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Terça-feira - 11 Novembro 2025

EXCLUSIVO – De Portugal para Angola, do ensino aos laboratórios químicos: a grande jornada

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Maria Vasconcelos, é portuguesa, fez grande parte da sua vida em Portugal. Licenciou-se em Química em 2007, na faculdade de Ciências em Lisboa. Com boa média e algumas publicações, foi convidada a seguir diretamente para o Doutoramento. Com a atribuição de bolsas mistas, permitiu-lhe fazer uma parte em Portugal e outra no estrangeiro, em Química Inorgânica, na faculdade de Ciências em Lisboa e em Viena, na Áustria, tendo concluído o Doutoramento em 2012.

Maria Vasconcelos no laboratório

A partir daquele momento pretendia fazer a sua vida na faculdade. E o passo, seguinte, seria um pós-doutoramento. E mais um ano com uma bolsa e depois mais outro ano com outra bolsa, tendo-se apercebido que ficaria “empatada” e no limbo, e o resto da sua vida ficaria um bocadinho em suspenso.

Surgiu uma oportunidade de ir para Angola, onde se encontra neste momento. A necessidade de preencher quadros académicos numa universidade em Luanda era premente, precisava(m) de doutorados, e Maria Vasconcelos foi lecionar Química no primeiro ano de Engenharia.

O ensino superior em Angola é ainda bastante debilitado, e muito frágil.

Ao fim de um ano, ainda estava a dar aulas, mas devido a cortes de orçamentos e para “fugir” um pouco da vida académica, e como gostava de viver em Angola, entrou no ramo da Indústria.

Foi iniciar com um laboratório de Química, no setor das águas, no Sul das províncias de Angola.

Os laboratórios provinciais do controlo de qualidade da água, que já existiam fisicamente, não estavam apetrechados, os técnicos não tinham formação, e a ideia era recomeçar. Fizeram um levantamento daquilo que existia. (A empresa onde estava a trabalhar, no setor privado, neste caso numa empresa portuguesa ligada a Portugal).

Maria Vasconcelos a trabalhar no terreno

O trabalho consistia no controlo de cuidado da água, fizeram os planos de controlo de qualidade. Depois a formação toda dos técnicos para os ensaios das águas, ensaios químicos para o controlo de qualidade, desde recolher as amostras até aos ensaios de rotina, que devem ser feitos. Todo este trabalho nas províncias do Sul de Angola.

Terminou esse ano nessa empresa que estava ligada ao setor da construção também, e depois entrou num laboratório de materiais de construção, uma empresa portuguesa que estava ligada à Mota-Engil Angola, e a Indaqua Angola, empresa no Sul de Angola.

A Mota-Engil Angola chamou-a para fazer o arranque do laboratório químico na área dos materiais, não só de águas, enquanto materiais de construção, fez todo o processo de acreditação do mesmo, com a entidade acreditadora do IPAC, (Instituto Português de Acreditação), porque em Angola ainda não tem uma entidade que concede as acreditações, tendo que recorrer ao organismo português.

Foram os auditores e fez-se o processo da acreditação, Maria Vasconcelos esteve cinco anos a trabalhar na Mota-Engil Angola.

Neste momento está na fiscalização, numa empresa Egípcia e Libanesa, a DAR Angola, a arrancar com o laboratório deles.

Montou novamente o processo de acreditação e “posso dizer que são os dois únicos laboratórios no setor da construção acreditados”, revela Maria: “O da Mota-Engil e a DAR”, neste momento faz a gestão de um laboratório, controlo de qualidade de materiais de construção.

Paludismo

Segundo a Química, ainda é bastante preocupante em Angola, o Paludismo (Malária), que estão mais presentes nas províncias a Sul de Angola, e em Luanda.

Portugueses, são muitos?

Na parte da construção, a grande maioria das empresas de construção são portuguesas, têm expatriados que estão a trabalhar e a viver em Angola. Na empresa onde Maria Vasconcelos trabalha é a única portuguesa.

Ao nível laboratorial…

A água é um material de construção, e neste caso, “também temos a parte da vertente do consumo e depois temos os solos, os agregados, fazer a verificação se estão ou não aptos para serem usados como materiais de construção.” Refere Maria.

A maior parte são materiais de natureza, são solos, as pedras, os manipulados é o cimento e o betão, mas a maior parte são materiais naturais. “Nós só verificamos se estão aptos para poderem ser usados, referindo Maria Vasconcelos, que têm determinados parâmetros que estão enquadrados naquilo que é necessário para determinadas construções, sendo que varia de construção para construção. Se estamos a construir uma casa, tem que haver determinados parâmetros, se estamos a construir uma ponte, outros parâmetros, o que nós fazemos é a verificação se se enquadra ou não, dentro daquilo que é necessário para as obras em que estão a ser executadas.” Explica a profissional.

Esteve durante dois anos, onde fez parte de uma de uma comissão técnica que fazia parte de um organismo de Estado da qualidade da água, fazia a parte do enquadramento das normas estrangeiras e enquadradas à realidade angolana, e havia várias entidades com as quais trabalhava, estatais e privadas do setor angolano e havia muito pouca gente, “éramos dois ou três, dentro de um universo Angola, é muito pouco na área da Química. Inclusive houve alguma dificuldade em avançar com determinados trabalhos, devido a esse fato,” finaliza.

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