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Terça-feira - 13 Maio 2025

EXCLUSIVO: De uma emigração pouco desejada ao Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP)

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Manuel Machado é um português que se lançou à aventura da emigração ainda jovem, “empurrado” pelo irmão que já vivia na Alemanha, foi pela primeira vez, mas não conseguiu ficar por lá muito tempo e regressou a Portugal, tendo de seguida ir cumprir o serviço militar obrigatório. Concorreu para a polícia e foi aceite, mas em 1987, o seu irmão veio a Portugal de férias e convenceu-o de novo a ir para a Alemanha, e desta vez foi, sempre com um pé atrás, e à espera de ser chamado para ir para a polícia. Conheceu lá a sua atual esposa, e por lá se encontra desde 1987, há 37 anos, deixando para trás a carreira na polícia e o país que o viu nascer. Com pouca formação académica, foi trabalhar para uma fábrica que se dedica a componentes de automóveis, teve vários cargos, mas atualmente é Chefe de Logística numa fábrica multinacional Americana.

Assembleia da República

Anos 23 anos foi viver para uma cidade perto de Colónia, a 30 quilómetros e “fiquei numa pequena empresa que que havia na minha cidade e depois passado pouco tempo, mudei para um para uma multinacional Norte-Americana, a Federal Mogul, onde desempenha as funções de Chefe de Logística, componentes para automóveis. E encontra-se a trabalhar lá desde 1990 até agora.

O Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP)

Em 1990, Manuel Machado começou a interessar-se pela política local e como já estava no Associativismo, na Associação Portuguesa, no clube futebol, começou a interessar-se pela política local e em 1995, na Alemanha, fez-se uma lei onde tinha de haver em todas as cidades um Conselho de Integração para os imigrantes. Foi desde essa altura que começou a alimentar o gostinho pela causa pública e pela política. Fazia e faz parte da Comunidade Portuguesa Católica da cidade e do Centro Português. E em 1995, o Conselho de Integração, que na altura se chamava Conselho dos Estrangeiros. Na qual pensou em candidatar-se.

Na altura não tinha nem a experiência nem o conhecimento que os outros candidatos tinham, pois tinham nascido em solo Alemão.

Festa da Comunidade Católica Portuguesa de Burscheid

Nesse período podia-se candidatar ou por listas ou em nome próprio, e arranjou uma lista em nome próprio. E lá se candidatou sozinho e foi eleito com 27% dos votos. E faz parte do Conselho de Integração até hoje, umas vezes em listas, outras vezes sozinho. A maior parte das vezes sozinho, consoante as pessoas que se candidatam.

Desde 2015 que é o Presidente do Conselho de Integração da cidade de Burscheid, onde reside. Desde 1995 até 2015 foi duas vezes Vice-Presidente. Uma vez tesoureiro e a partir de 2015 até hoje é o Presidente do Conselho de Integração.

Comemoração dos 60 anos da emigração portuguesa para a Alemanha, Colónia.

No que diz respeito ao Conselho das Comunidades Portuguesas, em 2007, houve eleições para o Conselho das Comunidades e foi convidado para entrar numa lista. “Mas eu na altura, como não sabia o que era o Conselho das Comunidades e não tinha muita disponibilidade, pois tinha duas crianças pequenas, o trabalho, e a compra da casa, não estava com disposição de fazer parte. “Mas fiquei com a ideia na cabeça”. E então “comecei a acompanhar o trabalho do Conselho das Comunidades, quer pelo jornal, quer em reuniões na qual se podia comparecer, e começou a a interessar-se em 2015. Foi convidado por uma pessoa para fazer parte de uma lista. Mas como já tinha pensado em candidatar-se, fez a sua própria lista. Já tinha arranjado duas pessoas, só me faltava mais uma.

Agradeceu à pessoa que o convidou e candidatou-se sozinho, com uma lista própria, e ficou em primeiro lugar, tendo sido eleito. Em 2023, houve outra vez eleições. “Candidatei-me novamente com a com uma lista própria, que se chama Comunidade entre Gerações, e foi eleito outra vez.

O que é que faz um Conselheiro das Comunidades portuguesas e quais são os seus maiores desafios.

Os desafios são os de sempre. As redes consulares, o Associativismo e o ensino da língua portuguesa. Estes três temas, estão já desde o princípio, desde a criação do CCP. Embora depois surjam outros. Desde 2015 “tivemos alguns temas:o recenseamento automático. E os impostos das mais-valias. E que “conseguimos que hoje haja igualdade no pagamento das mais valias, porque havia uma diferença muito grande. Os portugueses que moram em Portugal e os portugueses que moram fora de Portugal, pagavam impostos diferentes. Por exemplo: os portugueses que moram em Portugal pagam 28% de 50% das mais-valias e os portugueses não residentes pagávamos 28% de 100% das mais valias e a partir do ano de 2023 ficou igual.

Significa com isto que se tiver 1000 euros das mais valias, pago 28% e se se um português que mora em Portugal tiver também os mesmos 1000 euros também paga 28 %. “São algumas das reivindicações que nós fizemos. “Também lutamos para que haja o voto eletrónico na imigração, mas até à data ainda “não conseguimos”. “Tivemos aqui na Alemanha, um grande problema que foi e continua a ser o cartão do cidadão que não é reconhecido nalguns locais deste país.”

Apesar de nos últimos sete anos termos tido encontros com os Secretários de Estado ou com os deputados falávamos sempre nisso, mas também não houve grandes alterações nesse sentido. A única coisa que conseguimos foi: o Consulado arranjou uma folha onde uma pessoa podia levar e apresentá-la como cartão do cidadão.

Alguma vez se sentiu discriminado na Alemanha?

Apesar de viver com a família “esta não é a nossa casa”. E a dificuldade com a língua é um obstáculo, mas as coisas nos últimos anos têm modificado. Os novos imigrantes têm a oportunidade ou pode fazer um curso de alemão.

Na altura não havia nada disso. Este curso, que é obrigatório agora, foi impulsionado pelo Conselho de Integração.

Nunca se sentiu verdadeiramente discriminado, mas sente-se a diferença entre ser alemão ou não. Costuma dizer que “nós, os estrangeiros, para chegarmos ao mesmo posto de um alemão, temos de ser 100% melhores. Senti várias vezes no meu trabalho, porque para chegar onde cheguei, tinha de ser de facto melhor”. “É discriminação?! Não sei” Não podemos ignorar.” Mas “eu acho que em todo o ser humano, há sempre um bocadinho de discriminação”.

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