Formado em Informática e Gestão de Empresas, Pedro Lobo acabou o curso em 1993. Esteve a trabalhar numa empresa do ramo da confeção em Fafe e depois surgiu a oportunidade de ir para Macau trabalhar na área da educação, o correspondente ao Ministério da Educação em Portugal. “Comecei a trabalhar nessa área na parte das redes está do serviço de educação aqui de Macau.” Assegura Pedro Lobo. Tendo mais tarde surgido uma vaga de professor em que foi indicado para substituir, desde 1995 até à data, tem sido professor de informática no ensino secundário.

Teve várias oportunidades de negócio, na qual criou pelo menos duas empresas com outros sócios e mais recentemente com o seu irmão abriram uma empresa de consultoria na área do jogo e das Relações Internacionais com a China. “Basicamente é isto que eu tenho feito destes últimos anos. Já lá vão quase 30 anos de Macau.” Evidencia Pedro Lobo.
Neste momento está a trabalhar como professor de informática no ensino secundário na Escola Portuguesa de Macau, estando já no quadro local da escola de Macau. Mas este ano conseguiu lecionar em outras duas escolas, pertencentes ao Governo Macaense. Uma é a Escola Oficial Zheng Guanying, que é uma das figuras mais importantes da história chinesa em Macau, que foi um influente político, poeta erudito. “Estou também a lecionar na escola Luso Chinesa de Luís Gonzaga Gomes. Luís Gonzaga Gomes foi também uma figura muito importante, mas desta vez ligada à comunidade macaense local. Ensinar em ambas as escolas, também em português e informática.”

Em Macau a escola começa bem mais cedo do que em Portugal, as Luso-Chinesas e Chinesas começam no dia 2 de setembro, “temos 195 dias úteis de escola e terminam em meados de julho. Embora em Portugal a partir do mês meados de Junho já não haja aulas, “nós aqui continuamos a ter aulas até basicamente o final de junho e meados de Julho.
As pausas letivas
“Continuamos a celebrar o Natal e que coincide um bocado com a os feriados da transição de Macau, do retorno à China, e a celebração do Natal é logo a seguir. Não celebramos a Páscoa, mas celebramos o Ano Novo Chinês, datas que coincidem.

De resto, são dias normais de aulas. A escola portuguesa celebra praticamente tudo à exceção do Carnaval, porque não é uma festa culturalmente comum na Ásia. De resto, têm as férias normais e os feriados são bastante menos. Na escola portuguesa temos o 10 de Junho, 25 de Abril, 10 de Junho e 5 de Outubro. Os outros feriados não são celebrados.
Não se trabalha no dia da Região Administrativa Especial de Macau. Por respeito à história e à comunidade católica local, que é bastante significativa. De resto, não têm mais nenhum feriado português.

O corpo docente é quase todo português, tirando alguns professores de inglês que neste momento são também são chineses, mas que têm formação para dar aulas em inglês. De resto, o corpo docente é português.
Vai fazer 30 anos agora em 2025 que vive em terras do Oriente, vem a Portugal com frequência. Praticamente tirando aqueles três anos da pandemia., “foram anos muito difíceis”, vão basicamente todos os Verões a Portugal no Natal, ano sim, ano não.

Conseguem colmatar as saudades com vídeo-chamadas e telefonemas, com muita frequência, especialmente agora que os pais estão a ficar com uma certa idade, e os cuidados são redobrados. “Falamos basicamente dia sim dia não pelo telefone, sempre que sintimos que alguma coisa possa estar a correr mal telefonamos.
Portugueses em Macau
São oriundos de Portugal cerca de 2 800 portugueses. A Comunidade macaense, que é uma comunidade mista Portuguesa ou chinesa ou Malaia ou Filipina, serão uns 8 500, 8 600 habitantes, depois, no sentido lato do português, ou seja portadores de nacionalidade e passaporte, “somos quase 200 000 nacionais portugueses.”
Não se pode esquecer que antes de 1999, toda e qualquer pessoa que nascesse em Macau tinha direito à nacionalidade ortuguesa, porque era um território administrado por Portugal, e como tal, tinham esse direito. “Por isso é que nós estamos, e somos quase 200 000 portugueses numa terra em que 0,5% fala português.
Ficar em Macau até à reforma
No que diz respeito à reforma tudo vai depender, “tenho o meu filho que está no 11º ano. Para já não digo que vou embora, tudo vai depender, pelo menos ficar em Macau nos próximos 7 , 8, 10 anos, se as coisas correrem normais. A não ser que surja uma oportunidade, obviamente que nunca se sabe. Para já, planos para sair de Macau não existem.
“Esta é a minha casa. Quando estou em Portugal ao fim de duas, três semanas, já estou com aquela comichão de sentir os cheiros e a algazarra de vivere em Macau. O trânsito, as pessoas, e da casa em si, sentimos sempre saudade porque estamos confortáveis na nossa casa”.
“Tenho a sorte de ainda ter uma irmã cá, já tive até há bem pouco tempo o meu irmão, e cerca de quase 15 anos estiveram os meus pais, ou seja, a família toda esteve emigrada em Macau. Os meus pais reformaram-se e passavam 6 meses sempre em Fafe 6 meses em Macau. Até ao momento em que viajar já custava bastante, devido ao avançar da idade.
Até à altura da pandemia, “estávamos os três em Macau, depois o meu irmão, devido a vicissitudes da vida e como tinha dois 2 filhos menores, decidiu mudar um bocadinho de ar e dar uma oportunidade aos meus sobrinhos. Os meus sobrinhos são Macaenses, ou seja, o meu irmão foi casado com uma Senhora que já que era chinesa, e como tal, os seus sobrinhos são macaenses de laços maternos. Até eu me considero um bocado macaense, vivo cá há 30 anos, muito mais do que vivi em Portugal.”
Viver em Fafe naquele período do Verão é sempre bom, porque “temos toda aquela comunidade emigrante que regressa a Fafe, revê-se os amigos, uns que foram para a Suíça, outros para Inglaterra, ou seja, emigraram. Também sentimos algo em comum que é viver fora de Fafe, mas em agosto regressamos. Porque são as nossas raízes.”
O mundo dos negócios
“Voltar ao mundo dos negócios, sem dúvida, se calhar numa área um bocadinho diferente daquela, que estou mais habituado, mas provavelmente porque o nosso filho, em princípio irá para Portugal estudar naquilo que ele decidir. E assim que ele acabar o curso, um ano ou dois anos depois, regressaremos a Portugal, pelo menos para já, a Fafe, porque tem estado a crescer, e a surgir algumas oportunidades. Ainda há outras que irão surgir.” E obviamente irão abrir novas áreas de negócio. “Posso regressar a Fafe pois é sempre um prazer, e por isso iremos, eu e a minha esposa se calhar, dedicarmos a outra coisa qualquer, mas eu costumo dizer que eu sou muito irrequieto e gosto de desafios e de projetos”. E se houver um projeto “que me alicie, obviamente iremos tentar fazer isso”. “Quero abraçar novamente a área de negócio.”
