No menu items!
17.1 C
Vila Nova de Gaia
Quinta-feira - 15 Maio 2025

EXCLUSIVO: AICP – Academia Internacional da Cultura Portuguesa, às portas do 60º aniversário

Destaques

O Jornal Comunidades Lusófonas esteve à fala com a Presidente Maria Regina Mongiardim da (AICP), Academia Internacional da Cultura Portuguesa, traçando “um raio X” sobre a Academia, explicando qual o objetivo, propósito, e funcionamento desta instituição que foi criada pelo já falecido Adriano Moreira. Para além de vários atributos, a instituição é defensora da cultura e língua Portuguesa e desenvolve trabalho nessa área com outros organismos, sendo também Observadora Consultiva da CPLP.

A AICP foi criada por decreto governamental, a 6 de fevereiro de 1965, com sede na Sociedade de Geografia de Lisboa, que, estatutariamente, assegura a secretaria-geral da Academia. O seu principal fundador foi o Professor Adriano Moreira, que continuou a ser o seu grande mentor até à data do seu falecimento, há cerca de dois anos.

A Academia nasce na sequência da realização de dois Congressos das Comunidades de Cultura Portuguesa, realizados em Lisboa (Sociedade de Geografia de Lisboa) e em Moçambique (Ilha de Moçambique), nos idos 1964.

Num mundo, então, em acelerada mudança, e quando Portugal era alvo dos movimentos de libertação colonial e das críticas da comunidade internacional, entendeu o Professor Adriano Moreira fundar uma instituição, que reforçasse os vínculos culturais e linguísticos com os povos irmanados pela mesma cultura, e que contribuísse, também, para o prestígio e orgulho das comunidades lusas espalhadas pelo mundo, nos respetivos países de acolhimento.

Apoiada na nossa cultura e na nossa língua, a criação da Academia, “com uma excecional visão de futuro”, respondeu a objetivos políticos de natureza nacional e internacional.

Passados 60 anos sobre a sua fundação, e com as necessárias adaptações aos novos tempos, a AICP mantém os mesmos objetivos: divulgar e promover a cultura e língua portuguesas; fomentar o estudo e a investigação do património cultural português fora de Portugal; promover a publicação, em língua portuguesa ou em língua estrangeira, de documentação e de estudos relacionados com a cultura portuguesa; e cooperar com instituições de idêntica natureza, em qualquer parte do mundo.

Maria Regina Mongiardino é presidente do Conselho Académico da AICP desde dezembro de 2022. No anterior mandato do Conselho Académico, presidido por António Carlos Rebelo Duarte (agora Vogal), ocupou uma das duas vice-presidências. O Professor José Filipe Pinto ocupava e ocupa a outra vice-presidência, presentemente, em companhia do Professor José Carlos Venâncio. E o Secretário-Geral é o Professor José Esteves Pereira.

“O meu dia-a-dia de trabalho para a AICP é dedicado a delinear o respetivo Plano de Atividades, a consultar os meus pares no Conselho Académico sobre ideias e pormenores das iniciativas que integram esse Plano, a organizá-las, a redigir correspondência e documentos vários, a presidir a essas mesmas iniciativas, e a representar externamente a AICP.” Revela a Presidente.

Além disso, ocupa, também, algumas horas a organizar o Boletim anual da Academia, a escrever algum artigo e a nota de abertura para esse Boletim, e a tratar de questões formais, como sejam as reuniões das Assembleias-Gerais Ordinárias e Extraordinárias.

A AICP é uma instituição de utilidade pública, sem fins lucrativos, tutelada pelo Ministério da Cultura. O Presidente da República é o Presidente de Honra da Academia.

Colaboram, essencialmente, com instituições congéneres, nacionais e estrangeiras, com universidades, com Missões Diplomáticas acreditadas no nosso país, com a CPLP, de que a AICP é Observadora Consultiva, e com intelectuais de prestígio, nacionais e estrangeiros.

As celebrações do 60º aniversário da AICP revestem várias dimensões: homenagear o seu principal fundador, o Professor Adriano Moreira, enaltecer e dar a conhecer o património histórico da Academia, e contribuir para o seu prestígio e para a realização dos seus objetivos.

As atividades da AICP dependem, essencialmente, de duas coisas: das dotações orçamentais do Ministério da Cultura – em regra, demasiado magras – e da colaboração voluntária dos seus Académicos.

“Apesar das dificuldades, a AICP tem conseguido manter um muito aceitável nível de intervenção no debate cultural, na produção cultural e científica, e no seu relacionamento externo.” Esclarece a sua Presidente.

Muito mais” gostaríamos de fazer”, até porque ideias não faltam, mas vêm-se constrangidos “pela escassez de recursos financeiros”.

A celebrações dos 60 anos da AICP são a primeira iniciativa de 2025.  “Esperamos que, com elas, a Academia abra o novo ano com chave d’ouro e que consigam realizar, com obrigada qualidade, os projetos que têm agendados”. Entre eles, a participação nas efemérides dedicadas a Eça de Queiroz, levadas a efeito pela Assembleia da República e para as quais a AICP foi convidada, uma conferência sobre Aristides de Sousa Mendes, a adesão de novos Académicos Correspondentes, designadamente, do Secretário-Executivo da CPLP, Zacarias da Costa, e a promoção de Académicos Correspondentes a Académicos de Número.

A AICP é Observadora Consultiva da CPLP, desde dezembro de 2020. Nesse quadro, integra quatro Comissões Temáticas: da “Promoção e Divulgação da Língua Portuguesa”, da “Educação, Ciência e Tecnologia”, dos “Assuntos Culturais”, e “Tecnologias e Sociedade”. 

O trabalho desenvolvido e a desenvolver no âmbito dessas Comissões depende, fundamentalmente, das propostas dos seus membros e da dinâmica empreendida por eles.

Em outubro do ano passado, a AICP organizou, em parceria com a Missão Permanente do Brasil junto da CPLP, um seminário, de dois dias, sobre “O Brasil na Nova Ordem Mundial”, que contou com o apoio institucional da CPLP e a participação de prestigiados conferencistas portugueses e brasileiros.  

Organizou, também, um colóquio sobre “Timor-Leste na Encruzilhada de Vários Mundos”, que contou igualmente com o apoio institucional da CPLP e a participação de renomados conferencistas nacionais e timorenses.

Independentemente do que os parceiros nas Comissões Temáticas dos Observadores Consultivos da CPLP entendam promover, “é nossa intenção” prosseguir com a realização de idênticas iniciativas sobre os demais países-membros da CPLP. 

Com esse objetivo, “estamos a preparar, para o corrente ano, uma conferência sobre S. Tomé e Príncipe – Estado que atualmente detém a presidência rotativa da CPLP – e outra sobre Angola, país-berço de alguns dos nossos mais ilustres Académicos Correspondentes.”

Ver Também

Portugal coloca debate sobre IA na Cultura na agenda da União Europeia

Em comunicado de imprensa, Portugal levou ao Conselho de Ministros da Cultura da União Europeia, no dia 13 de...