Francisco Rocha é um arquiteto português que estudou em Portugal, licenciando-se na Universidade do Porto, num período de crise financeira muito forte em 2007. Terminou o curso em 2013. Durante esse período tentou encontrar trabalho em Portugal, confessa que “foi um pouco complicado”, não havia ou tinha muitas oportunidades, e até chegou a fazer um estágio na Câmara Municipal do Porto. Mas no fim desse estágio, não tinha outras opções e decidiu arriscar e ir para o outro lado do Oceano, mais concretamente para a Big Apple.

Inicialmente foi numa viagem turística, apenas para visitar a cidade. Mas quando lá chegou constatou que havia várias oportunidades, tendo ido a algumas entrevistas e acabou por frequentar um estágio, que inicialmente seria de um ano e meio, que era o tempo do visto que tinha. No final desse ano e meio renovou por mais três anos, e faz este ano, onze anos que está a trabalhar e viver em Nova Iorque.

Passou por três empresas, desde que se encontra lá. Começou numa empresa de arquitetura liderada por um arquiteto Mexicano, onde começou a fazer o seu primeiro estágio, durante um ano e meio. Fernando Romero, era o responsável por esse escritório e Francisco esteve lá desde 2014 a 2019, a desenvolver trabalhos e projetos culturais e instalações artísticas.
Entretanto surgiu a oportunidade de “desviar” um pouco da arquitetura de edifícios e focar-se mais em design de interiores e arquitetura de interiores.

Começou a trabalhar, para uma empresa Rockwell Group, onde permaneceu desde 2019 até 2022. Uma grande empresa em Nova Iorque, que é especializada em interiores, liderado pelo Arquiteto e designer americano David Rockwell, um escritório de design multidisciplinar. Os projetos são voltados para o ramo da hospitalidade, criando ambientes exclusivos e funcionais para hotéis, restaurantes, bares entre outros, promovendo experiências memoráveis no setor da hospitalidade. Tendo-se focado e especializar mais nessa área.

Entretanto, teve outra experiência profissional noutra empresa, também com reconhecimento Internacional, chamada Jeffrey Beers International, e agora, mais recentemente, em março de 2025, regressou ao escritório Rockwell Group, onde trabalha como Senior Architectural Designer.
A arquitetura imponente dos arranha-céus da cidade que nunca dorme
Confessa que foi para Nova Iorque, sem qualquer expetativas. Não tinha uma ideia muito certa do que iria encontrar. Mas tinha uma amiga da faculdade que se encontrava lá há um, dois anos e Francisco decidiu ir visitá-la, e foi nesse espírito de explorar e visitar a cidade pela primeira vez que ficou esmagado com a dimensão e desafio das leis da física um pouco por toda a cidade, e ficou rendido. ”Foi um choque! é imponente e bastante icónica”, enfatiza Francisco.

A escala da cidade e dos edifícios, bem como o Central Park, tem uma presença muito grande na cidade, terem conseguido conservar esses espaços verdes, numa malha de cidade tão densa e tão e tão alta. “Acho que foram as minhas primeiras impressões.” Relembra o arquiteto português.
Arquitetos de eleição
Francisco revelelou-nos que, como toda a gente “que passou pela minha faculdade, posso dizer que que tivemos uma educação com uma base muito sólida. Com referências, mentores e imponentes Arquitetos, Siza Vieira e Souto Moura, que eram as grandes referências da nossa escola, e acho que nos deu uma base muito sólida e muito boa para depois sermos capazes de nos adaptar a diferentes contextos.” Revive o aquiteto radicado nos Estados Unidos.
Adaptar-se a viver em Nova Iorque e a trabalhar numa empresa estrangeira e Internacional, foi a base que obteve, bem como uma estabilidade e capacidade de projetar com uma atenção muito focada no detalhe aos materiais, e atenção à experiência, e essa transição da arquitetura de edifícios como um todo para os interiores, que trabalha mais especificamente neste momento. “O que eu retirei desses anos e experiência académica em Portugal terá sido então essa mesma: “atenção aos detalhes aos materiais à experiência e narrativa que criamos para cada espaço.” Explica o arquiteto.
No escritório onde se encontra a trabalhar presentemente, um dos aspetos mais importantes para cada projeto, é ter atenção ao contexto onde o projeto é inserido e ao programa que é pedido pelo cliente, “mas também introduzirmos uma narrativa e um conceito que une e unifica todo o projeto,” reflete, em que cria uma experiência, quer seja um hotel, um restaurante, ou um bar. As pessoas que o visitam, conseguem entender essa narrativa e experienciá-la.
Como é vista a arquitetura portuguesa e a arquitetura norte-americana, nomeadamente a de Nova Iorque. Uma vez que nos Estados Unidos, há várias arquiteturas. Como é vista a arquitetura portuguesa, a nível Internacional , e como é que vê a arquitetura americana, mais especificamente a de Nova Iorque?
O arquiteto português começa por dizer que a arquitetura portuguesa é muito bem reconhecida, “eu lembro-me que mesmo no início, quando fui entrevistado em alguns escritórios, quando andava à procura de trabalho, quando referia alguns escritórios que eu tinha tido contacto, ou mesmo colegas que com quem eu tinha trabalhado antes de me mudar para cá. Havia um certo reconhecimento, e as pessoas conseguiam entender e, reconheciam vários destes arquitetos, e que tinham, como referência o próprio trabalho deles, portanto, tanto os nomes grandes como Siza Vieira ou Souto Moura, mas também os jovens emergentes na altura, já tinham uma certa voz fora de Portugal.” Esclarece o arquiteto Francisco.
Nova Iorque aconteceu por acaso. Tinha outras oportunidades, pensou em ir para a Suécia ou para outros países na Europa. Mas Nova Iorque aconteceu por acaso. Pensou que, o principal motivo foi a experiência em poder trabalhar num espaço Internacional e com uma possibilidade de explorar projetos em diferentes partes do mundo, mesmo estando em Nova Iorque.
Por exemplo, o ano passado estava a trabalhar num projeto em Atenas, na Grécia. Este ano, “estou a trabalhar num projeto que será construído na Índia. Acho que temos uma possibilidade de estarmos expostos a uma variedade muito grande de projetos, não só nos Estados Unidos, mas também espalhados pelo mundo.” Menciona Francisco.
A sua experiência até ao presente tem sido muito positiva trabalhar num ambiente internacional é uma experiência muito gratificante e enriquecedora, “faz-nos mais humanos e mais profissionais, pois estão na base várias perspetivas e ideias.” Esclarece.
Nos escritórios onde trabalhou, e indo mais atrás, “à minha chegada à cidade”, o primeiro escritório era de um arquiteto mexicano, portanto, só aí já havia uma certa abertura para todas as pessoas que fossem internacionais.
Mas mais recentemente, nestes dois escritórios americanos em que está a trabalhar, tanto o Rockwell Group como o Jeffrey Beers International, são dois arquitetos e designers americanos, com equipas muito internacionais. Teve a oportunidade de trabalhar com pessoas de todo o mundo, o que também acaba por ser uma ferramenta muito útil para “o nosso desenvolvimento, não só profissional, mas também pessoal.” Diz o arquiteto português.
E também do ponto de vista humano, estando expostos a uma variedade e diferentes culturas. Sempre sempre foi muito bem recebido, curiosamente “no meu escritório anterior, eu era o único português, neste momento somos dois. Tem esse lado peculiar de poder falar português no local de trabalho. É muito interessante ter essa experiência de ter uma colega que também é portuguesa, a Marta, e podermos falar português no escritório, que é coisa rara.” Finaliza.
