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Terça-feira - 13 Maio 2025

EXCLUSIVO: Duas amigas tornaram os seus sonhos em realidade em Toronto

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Fotografia TO-Photography (Ricardo Araújo)

Em 2023, a Carla Antunes e a Rita Santos apostaram nelas e criaram uma empresa, o Pass-O Studio. O Jornal Comunidades Lusófonas esteve à conversa com estas mulheres cheias de energia e de ideias para perceber como se constrói uma empresa do nada num país estrangeiro.

“Achei que a Rita era muito descontraída e bem-disposta, e tive logo uma boa química com ela”, conta a Carla Antunes com um sorriso ao relembrar o primeiro encontro com Rita Santos. A Carla já vivia no Canadá há bastantes anos (ler artigo do 8 de Novembro – https://jornalcomunidades.pt/exclusivo-carla-antunes-quero-trazer-a-cultura-portuguesa-deste-lado-do-atlantico/ ) e trabalhava alguns dias por semana para a FPTV quando conheceu a Rita.

A Rita, por outro lado, tinha acabado de chegar a Toronto. Antes desta grande mudança, viveu em Braga e trabalhou em Barcelos para uma empresa têxtil durante dois anos como diretora de comunicação do grupo. “Estudei comunicação e relações públicas na Guarda. Como venho do Fundão no centro do país não há tantas possibilidades de trabalho na minha área e portanto fui para Braga”, explica.

Mas a Rita não queria ficara estagnada na sua carreira, queria desenvolver o seu inglês e também ganhar um pouco mais para poder, um dia, ter uma casa e criar o futuro dos seus sonhos. Foi assim que em 2022, ela e o namorado emigraram para o Canadá e que a Rita se encontrou com a Carla. “Começamos a juntar-nos por fora do trabalho e a partir daí surgiu a ideia de trabalharmos juntas”, conta.

Ambas tinham projetos à parte: a Rita nas redes sociais e a Carla em design. Portanto, juntaram forças e decidiram criar a empresa Pass-O Studio. “Lembro-me da Rita telefonar-me e perguntar para irmos almoçar e finalmente criar algo juntas. Foi no dia 16 de Outubro de 2023”, detalha Carla Antunes.

Em duas semanas organizaram o projeto, foram ver uma contabilista para registar e legalizar a empresa. “Acho que em Portugal como se ganha menos, as pessoas têm mais medo de avançar com um projeto porque se não resultar como é que vai ser? Aqui não é assim! Conseguimos ter uma poupança para os nossos projetos”, acrescenta Rita Santos.

E se foi possível investir no projeto graças às poupanças das duas mulheres, como se constrói uma empresa quando não se fala bem o inglês? A língua não foi uma barreira na criação da empresa ou no contato com clientes anglófonos. Para Rita, no Canadá (sendo um país de imigrantes) o inglês que se fala é “o inglês do desenrasque”. E para a Carla, o medo de não falar o inglês correto desaparece uma vez que se cria uma relação de confiança com os clientes.

Mas se a criação da empresa foi bastante fácil segundo as parceiras, encontraram mais dificuldade na gestão quotidiana e no mantimento da empresa. “Sendo portuguesa, eu diria que ganhar dinheiro é fácil mas geri-lo já é outra coisa”, goza a Clara antes de acrescentar um tom mais sério: “o maior desafio para nós tem sido conseguir gerir a empresa internamente. E a chave é mesmo a organização. Muitas vezes quem começa um negócio não tem a mínima ideia da quantidade de etapas que são necessárias para ter uma estabilidade e mostrar que a empresa está a funcionar bem. Não é só ter um cliente, é também saber organizar-se dentro da própria empresa para ela transparecer o que ela é.”

“Também acho que o sucesso de uma empresa vem da personalidade das pessoas. Se alguém tiver a garra de dizer ‘é mesmo isso que eu quero fazer!’ então vai agarrar-se e ir à procura das soluções”, adiciona a Rita.

E talvez o sucesso das duas mulheres vem (em parte) da garra e energia de ambas. Afinal após duas semanas de organização, tiveram o primeiro cliente e ainda não pararam de trabalhar. Mas talvez o sucesso também venha da paixão pelo trabalho das duas amigas. Uma paixão, aliás, que se encontra no nome da empresa. “Pass-O é o acrónimo dos valores da nossa empresa, ou seja: paixão, audácia, solução, sucesso e oportunidade. É engraçado porque ao juntarmos as letras, o acrónimo revela a palavra passo que também relembra o passo à frente que demos para criar a empresa e a ideia de estar sempre a evoluir”, explica a Rita que teve a ideia do nome.

A paixão que elas têm pelo trabalho houve-se na voz delas quando falam da empresa e quando explicam a dedicação que têm pelos projetos de cada cliente. “Tentamos criar um relacionamento com os nossos clientes. Acho que ao darmos os nossos concelhos e opiniões e também ao escutar o que o cliente pensa, criamos um espaço onde temos uma boa comunicação”, relata a Carla.

“Saber falar e ouvir é fundamental. E isso não é só no trabalho. Sem uma boa comunicação, nada dá certo! Temos que tentar perceber o outro”, detalha. “Sim! Lembro-me também que essa foi uma das regras que fixamos quando criamos a empresa. Somos amigas e não podemos nos chatear por causa do trabalho. Porque nem sempre estamos de acordo mas é importante podermos separar o trabalho e a nossa amizade”, adiciona a Rita. Separar a vida pessoal da vida profissional é um desafio quotidiano para as amigas também porque elas não tem escritórios e portanto trabalham a partir de casa. Para elas, a solução encontra-se na organização e na gestão de tempo.

“No final de conta, somos mulheres, ou seja temos vidas duplas. Temos que trabalhar para a empresa e ocupar-nos da casa e de outros projetos. Portanto é preciso muita organização para fazer tudo e o cansaço surge. O cansaço também se intensifica quando se refere a um projeto novo porque uma pessoa está preocupada pela novidade e não sabe se vai ter resultados. Acaba-se por cansar-se um pouco mais porque há uma ansiedade em querer fazer as coisas bem e fazer com que a empresa funcione porque também há a responsabilidade de conseguir para as outras pessoas envolvidas”, descreve a Carla.

“São vidas muito ocupadas. É preciso estar organizada para ter tempo para tudo e também encontrar e estar com os amigos, a família, e para o lazer também. Eu sou muito ansiosa e tento gerir isso também porque sei que impacta a Carla. É aquela ansiedade de querer fazer as coisas e faze-las bem. Mas mesmo se há momentos mais cansativos, dá gosto porque é a nossa paixão”, acrescenta a Rita.

Assim desde 2023, a Carla e a Rita têm dado corpo e alma para a empresa. E se ela tem crescido relativamente bem, as duas empreendedoras esperam que em 2025 ela continue a crescer e que possam colaborar com mais pessoas para trazer uma qualidade superior.

Andreia Saraiva / Correspondente em Toronto (Canadá)
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