O Jornal Comunidades Lusófonas esteve à fala com a Presidente Maria Regina Mongiardim da (AICP), Academia Internacional da Cultura Portuguesa, traçando “um raio X” sobre a Academia, explicando qual o objetivo, propósito, e funcionamento desta instituição que foi criada pelo já falecido Adriano Moreira. Para além de vários atributos, a instituição é defensora da cultura e língua Portuguesa e desenvolve trabalho nessa área com outros organismos, sendo também Observadora Consultiva da CPLP.

A AICP foi criada por decreto governamental, a 6 de fevereiro de 1965, com sede na Sociedade de Geografia de Lisboa, que, estatutariamente, assegura a secretaria-geral da Academia. O seu principal fundador foi o Professor Adriano Moreira, que continuou a ser o seu grande mentor até à data do seu falecimento, há cerca de dois anos.
A Academia nasce na sequência da realização de dois Congressos das Comunidades de Cultura Portuguesa, realizados em Lisboa (Sociedade de Geografia de Lisboa) e em Moçambique (Ilha de Moçambique), nos idos 1964.
Num mundo, então, em acelerada mudança, e quando Portugal era alvo dos movimentos de libertação colonial e das críticas da comunidade internacional, entendeu o Professor Adriano Moreira fundar uma instituição, que reforçasse os vínculos culturais e linguísticos com os povos irmanados pela mesma cultura, e que contribuísse, também, para o prestígio e orgulho das comunidades lusas espalhadas pelo mundo, nos respetivos países de acolhimento.
Apoiada na nossa cultura e na nossa língua, a criação da Academia, “com uma excecional visão de futuro”, respondeu a objetivos políticos de natureza nacional e internacional.
Passados 60 anos sobre a sua fundação, e com as necessárias adaptações aos novos tempos, a AICP mantém os mesmos objetivos: divulgar e promover a cultura e língua portuguesas; fomentar o estudo e a investigação do património cultural português fora de Portugal; promover a publicação, em língua portuguesa ou em língua estrangeira, de documentação e de estudos relacionados com a cultura portuguesa; e cooperar com instituições de idêntica natureza, em qualquer parte do mundo.
Maria Regina Mongiardino é presidente do Conselho Académico da AICP desde dezembro de 2022. No anterior mandato do Conselho Académico, presidido por António Carlos Rebelo Duarte (agora Vogal), ocupou uma das duas vice-presidências. O Professor José Filipe Pinto ocupava e ocupa a outra vice-presidência, presentemente, em companhia do Professor José Carlos Venâncio. E o Secretário-Geral é o Professor José Esteves Pereira.
“O meu dia-a-dia de trabalho para a AICP é dedicado a delinear o respetivo Plano de Atividades, a consultar os meus pares no Conselho Académico sobre ideias e pormenores das iniciativas que integram esse Plano, a organizá-las, a redigir correspondência e documentos vários, a presidir a essas mesmas iniciativas, e a representar externamente a AICP.” Revela a Presidente.
Além disso, ocupa, também, algumas horas a organizar o Boletim anual da Academia, a escrever algum artigo e a nota de abertura para esse Boletim, e a tratar de questões formais, como sejam as reuniões das Assembleias-Gerais Ordinárias e Extraordinárias.
A AICP é uma instituição de utilidade pública, sem fins lucrativos, tutelada pelo Ministério da Cultura. O Presidente da República é o Presidente de Honra da Academia.
Colaboram, essencialmente, com instituições congéneres, nacionais e estrangeiras, com universidades, com Missões Diplomáticas acreditadas no nosso país, com a CPLP, de que a AICP é Observadora Consultiva, e com intelectuais de prestígio, nacionais e estrangeiros.
As celebrações do 60º aniversário da AICP revestem várias dimensões: homenagear o seu principal fundador, o Professor Adriano Moreira, enaltecer e dar a conhecer o património histórico da Academia, e contribuir para o seu prestígio e para a realização dos seus objetivos.
As atividades da AICP dependem, essencialmente, de duas coisas: das dotações orçamentais do Ministério da Cultura – em regra, demasiado magras – e da colaboração voluntária dos seus Académicos.
“Apesar das dificuldades, a AICP tem conseguido manter um muito aceitável nível de intervenção no debate cultural, na produção cultural e científica, e no seu relacionamento externo.” Esclarece a sua Presidente.
Muito mais” gostaríamos de fazer”, até porque ideias não faltam, mas vêm-se constrangidos “pela escassez de recursos financeiros”.
A celebrações dos 60 anos da AICP são a primeira iniciativa de 2025. “Esperamos que, com elas, a Academia abra o novo ano com chave d’ouro e que consigam realizar, com obrigada qualidade, os projetos que têm agendados”. Entre eles, a participação nas efemérides dedicadas a Eça de Queiroz, levadas a efeito pela Assembleia da República e para as quais a AICP foi convidada, uma conferência sobre Aristides de Sousa Mendes, a adesão de novos Académicos Correspondentes, designadamente, do Secretário-Executivo da CPLP, Zacarias da Costa, e a promoção de Académicos Correspondentes a Académicos de Número.
A AICP é Observadora Consultiva da CPLP, desde dezembro de 2020. Nesse quadro, integra quatro Comissões Temáticas: da “Promoção e Divulgação da Língua Portuguesa”, da “Educação, Ciência e Tecnologia”, dos “Assuntos Culturais”, e “Tecnologias e Sociedade”.
O trabalho desenvolvido e a desenvolver no âmbito dessas Comissões depende, fundamentalmente, das propostas dos seus membros e da dinâmica empreendida por eles.
Em outubro do ano passado, a AICP organizou, em parceria com a Missão Permanente do Brasil junto da CPLP, um seminário, de dois dias, sobre “O Brasil na Nova Ordem Mundial”, que contou com o apoio institucional da CPLP e a participação de prestigiados conferencistas portugueses e brasileiros.
Organizou, também, um colóquio sobre “Timor-Leste na Encruzilhada de Vários Mundos”, que contou igualmente com o apoio institucional da CPLP e a participação de renomados conferencistas nacionais e timorenses.
Independentemente do que os parceiros nas Comissões Temáticas dos Observadores Consultivos da CPLP entendam promover, “é nossa intenção” prosseguir com a realização de idênticas iniciativas sobre os demais países-membros da CPLP.
Com esse objetivo, “estamos a preparar, para o corrente ano, uma conferência sobre S. Tomé e Príncipe – Estado que atualmente detém a presidência rotativa da CPLP – e outra sobre Angola, país-berço de alguns dos nossos mais ilustres Académicos Correspondentes.”
