Em terras Alemãs, a família Coutinho encontra-se a viver há cinco anos. As saudades começam a apertar, e confessa que já se sentiu discriminado pelos Alemães, nomeadamente na sua área de trabalho, é advogado e os Alemães “dizem que os advogados em Portugal, não são tão qualificados como os alemães. “As barreiras culturais são muitas e por vezes não é fácil viver na Alemanha”. A palavra “saudade” já pronunciada pelo filho mais velhos, denota o sentir tão português. E o regresso já começa a fazer sentir-se na pele, e a família Coutinho, quase preparada para um regresso ao cantinho português.
Vindo da área científica no secundário, acabou por optar pela licenciatura em Direito – opção que se veio a verificar ser certeira – na Faculdade de Direito da Universidade do Porto, de onde é natural. Apesar de ter gostado bastante da licenciatura em Direito, não tinha bem a certeza do que queria fazer profissionalmente com o grau. Por esse motivo, enquanto começava a carreira profissional de advogado – primeiro como estagiário e depois como associado – decidiu fazer um mestrado em administração e gestão pública, na Universidade do Minho.
Nunca fez Erasmus durante a faculdade, tinha sempre ficado um “bicho atrás da orelha” relativamente a ter uma experiência fora. Também por causa disso, “quando a minha mulher – na altura noiva – me propôs a ideia de irmos viver para fora depois de casarmos, a minha resposta foi muito positiva”.
A esposa tinha uma proposta para ir fazer um pós-doutoramento em Potsdam, Alemanha, pelo que no verão de 2019 despediu-se do escritório de advogados onde trabalhava, casou e foi para a Alemanha, onde chegou no início de Outubro desse ano.
Por outro lado, já sabia que ia casar nesse ano, e a vida como advogado não permitiria qualquer equilíbrio família-trabalho, o que também motivou a sua vontade de tentar algo diferente noutro país. “A verdade é que, à data de hoje, o principal motivo que nos tem levado a ficar pela Alemanha tem sido precisamente esse equilíbrio que conseguimos aqui. Entretanto já tivemos dois filhos e o tempo de qualidade que temos passado com eles é incomparavelmente superior ao que teríamos tido se tivéssemos ficado durante este período em Portugal”. Refere Carlos Coutinho. “Aqui podemos, de facto, ter as prioridades bem orientadas, o que beneficia as crianças e a todos nós enquanto família.”
Tem sido fácil estar longe de casa?
Não tem sido fácil estar longe de casa, isso é certo. “Desde logo, poucos meses depois de chegarmos à Alemanha começou a pandemia e o encerramento de todo o tipo de espaços, o que praticamente impediu qualquer possibilidade de fazermos novas amizades aqui.” As diferenças culturais e de personalidade entre alemães e portugueses são significativas, o que leva a algum choque inicial – do qual se recupera com o tempo, mas nunca totalmente, “na minha opinião”.
A morte de entes-queridos em Portugal e a “impossibilidade de nos despedirmos deles é talvez a consequência mais dura e crua com a qual têm de lidar”. Por outro lado, custa, “evidentemente a distância da família e amigos, mais ainda agora com os filhos”. O mais velho já conhece e usa com frequência a palavra “saudade” para se referir aos avós e tios, o que “nos causa sempre um aperto no coração”. Argumenta o advogado, que trabalha desde que chegou à Alemanha no sector das energias renováveis. Inicialmente mais responsável por assuntos relacionados com projetos em Portugal, “mas entretanto acabei por ir trabalhando com outros países como Reino Unido, Itália, África do Sul, entre outros.”