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Quinta-feira - 23 Janeiro 2025

EXCLUSIVO: Carlos Marcelo Presidente do Conselho Regional da Ásia e Oceânia, do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP)

Destaques

Carlos Rui Pires Marcelo é gestor e empresário, fez Mestrado em Gestão de Empresas pela Asian International Open University, especialização em Ciências Computacionais, e obteve o curso de Programa de Desenvolvimento de Liderança, pela Cranfield University – Cranfield School of Management. Dedicou grande parte do seu percurso profissional, de mais de 35 anos, nas áreas de gestão de empresas e de comunicações, e à promoção do desenvolvimento tecnológico e científico, considerando “que para a concretização de uma estratégia de desenvolvimento para Macau, a Tecnologia Informática desempenharia um papel importante na modernização da indústria local.”

Foi pioneiro na organização de seminários e congressos de informática em Macau, e autor de publicações sobre Planeamento e Consultadoria Comercial através da utilização de Tecnologia Informática, e de planos de desenvolvimento estratégico de Tecnologia Informática, e orador convidado em inúmeros seminários, congressos e conferências, tendo também desenvolvido estudos de projetos de viabilidade na área de e-Business, e serviços eletrónicos, em colaboração com a Universidade de Macau e com o Governo de Macau.

Foi gestor de empresas tecnológicas em Macau, entre 1988 e 1999, e desempenhou os cargos de Diretor-Geral de e-Business, e de Diretor-Geral de Sistemas de Gestão, e de Diretor-Geral do Departamento de Informática (CIO) na Companhia de Telecomunicações de Macau (CTM), entre 2000 e 2016.

Foi fundador de duas empresas de tecnologia informática em Macau, sendo actualmente CEO de uma delas, a InoLinq, uma empresa local de Inovação e Tecnologia.

Foi membro do Conselho Consultivo da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Macau, entre 2010–2015.

É Vice-Presidente da Associação de Desenvolvimento de Comunicações de Macau (MCDA) e Vice-Presidente da Associação de Artes Marciais e Cultura da Grande Baía. Foi eleito, durante o plenário mundial do Conselho das Comunidades Portuguesas, que decorreu em Lisboa entre 8 e 10 de Outubro de 2024, para o cargo de Presidente do Conselho Regional da Ásia e Oceânia, do Conselho das Comunidades Portuguesas, e nomeado para o cargo de Secretário do Conselho Permanente do CCP, que coordena a execução do plano global de ação do Conselho e emite pareceres sobre as políticas relativas às comunidades portuguesas, e asseguram a comunicação, enquanto órgão consultivo, com o Governo Português para as políticas relativas à emigração e às comunidades portuguesas no estrangeiro.

É residente em Macau desde 1982, mas a sua história começa em Lisboa, onde nasceu a 18 de Março de 1961. No entanto, antes de completar um ano de idade, “a minha família decidiu mudar-se para Angola.” Essa transição foi o primeiro capítulo de uma vida marcada por experiências e culturas diversas. Viveu na “inesquecível cidade costeira de Moçâmedes”, conhecida pela sua beleza natural e pelo calor humano dos seus habitantes.

Os anos em Angola foram fundamentais para a sua formação, porquanto lhe permitiram absorver a riqueza cultural e as tradições locais. Em 1975, e durante o processo que antecedeu a independência de Angola, regressou juntamente com a família a Lisboa para “que eu pudesse continuar os meus estudos.” Foi uma mudança, não apenas geográfica, mas também emocional, pois deixou para trás um lar que sempre esteve no seu coração. Introduziu no quotidiano novos desafios e oportunidades. Em Lisboa, pode aprofundar conhecimentos e explorar as suas raízes portuguesas, ao mesmo tempo que mantinha viva a memória de Angola.

Em 1982, surgiu no horizonte do seu destino a oportunidade de se estabelecer em Macau, um lugar que, desde então, “se tornou o meu lar, e a minha mátria.”

A cidade, com o seu ambiente multicultural, ofereceu-lhe oportunidades incríveis e desafios que moldaram quem é actualmente, e contribuiu definitivamente para o estabelecimento da sua identidade. Ao longo dos anos, testemunhou transformações significativas naquela região, desde o crescimento económico até às mudanças sociais, “e tenho orgulho em fazer parte desta história, em constante evolução.”

É Conselheiro das Comunidades Portuguesas, como resultado de um trabalho conjunto, ao longo dos últimos dois anos e meio, altura em que foi convidado a incorporar um projecto que desse sequência ao excelente trabalho desenvolvido por José Pereira Coutinho, e por Rita Santos, respectivamente, Presidente da Direção e Presidente da Assembleia-Geral da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), e pelos seus ex-colegas Conselheiros Gilberto Camacho e Armando de Jesus, no Conselho das Comunidades Portuguesas, nas últimas duas décadas, e culminou com a sua integração na lista ao sufrágio do Conselho das Comunidades Portuguesas do Círculo da China, cujo ato eleitoral decorreu no dia 26 de Novembro de 2023, onde “fomos eleitos para um novo mandato de quatro anos,” refere.

Inicialmente, era Assessor de Imagem e Comunicação, e posteriormente como Assessor para as Relações Internacionais do Conselho das Comunidades Portuguesas do Círculo da China, teve o privilégio de organizar e participar em reuniões do Conselho Regional da Ásia e Oceânia, e de acompanhar Rita Santos, em 2023, numa visita de trabalho que “efectuámos a Portugal no âmbito da reunião anual do Conselho Permanente do Conselho das Comunidades Portuguesas (CP-CCP), e enquandrada num conjunto de reuniões com várias autoridades governamentais e particulares.”

