Paulo Morgado, encontra-se a viver em terras de “Nuestros Hermanos”, em Madrid. É um homem do conhecimento, fez várias licenciaturas, mestrados e um doutoramento, entre Lisboa, Bélgica e Reino Unido, na área da Gestão, Filosofia e Direito. É Conselheiro da Diáspora Portuguesa desde 2021 e pretende com o seu conhecimento e experiência profissional ajudar a alavancar a economia portuguesa. Trazer para cá o que de melhor há lá fora. Boas práticas e metodologias são bem-vindas. E do bom profissionalismo não abdica. Portugal tem capacidade de se reinventar e moldar às novas tecnologias, que como diz Paulo Morgado, “são imperativas hoje, e no futuro”.
Paulo Morgado é de Leiria mas aos 17 anos rumou a Lisboa para ingressar no Ensino Superior. Tem um doutoramento (PhD) em Administração e Gestão de Empresas pela Nottingham Trent University, um MBA pela UCLouvain, licenciaturas em Gestão (UCP) e em Direito e é Mestre em Filosofia. Escreveu quase duas mãos cheias de livros, entre 1994 e 2022, sobre temas relacionados com negócios, estratégia, comunicação e Direito, e lecionou em várias universidades portuguesas e espanholas.
Começou o seu percurso profissional na Roland Berger, uma empresa global de consultoria estratégica de origem alemã, passou pelo Banco Financia, em Lisboa, como sub-diretor, e posteriormente assumiu o cargo de Diretor-Geral da Vidago, que era uma empresa cotada em bolsa e que depois entrou no Grupo Jerónimo Martins.
Em 2001 entrou na Capgemini como Vice-Presidente e em 2003 foi nomeado Administrador Delegado da empresa. Depois de 10 anos à frente da consultora em Portugal, em 2014 emigrou para Espanha e assumiu a liderança da Capgemini como CEO até finais de 2018. Nos três anos seguintes foi Partner da TwinPikes, uma empresa de Consultoria com sede em Barcelona e em 2021 fundou a sua própria empresa, a Bridgewhat, cuja missão é ajudar outras empresas a expandir os seus negócios, num contexto de transformação digital B2B.
Em setembro de 2022, entrou como sócio numa sociedade de advogados. Citando as palavras de Paulo Morgado a propósito dessa sociedade, uma vez que nunca exerceu advocacia, “As empresas de Advogados em Espanha, e agora em Portugal, são multidisciplinares, e podem ter sócios de outras áreas; no meu caso específico entrei na sociedade para desenvolver áreas de negócio ligadas a vertentes tecnológicas. O meu projeto é sobretudo ajudar as empresas a conseguir fazer mais projetos de tecnologia, com o mesmo valor de investimento.”
Numa era em que as empresas têm necessariamente que aumentar o investimento em tecnologias de informação, “Se as empresas tiverem alguém que as ajude a poupar dinheiro ou conseguir mais funcionalidades com o mesmo investimento, isso é claramente uma vantagem para elas”, refere Paulo Morgado. Sobre esta sua parceria, o nosso entrevistado revela que “o negócio está a correr especialmente bem porque o mercado aceita muito bem a ligação entre a vertente de direito e a vertente tecnológica.”
Conselho da Diáspora Portuguesa
Foi a convite do Engenheiro António Calçada de Sá, atual Presidente da Direção do Conselho da Diáspora Portuguesa (também ele residente em Espanha) que em 2021 se tornou Conselheiro.
Em 2023, com a criação dos Núcleos Regionais, foi desafiado a coordenar os núcleos regionais da Europa, Ásia e Oceânia, e mais recentemente do Médio Oriente, núcleo anunciado em dezembro no último Encontro Anual do Conselho. O Conselheiro Pedro Pereira da Silva é o responsável por coordenar os núcleos regionais das restantes áreas geográficas: América do Norte, América Latina, Brasil, África e agora também o recente Núcleo Regional de Portugal, dedicado aos conselheiros que depois de uma vida de diáspora, regressam à sua pátria, pelo que é apelidado de Diáspora de Regresso.
