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Segunda-feira - 9 Dezembro 2024

EXCLUSIVO: Câmara de Comércio Luso-Mexicana em forte conexão

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Em entrevista ao Jornal Comunidades Lusófonas o Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Mexicana, Eduardo Serra Jorge, falou sobre as relações económicas entre Portugal e o México. Estas duas economias, apesar de se encontrarem em continentes diferentes e geograficamente distantes, têm uma relação de proximidade. Eduardo Serra referiu a importância desta relação com o México, tendo em conta que em 2023, foi considerada a 12º economia mundial. E que os acordos proporcionam “acesso preferencial ao mercado mexicano para produtos portugueses, reduzindo barreiras comerciais e promovendo o crescimento das exportações, contexto do qual Portugal beneficia diretamente”.

Jornal Comunidades Lusófonas: Há quanto tempo Eduardo Serra Jorge é Diretor da CCILM?

Eduardo Serra Jorge: Há 20 anos, pois sou sócio fundador da CCILM e seu Tesoureiro desde o primeiro momento e, há cerca de um ano e meio, mais concretamente em Julho de 2022, assumi as funções de Presidente do Conselho Diretor da CCILM.

JCL: Quais são as suas funções na CCILM, o que faz de concreto, para clarificar o propósito?

ESJ:As minhas funções na CCILM abrangem um conjunto de responsabilidades. Sou, atualmente, Presidente do Conselho Diretor, que, por sua vez, é o Órgão Social responsável pela Gestão da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Mexicana, com as atribuições de definir e implementar os seus objetivos e as suas estratégias. Além disso, trabalho ativamente com todos os membros do Conselho Diretor e restantes Órgãos Sociais, bem como com todos os Associados e, ainda, com as entidades publicas e privadas com as quais a CCILM mantém uma relação de parceria e de proximidade, de forma a poder sustentar e ampliar o diálogo e a estratégia da CCILM, designadamente, junto das seus Associados, isto com o fim de os apoiar nas suas atividades e negócios, informando das oportunidades que surjam para a internacionalização das empresas no mercado luso-mexicano. Por outro lado, em conjunto com os meus colegas de Direção, coordenamos o trabalho no âmbito das relações institucionais com outras entidades publicas e privadas (Embaixadas, AICEP, Confederações e Associações Empresariais, etc) com quem a CCILM tem estabelecidas parcerias e colaborações que são, naturalmente, uma mais-valia para os nossos Associados, bem como com empresas e investidores interessados em explorar oportunidades de negócio bilaterais.

JCL: A União Europeia tem acordos de livre Comércio com o México. E Portugal faz parte da União Europeia. O México é altamente dependente do comércio externo, representando mais de 83,6% do PIB em 2021 (últimos dados disponíveis do Banco Mundial). Em que sentido é vantajoso para Portugal estabelecer acordos comerciais, e quais são as áreas de interesse económico do México para Portugal?

ESJ: Portugal, como membro da União Europeia, beneficia dos acordos de livre comércio que a UE estabelece com diversos países terceiros, desde logo, com o México, que, no ano de 2023, foi considerada a 12ª economia mundial.

Esses acordos proporcionam acesso preferencial ao mercado mexicano para produtos portugueses, reduzindo barreiras comerciais e promovendo o crescimento das exportações, contexto do qual Portugal beneficia diretamente. Contudo, quando falamos do México e da internacionalização de empresas portuguesas para o mercado mexicano, há que ter em consideração outros tratados importantes e que acabam por dar um contexto favorável às empresas portuguesas neste mercado. Desde logo, a Aliança do Pacífico (AP) e o T-MEC, Acordo de Livre Comércio entre o Canadá, México e os Estados Unidos, que contribuem de forma muito positiva para que o México seja visto como um mercado com muito potencial e uma plataforma de lançamento e de investimento português noutras geografias, desde logo, nos Estados Unidos da América e América Latina.

As áreas de interesse económico do México para Portugal incluem diversos setores como a Indústria Automóvel e Aeronáutica, Plástico e Moldes, Máquinas-ferramenta, Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), Energia, Indústria Farmacêutica, Agroalimentar e Agroindústria, etc . São, de facto, setores nos quais Portugal tem muito interesse, mas que, ao mesmo tempo, tem conhecimento e experiência de internacionalização, oferecendo, por sua vez, produtos de alta qualidade ao mercado mexicano. No entanto, existem hoje outros setores que começam a ter maior destaque e a CCILM é testemunho disso mesmo, visto que estamos, neste momento, com o nosso 5º Projeto de Internacionalização em curso, envolvendo, desde logo, o setor da agroindustria e agroalimentar, no qual o México é também muito forte mas que, por condicionantes climáticas e tecnológicas, as empresas portuguesas podem aportar especialização e qualidade.

