Presidente da AGB, (Ajuda a Guiné-Bissau) , o médico Jorge Magalhães
Em entrevista ao Jornal Comunidades Lusófonas, o Presidente da AGB (Ajuda a Guiné-Bissau), Jorge Magalhães, está indignado com o que se está a passar na Guiné-Bissau relativamente aos contentores que vão para aquele país e que depois desaparecem. Neste momento a AGB avançou que querem ajudar a construir escolas na zona do Cacheu, que fica mais ou menos a 100 quilómetros de Bissau, capital do país. Num desabafo de indignação e revolta o Presidente da AGB, quer garantias para o envio de material escolar para a escola em Cacheu tem de ter 100% de certezas que o material chega ao seu destino e que o contentor é devolvido e venha para Portugal.
No contentor vai material escolar, cadeiras, armários, cacifos, e outros materiais doado pelas Câmaras Municipais do Norte que estão a substituir o seu equipamento, e estão a doar o material mais antigo que se encontra em excelentes condições.
Conseguiram armazenar cerca de 400 ou 500 secretárias, e quase 1000 cadeiras, armários, livros, cerca de 500 quilos de livros de vária ordem, desde o estudo a outros.
Neste momento vão enviar um contentor, e têm previstos mais três contentores, vai depender do material que se consegue colocar dentro de cada contentor.
Cacheu comprometeu-se a pagar o contentor, mas “temos um problema que estamos a tentar a ultrapassar, é que os contentores quando chegam à Guiné, depois de esvaziados, desaparecem”. É um problema já antigo. Os contentores com material quer para escolas, quer para hospitais desaparecem, e ninguém sabe qual é o seu destino.
“Isso não pode acontecer”, reitera o Presidente da AGB, e isto porque a caução necessária para manter o desaparecimento de um contentor é superior ao custo de cada transporte, “temos que garantir que o contentor que lá chega é devolvido.”
Senão não “vamos investir”, refere o Presidente. As pessoas têm que garantir a cumprir aquilo que se comprometem, senão “estamos a trabalhar para nada”. “Temos que ser responsáveis, e é neste pé que estamos”.
“Já contratamos duas empresas de transportes marítimos, uma delas exigiu a caução. A outra empresa ainda não nos pôs esse problema, mas vai colocar. Já encetei contactos com pessoas de governos, em informamos que há contentores desaparecidos, e isto não pode acontecer.”
Estão a ser rigorosos na abordagem, porque as pessoas têm que garantir que devolvem os contentores, ou “nos ajudam a ser úteis com eles, ou então não vamos continuar a lutar contra a maré!”
Esta problemática não tem a ver com as autoridades portuárias, mas sim quando vão a caminho do destino, pois nem contentor nem material chegam lá.
Há uns anos atrás “tivemos esta experiência com material médico para um hospital que nunca chegou, nem contentor nem material.”
“Não sabemos o que se passou. Nós ajudamos, mas queremos retorno porque ajudar para nada, é muito desmotivante.” Vinca o Presidente.
Um contentor novo custa seis mil euros. O contentor não é da AGB, é fretado, e “não nos levam nada, só pagamos o transporte marítimo”, que são cinco mil euros, já com taxas.
“Eu empresto a caixa, mas devolvam-me a caixa”, senão em vez de custar cinco mil euros custa onze mil euros.
Neste momento para contornar esta situação “estamos a negociar com várias situações, que por razões confidenciais não posso revelar,” mas “estamos a negociar soluções.”
O contentor demora cerca de um mês até chegar à Guiné-Bissau, mas se for numa companhia que faz transbordo, demora dois meses.
O material que “enviamos não é perecível”, aguenta bem, cabem mais de duzentas, trezentas secretárias em cada contentor, se forem bem acondicionadas, mais cadeiras e livros, é um contentor de quarenta e dois pés.
O que vai acontecer com este contentor, vai seguir ou não para Guiné-Bissau?
Questionado sobre este assunto o Presidente mencionou que “em princípio vai, 99% de certeza vai, mas estamos a trabalhar para que seja devolvido”. A questão é, o material vai, “mas tenho que ter a garantia a 100% que o contentor é devolvido”. Porque senão vai recair na Associação. Seis mil euros na Guiné-Bissau é muito dinheiro, para se construir parte da maternidade de um hospital em que a AGB está também ajudar a construir, e que precisa. Já deixaram uma mensagem aos governantes da Guiné-Bissau. Agora é aguardar e ver o que vai acontecer, se o contentor vai seguir ou não. Ajudar nem sempre é uma questão de vontade, há muitas nuances pelo meio.