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Domingo - 16 Fevereiro 2025

EXCLUSIVO: Do Futebol a Vice-presidente de Notodden na Noruega, sem esquecer o Ensino Superior

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Nuno Marques, ex-jogador de futebol instalou-se na Noruega para jogar futebol e presentemente – fora das quatro linhas -, dedica-se ao Ensino Superior na Universidade Metropolitana de Oslo na Noruega, onde leciona Cibersegurança e Globalização da Tecnologia.

Presentemente está a frequentar o doutoramento remotamente na Inglaterra em Direito Internacional, em Birmingham. É uma pessoa muito dedicada à família e quando questionado sobre o regresso a Portugal, confessa que ultimamente já se pode considerar, mas “há dez anos atrás nem pensar”. Mas com os pais a ficarem mais velhos e a necessitarem mais de apoio, talvez se concretize um dia o seu regresso.

O seu percurso de vida foi um percurso bastante peculiar. Foi para a Noruega para jogar futebol, esteve nas camadas jovens do Benfica, na equipa principal, do Clube duas épocas e depois esteve uma época no Estrela da Amadora antes de emigrar para a Noruega há 20 anos atrás.

Estava no segundo ano de Direito na Universidades de Lisboa, quando emigrou para a Noruega há duas décadas, “fiz a minha carreira e terminei-a aqui na Noruega. Depois terminei os estudos aqui.” Tendo-os completado em Inglaterra, mas a viver e trabalhar na Noruega.

“Muitos fazem o percurso inverso”, vão para Portugal para jogar futebol. “Eu vim para a Noruega para jogar futebol e depois terminei os estudos na Universidade em Inglaterra”. Quando terminou os estudos foi trabalhar para a Segurança Social, e durante um ano e meio, lá trabalhou até 2015, quando começou a dar aulas no Ensino Superior. Há três anos, estou na Universidade Metropolitana de Oslo, “onde leciono a cadeias da cibersegurança e da globalização da tecnologia. Entretanto, faço o doutoramento em Inglaterra na Universidade de Birmingham.” Salienta Nuno Marques.

“Não terminei a licenciatura que comecei em Portugal de Direito, fiz Economia e Administração com especialização em Inovação, e Empreendedorismo. Depois tirei um Mestrado em Relações Internacionais, aqui na Noruega e depois na Inglaterra, tirei um mestrado em Direito Internacional e Diplomacia na Universidade de Lancaster, e agora estou a fazer um doutoramento em Direito Internacional, na Universidade de Birmingham.”

Trabalha numa Universidade em Oslo, e ao mesmo tempo é Vice-Presidente do Município de Notodden, que fica a cerca de uma hora da de Olso.

As saudades

Quando emigrou para a Noruega, foi para jogar futebol, tinha 22 anos. Era “novito” era tudo uma experiência, tudo novo, depois foi fazendo amigos. “Fui gostando do país, claro que a distância não é assim tão longa entre Portugal e Noruega, nessa altura ia a Portugal 3, 4 vezes ao ano. São apenas quatro horas de viagem de avião, e em 2008, casei-me com uma portuguesa. Temos dois filhos. Claro que depois a adaptação torna-se mais fácil a um novo país, quando temos a família, quando temos crianças, e após 20 anos estamos muito bem integrados.”

A prova disso é o facto de ter sido eleito pela segunda vez consecutiva, como Vice-presidente do Município em Notodden.

“Somos portugueses, e a saudade de Portugal, não é apenas um nome”. É um país com um “potencial enorme. Temos saudades dos nossos amigos, das nossas famílias, mas estamos muito bem integrados e aqui na Noruega, temos qualidade de vida.”

Como é que os Noruegueses vêm os portugueses

“Eu penso que a forma como vêm os portugueses é a mesma forma que os portugueses são vistos no resto do mundo. Acho que Portugal e os portugueses têm uma excelente imagem por esse mundo fora. Eu já visitei muitos países e sinto que as pessoas têm uma excelente impressão dos portugueses, que são sérios, profissionais, que se pode pode confiar nos portugueses, e que são trabalhadores.”

