Olavo Silva Ferreira, é um imigrante Angolano que veio para Portugal onde fez a sua licenciatura em Gestão Financeira e Fiscal e dois Mestrados em Gestão de Projetos e Economia e Gestão do Ambiente. A imigração dos PALOP centra-se em duas vertentes; em
busca de melhores condições de vida ou para dar continuidade da formação académica. Fica o retrato de um Angolano que conseguiu singrar no mundo académico e profissional e que pensa que as relações entre Portugal e Angola “nunca estiveram tão boas, no entanto, há ainda muito por fazer, é uma relação com um potencial enorme, apenas depende nós.”
Encontra-se em Portugal há sete anos, e foi cá que fez a sua carreira académica, uma Licenciatura em Gestão Financeira e Fiscal e Dois Mestrados (Gestão de Projetos e Economia e Gestão do Ambiente).
Pensa que poderiam melhorar as relações bilaterais, mas “está a falhar alguma articulação entre os organismos dos dois países, temos tanto em comum, e o que não temos, pode também resultar em benefício de ambos países,” questões como a estrutura etária, disposição ou procura de mão de obra qualificada, disposição ou necessidade de recursos naturais, etc. Todas essas, são questões em que Angola e Portugal se apresentam muito diferentes, “penso que é possível criar alguma sinergia.” Refere Olavo.
Portugal é um país de emigrantes e Angola também, o imigrante Português em Angola, apresenta um perfil de classe média a alta, a grande maioria são técnicos superiores e empresários, “penso que a maior barreira que havia, era a dificuldade na obtenção do visto, mas hoje já não há essa “barreira.”
Em tempos, alguns colegas da Faculdade de Economia “perguntaram se em Angola eles poderiam andar à vontade, se não existia ressentimento?! eu ri-me muito, porque não há nos Angolanos qualquer tipo de ressentimento, somos um povo acolhedor, essa é a nossa natureza, tenho muitos amigos Portugueses que vivem em Angola ou que vão várias vezes por ano a Angola, e nunca houve uma única reclamação de xenofobia ou racismo, Angola é um país jovem, o que pretende é crescer, e conta com uma grande comunidade imigrante, sobretudo a Portuguesa, somos irmãos.”
No que diz respeito aos Angolanos a migrar para Portugal, a grande maioria apresenta um perfil mais baixo, são pessoas que vêm em busca de condições de vida melhores, por um lado, encontram uma qualidade de serviços claramente melhor, mas por outro, deparam-se com uma realidade que a internet mostra pouco, preços de arrendamento ou compra de imóveis exorbitantes, discriminação, dificuldade de integração e muito mais.
É extremamente lamentável, mas já se sentiu discriminado em Portugal, pois ainda existem pessoas que usam o tom da pele ou outras características raciais como critério, felizmente, essas pessoas não são a maioria.
Ações da CPLP, aspetos que deveriam evidenciar mais esta Comunidade
“Sinto-me mais seguro, mais do que isso, sinto-me integrado”, no âmbito da CPLP, têm sido dados passos significativos, esses passos têm resultado na facilitação da integração de imigrantes e na consequente aproximação entre os povos, alguns desses passos pecam apenas por tardios, “mas o caminho tem sido muito bem feito e faço votos que continue assim.”
Pensa que se pode fazer mais e melhor, por exemplo, no domínio da educação, ainda existem demasiados “muros”, há estudantes da CPLP que chegam a Portugal e têm dificuldade em matricular-se no ensino superior porque as instituições de ensino solicitam documentos que nos seus países de origem não existem, falta de diálogo e articulação entre as instituições homólogas.
Uma mensagem para todos os migrantes
“Migrar não é um luxo, é uma vontade de vencer que se sobrepõe a qualquer potencial obstáculo que esteja do outro lado, se escolheste um determinado país para viver, respeita a população local, pois é muito graças a esses que já cá estavam, que o escolhido país reúne as condições que tu enquanto imigrante consideraste serem ideais.” Finaliza Olavo Silva Ferreira.