últimos 12, 13 anos um desenvolvimento enorme.

Muitas melhorias em todos esses aspetos, em termos de saúde também, as escolas são super seguras e com currículos académicos internacionais muito bons. Logo é um país que “para nós” como experiência tem sido fantástico. “Claro, que cada um, cada família tem a sua experiência. Eu falo da minha. Nós, nós gostamos, é um país muito seguro. Os meus filhos estudaram aqui até ao 12º e agora estão no Canadá na Universidade.” Eles foram a estudar para fora.”

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