JCL: No México não há uma comunidade expressiva de emigrantes portugueses, mas há. Sabe dizer quantos emigrantes portugueses estarão a viver no México, tem dados?

ESJ: Embora a comunidade portuguesa no México não seja tão expressiva em comparação com outras comunidades de emigrantes portuguesas, há registo, desde o final da década de 90, de um aumento do número de emigrantes portugueses a viver no México. Segundo os dados do Instituto Nacional de Estadística y Geografia, em 2020, registavam-se 731 portugueses residentes no México (https://observatorioemigracao.pt/np4/paises.html?id=156), um número bastante residual para uma população de mais de 126 milhões de habitantes.

JCL: O que espera das relações comerciais com o México? (Automóveis, máquinas automáticas de processamento de dados, peças de veículo, óleo de petróleo e monitores e projetos)?

ESJ: Espera-se que as relações comerciais com o México se continuem a fortalecer, proporcionando oportunidades para o comércio internacional entre empresas portuguesas e mexicanas. A Câmara de Comércio e Indústria Luso Mexicana (CCILM), tem contribuído precisamente para o fortalecimento e desenvolvimento destas relações.

Ao longo da última década temos apostado em Projetos de Internacionalização, financiados pela AICEP, no sentido de criar um contexto favorável para que as empresas portuguesas possam exportar uma variedade de produtos de alta qualidade para o México.

Cada projeto que temos vindo a desenvolver ao longo dos anos, tem um foco num setor diferente, desde logo, no setor das tecnologias e indústria tecnológica, setores dos moldes, máquinas-ferramentas, indústria e plásticos, entre outros. O México é um mercado claramente em expansão e com interesse em diversas áreas, designadamente, nas áreas já mencionadas, mas também nos produtos alimentares, vinhos, têxteis, e tecnologia de ponta. É, neste sentido, que a CCILM tem atualmente em curso o seu 5º Projeto de Apoio à Internacionalização, focado em empresas do setor do agronegócio. O objetivo, tal como nos restantes projetos Portugal Connect da CCILM, é sempre potenciar e aumentar o nível de exportações e/ou investimento português para o mercado mexicano, reforçando a divulgação de uma imagem de marca das empresas portuguesas no mercado mexicano, quer na vertente tecnológica, quer, no caso deste projeto em concreto, no setor agroalimentar. Acreditamos que a diversificação e o aprofundamento das relações comerciais entre os dois países podem levar a um aumento significativo no comércio e nos investimentos entre os dois países.

JCL: O que tem Portugal a oferecer ao México?

ESJ: Portugal tem muito a oferecer ao México, desde logo, em termos de produtos de alta qualidade, especialização em diversos setores e um ambiente favorável para negócios e investimentos nas geografias em que Portugal tem uma relação especial. Portugal destaca-se, cada vez mais, como um hub tecnológico na Europa, oferecendo soluções inovadoras em áreas como as tecnologias da informação, energias renováveis, e ciências da vida, que são muito apreciadas pelo mercado mexicano. Além disso, Portugal é também conhecido pela sua indústria do turismo, com destinos deslumbrantes e uma cultura rica que atrai cada vez mais turistas mexicanos. Contudo, queremos que o México e Portugal comecem a ser reconhecidos para além da qualidade inquestionável a nível do turismo internacional, mas também pelo seu potencial enquanto parceiros comerciais a nível global. A Câmara de Comércio e Indústria Luso Mexicana continuará a trabalhar para tornar este objetivo cada vez mais forte e ainda mais evidente. As relações diplomáticas entre Portugal e o México estão saudáveis e cumprem, precisamente este ano, 160 anos de existência, ano em que a Câmara de Comércio e Indústria Luso Mexicana faz exatamente 20 anos desde que foi fundada. Acreditamos que Portugal e o México se encontram num momento favorável de cooperação comercial e institucional e de crescimento mútuo, contexto este que deverá ser aproveitado pelas empresas portuguesas e mexicanas que pretendem internacionalizar os seus negócios além fronteiras, as quais poderão sempre contar com a CCILM enquanto seu parceiro institucional de preferência.

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