Aqui na Noruega, não foge muito a ideia que as pessoas têm sobre os portugueses. Claro que o desporto e o futebol ajudou se certa forma a integrar, se calhar ainda mais numa numa cultura nórdica como é a Norueguesa.

Admite que o facto de ter jogado futebol lhe ajudou a abrir outras portas, que se calhar não seriam abertas “se tivesse optado ou tivessem migrado para a Noruega, para fazer outro outro tipo de trabalho.”

Vice-Presidente de Notodden

Na Noruega é Vice-presidente de Notdden, um cargo político. É vice-presidente do Município de Notodden com cerca de 13 000 habitantes e deputado no Parlamento Regional. Aqui as estruturas políticas também se dividem em três: Municipal, Regional e Nacional.

Aqui não existem juntas de freguesia. Em Portugal também há três níveis políticos: no Parlamento na Assembleia da República, a nível municipal, e ao nível das juntas de freguesia.

O que é que faz com esse nesse cargo?

Envolvido em muitos setores; desde a área da saúde, da educação, – porque os municípios têm responsabilidade das escolas primárias e das escolas do ensino básico, temos responsabilidade pelos Lares Municipais, responsabilidades pelas estradas municipais, abrange tudo e todas as competências que pertencem aos municípios.

A última vez que falou com o Embaixador de Portugal na Noruega, ele disse-lhe, embora nem todos os portugueses estejam inscritos na embaixada, que há um número de portugueses a viver na Noruega, mas inclui a Islândia, porque a Embaixada de Portugal na Noruega inclui também a da Islândia, e que são à volta dos 10 000 portugueses a viver nestes dois países nórdicos.

A Noruega tem mais ou menos 5 000 milhões de habitantes, a metade de Portugal, mas com um espaço territorial bastantes extenso.

Após 20 anos e “como nos sentimos bem integrados e gostamos de aqui estar, conseguem ver mais vantagens e mais qualidade de vida na Noruega, do que se vivêssemos em Portugal, se bem que há medida que os anos passam há a ideia de um dia poder regressar a Portugal. Se fosse há 10 anos atrás nunca seria esse tema se poria em discussão em casa.”

Podiam regressar agora, sim. À medida que o tempo passa, “vemos que os nossos pais que estão mais velhos, e que se calhar precisam mais da nossa ajuda e presença. É algo que está nas nossas conversas, um dia regressaremos a Portugal.” O que menos gostam são os Invernos, bastante longos. A partir de Dezembro até Abril, são dias muito escuros, pouco sol e podem ter quatro meses de neve com um verão muito instável, que tanto faz sol e calor como após uma hora começa a chover com frio. Mas como dizem os noruegueses: “aqui não há mau tempo, apenas roupas pouco apropriadas para o Tempo”.

Têm que ver sempre o estado do tempo para o dia seguinte, ou para a tarde. Para saberem que tipo de roupa que vão usar, “enquanto que em Portugal não há essa essa preocupação”.

Mas com o tempo já se habituaram. Em termos de alimentação, considera que a gastronomia é muito mais rica e variada em Portugal, ao contrário da Noruega. Em termos de cozinha e de restauração é do melhor que temos e, somos também conhecidos por isso, enquanto a Noruega não há o hábito de ir ao café ou de ir a um restaurante e, portanto, não há tanta vida social.

Há restaurantes portugueses na Noruega?

“Há há um ou outro, se não me engano”, ou com cozinheiros portugueses, ou com comida portuguesa. Sabem que há cozinheiros portugueses e também com alguns restaurantes com pratos portugueses. Também há associações de Portugueses a “lusofonia” em Oslo e Bergen, que é a segunda maior cidade da Noruega que fica da zona costeira da Noruega.

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