Mas o que é isso de Núcleos Regionais? “Os Núcleos Regionais são, no fundo, agrupamentos de conselheiros que têm em comum a sua área de residência. Sob a minha coordenação estão os Núcleos da Europa, que está dividida entre Europa Ocidental, Europa de Leste, Espanha, e Reino Unido. Espanha e Reino Unido são núcleos com elevado número de Conselheiros, pelo que se justificou individualizá-los, e porque são também países historicamente importantes nas relações bilaterais com Portugal. Fora da Europa, coordeno ainda os núcleos da Ásia, Médio Oriente e Oceânia.”
Paulo Morgado justifica a criação destes Núcleos Regionais dentro do Conselho da Diáspora Portuguesa, explicando os seus objetivos: “Um dos primeiros objetivos é o de expandir e consolidar a Diáspora Portuguesa, nomeadamente através do aumento da sua visibilidade e relevância no contexto económico e social, daí também esta nossa aproximação aos meios de comunicação; outro objetivo é o de identificar novos conselheiros para a Diáspora Portuguesa. Neste momento penso que somos cerca de duzentos e quarenta conselheiros e queremos que este número aumente significativamente até o final do ano.”
Os outros objetivos dos Núcleos Regionais da Diáspora são haver partilha do clima económico-empresarial dos países/regiões, facilitar o acesso a clientes internacionais para as empresas portuguesas, incentivar investimentos em Portugal, compartilhar benchmarking de sucessos internacionais para potenciais aplicações em Portugal e finalmente levar a marca Portugal ao mundo, nomeadamente através de ações na Educação e Ciência, Arte e Cultura ou Cidadania em geral: “Queremos que o nome de Portugal e a Cultura Portuguesa se vá disseminando, um pouco por todo o mundo, e sobretudo, que as novas gerações que nascem já em países estrangeiros, possam ter acesso ao ensino da língua portuguesa”, diz-nos Paulo Morgado.
Há várias iniciativas em curso encetadas por estes núcleos regionais e que incluem, por exemplo a realização de seminários e webinares temáticos, benchmark de boas práticas, entre outros projetos. Paulo exemplifica – “nós temos muitos portugueses a trabalhar na área da medicina auxiliada pela tecnologia. A inteligência artificial tem um contributo cada vez maior para a medicina e curiosamente temos vários conselheiros, sobretudo nos Estados Unidos, que não só se dedicam a esta área como são verdadeiras sumidades a nível internacional.”
Relativamente a casos de sucesso, “há alguns que estamos a tentar adaptar e importar para Portugal, por se tratarem de casos de referência relevantes, como no caso da Polónia, em que existe uma lista de empresas devedoras e que nós queremos transformar pela positiva e criar em Portugal uma lista de empresas boas pagadoras, com benefícios associados.”
Tem-se feito também seminários dedicados à fiscalidade, sobretudo acerca da alteração do regime dos residentes não habituais em Portugal, para tentar explicar às pessoas que ainda assim continua a ser interessante irem para Portugal.
O Conselho da Diáspora através dos seus Núcleos Regionais tem desenvolvido várias atividades, que não são apenas reuniões internas mas sim atividades que têm impacto naquilo que é o valor “que trazemos para Portugal”, diz-nos Paulo Morgado. “Através de webinars, através de trabalhos comparativos sobre o que é que se faz noutros países que possam ser importados para Portugal, tentando descobrir onde é que estão aquelas pessoas que têm contribuído mais, como é o caso da medicina, para que Portugal saia um pouco do estado de “estagnação em que está”.
Paulo Morgado conclui a nossa entrevista com a seguinte afirmação: “Porque considero que muito daquilo que seja bom nos países mais evoluídos, desde que haja vontade por parte de Portugal de implementar essas inovações, é sempre bem-vindo. Penso que vinha no semanário Expresso uma entrevista em que Durão Barroso falava sobre o atraso português na Europa Ocidental. Nós temos esta responsabilidade de maximizar os contributos de pessoas que estão em países mais desenvolvidos, para tentar ajudar o nosso país.”