Conselheiro Regional da Ásia e Oceânia

As referidas nomeações para os cargos de Presidente do Conselho Regional da Ásia e Oceânia, do Conselho das Comunidades Portuguesas, e de Secretário do Conselho Permanente do CCP, não são apenas o reconhecimento do trabalho desenvolvido até aqui pelo CCP do Círculo da China, mas também uma grande responsabilidade. O seu objetivo principal será fortalecer os laços entre as comunidades portuguesas nas regiões que representam, que incluem Macau, Hong Kong, o Interior da China, Timor-Leste, Austrália, Banguecoque, Tóquio, Seul e Singapura, e promover a cultura, a língua e os interesses dos portugueses que nelas residem. “Acredito que, juntos, poderemos enfrentar os desafios com que nos iremos deparar e aproveitar as oportunidades para enriquecer a nossa comunidade e potenciar as nossas capacidades”, explica.

O Conselho Regional da Ásia e Oceânia é constituído pelos conselheiros eleitos pelos círculos eleitorais correspondentes à Ásia e à Oceânia.

Como órgão consultivo junto do Estado português, “compete-nos interpretar e exprimir, junto das autoridades portuguesas, os legítimos anseios e aspirações das comunidades de portugueses emigrados, para que estas possam corresponder às suas expectativas de uma forma mais eficaz. Os conselheiros, como seus representantes nos respectivos países de acolhimento, têm a responsabilidade de promover o diálogo entre os portugueses e lusodescendentes e as respectivas autoridades e instituições,” facilitando uma integração harmoniosa e reconhecendo o valor da sua participação cívica. Considera, que o Conselho das Comunidades Portuguesas desempenha um papel fundamental na representação dos cidadãos portugueses no exterior, pelo que é fundamental o apoio das autoridades portuguesas para o fortalecimento da ligação entre as comunidades no estrangeiro e Portugal, promovendo uma maior participação cívica e cultural.

A sua integração em Macau foi uma experiência “surpreendentemente fácil”. Quando chegou, no início dos anos 80, o ambiente era muito tranquilo e acolhedor, e a cidade preservava um ritmo de vida mais calmo. Macau vivia uma fase de início de transição, onde se tinha verificado o estabelecimento de relações diplomáticas entre Portugal e a República Popular da China, e a assinatura de vários acordos de cooperação. Foi durante essa década que a China informou Portugal que desejava abrir negociações para discutir o estatuto de Macau que resultou na assinatura de uma Declaração Conjunta, a que se seguiu um processo de transição que terminou com a cerimónia da transferência de soberania em 20 de Dezembro de 1999.

Embora houvesse alguns desafios iniciais, como a barreira da língua, em determinadas circunstâncias, a diversidade cultural de Macau, e a sua identidade, com influências portuguesas e chinesas, e de outras origens, com características multiculturais com que se identificava, a hospitalidade dos Macaenses e a atmosfera amistosa tornaram o processo de adaptação muito mais suave.

A época foi marcada por um forte senso de comunidade, onde as relações interpessoais eram valorizadas, o que lhe permitiu construir ligações significativas, incluíndo familiares, facilitando a sua inserção no mercado de trabalho local.

A visão dos Macaenses sobre Portugal e os portugueses

Rui Marcelo salienta que em geral, os portugueses em Macau e de forma mais ampla na Ásia são vistos, em grande parte, como “embaixadores de uma cultura rica e diversa, contribuindo para a tapeçaria multicultural da região”. A história de Macau, como um antigo território sob administração Portuguesa, deixou uma marca significativa na cultura local, e essa ligação é especialmente valorizada pelos Macaenses, que possuem uma identidade única, resultado da fusão e do encontro das culturas chinesa e lusófona, e têm um papel fundamental na apreciação da herança cultural portuguesa. Eles celebram essa ligação histórica e riqueza cultural que confere aos portugueses um certo prestígio, especialmente entre os mais velhos, que se lembram das influências culturais e comerciais que Portugal trouxe para a região.

Na RAEM, muitos residentes apreciam a herança portuguesa, que se reflecte na arquitetura, na gastronomia e nas cultura, sendo os portugueses reconhecidos como pessoas calorosas e acolhedoras, com uma rica tradição cultural que desperta interesse e se traduz numa convivência harmoniosa, onde a cultura portuguesa é integrada no quotidiano da vida de Macau e dos Macaenses.

Um conselho aos portugueses que estão emigrados ou que pretendam emigrar

Apesar das circunstâncias e das características dos novos emigrantes serem substancialmente diferentes das que compuseram os movimentos populacionais do século XIX, e da primeira metade do século XX, é sempre necessário a qualquer cidadão que decida abandonar o seu país de origem para se radicar noutro local, ter em consideração que a adaptação a um novo país pode ser um desafio, mas também é uma oportunidade incrível de crescimento e enriquecimento pessoal e profissional. Para tal, é necessário ter abertura para novas experiências e estar disposto a aprender.

No caso específico de Macau, um território que moldou profundamente a sua identidade e património cultural, numa fusão entre o Oriente e o Ocidente, o que se reflete na sua arquitetura, culinária e língua, com uma dualidade linguística que é um testemunho da herança multicultural única do território, e que transmite uma dimensão fascinante à sua identidade, é preciso também reconhecer que “estamos inseridos numa realidade bastante diferente da que se verificava no início dos anos 80, com desafios muito exigentes, mas também aliciantes, sendo no entanto fundamental respeitar as suas particularidades para que a sua integração se proceda com tranquilidade.”

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