A AICEP, é uma agência de investimento e de comércio em Portugal, e o principal trabalho é de apoiar as empresas portuguesas que vão para o exterior, por um lado, e por outro, captar ou angariar investimento direto estrangeiro para Portugal, neste caso, investimento americano. A AICEP está nos Estados Unidos, em Nova Iorque, com a coordenação deste país e têm mais dois diretores, um em Chicago, e o outro em São Francisco, que cobre toda a Califórnia. Têm vindo a apoiar as empresas portuguesas e captar investimento estrangeiro. E os negócios vão de vento em popa.

Começámos por perguntar a Carlos Moura, Delegado da AICEP nos Estados Unidos baseado em Nova Iorque, que tipo de produtos, bens ou serviços importam mais de Portugal. E o que é que Portugal tem a oferecer aos Estados Unidos?
Sem grandes rodeios começou por explicar o âmbito da AICEP nos Estados Unidos, pois considera este mercado muito apetecível para Portugal. Salientando, que o que mais se destaca, são os produtos farmacêuticos, combustíveis minérios, borracha, equipamentos eletrónicos, maquinaria, cortiça, mobiliário, vestuário, tudo ligado à moda, e alguns produtos alimentares e vinho.
O vinho representa 100 milhões, numa balança de 5,3 mil milhões. “Temos tido ações em áreas como ciências da vida, tecnologias de informação, agroalimentares, têxteis, grande aposta das empresas portuguesas.” Estes têm vindo a ser os produtos mais exportados nos últimos anos para os Estados Unidos e neste momento, representa o quarto mercado de destino das exportações portuguesas.
A problemática das tarifas
Para Carlos Moura, o que se tem vindo a fazer, é acompanhar este tema “temos vindo a dar apoio às empresas portuguesas, as que já cá estão e as que estão em Portugal, tudo o que seja informação de mercado, temos passado para as empresas Portuguesas. Uma coisa importante: As empresas portuguesas continuam interessadas no mercado, e continuam a exportar e vir ao mercado investir nos Estados Unidos.” Menciona.
Pois o mercado dos Estados Unidos continua a ser um mercado de grande. importância para as empresas portuguesas.
Há procura de produtos portugueses?
“Há, e podemos dizer isso em várias áreas: seja nos têxteis, no calçado, na cortiça, que é único, em máquinas e aparelhos de precisão.”
Portugal tem vindo a ter uma postura cada vez mais forte nos Estados Unidos, número um, somos o quarto destino de exportações para Portugal, há uns anos atrás éramos o décimo, neste momento é o primeiro mercado fora da União Europeia, e onde Portugal está mais presente, é nos Estados Unidos.
E se englobarmos, “bens exportamos 5,3 mil milhões de produtos, mas, se juntarmos os serviços de 5,9, estamos a falar de 11 mil milhões de exportações portuguesas para o mercado americano.”
Os últimos anos Portugal tem sido o país de grande destaque nos Estados Unidos. Não só pelo turismo, que ajuda muito, mas também por outras razões. Quando se fala em Portugal neste momento, as pessoas ou já foram ou querem ir, ou já conhecem.
Não é como há uns anos atrás, que nem sabiam onde é que era Portugal. Está com uma imagem muito boa, por várias razões: pelo turismo, os Americanos que vão a Portugal, as rotas aéreas, os produtos portugueses que tem aparecido, tudo o que Portugal tem mostrado ao mundo. Os americanos têm sido bem aceite muito bem estes produtos.
Portugal está num grande momento. Apesar da questão das tarifas, “é um momento que nós já sabemos, mas é um momento de trabalho nos Estados Unidos, e as empresas continuam a ter interesse em nos contactarem para virem para o mercado.” Destaca Carlos Moura.
Que tipo de serviços são mais solicitados por parte do mercado americano?
As empresas de exportação, pedem muito, o conhecimento e informação sobre potenciais clientes importadores, agentes do mercado, a parte dos produtos, a parte de exportação pura.
As áreas onde não há uma exportação de bens, por exemplo, ciências da vida, tecnologias de informação, mais serviços, é tentar encontrar parceiros no mercado para trabalhar com eles. Isto na área do comércio, na área do investimento, as empresas quando querem investir nos Estados Unidos, o que pedem mais é a análise de mercado, querem investir no “mercado americano”.
Não há um “mercado americano”. Há 50 mercados, há diferentes mercados nos Estados Unidos, portanto, “tentamos perceber qual é o setor, se estão motivados, qual a razão da motivação, onde é que irão focar. A sugestão de se focar em alguns Estados e não em todos, porque isto acaba por ser vários países dentro de um.” Explica.
Se tem já algum parceiro, se não tem parceiro, se já tem algum cliente, não, “fazemos um pouco esta análise, e depois como temos aqui muitos contactos com as entidades oficiais desses Estados, encaminhamos para os diferentes Estados para eles poderem dar informação, a facilidade de penetração, os incentivos que existem e da facilidade de encontrar parceiros. Vamos localizando e dando informação de potenciais parceiros para ajudar as empresas portuguesas entrar no mercado.” Menciona.
Tem uma noção ou têm registo do número de empresários ou empresas que estão associadas à AICEP Portugal, nos Estados Unidos?
Têm uma base de dados a nível central em Portugal, a AICEP tem cerca de 19 mil empresas em base, e são acompanhadas pelos gestores de clientes em Portugal que trabalham com essas empresas.
Nos Estados Unidos, ao que apelidam de IDPE, têm cerca de 100 empresas, “que nós conheçamos”. Mas pensa que há sempre mais empresas que já estão lá . Que vêm por si e que começam com uma célula pequenina, devem rondar as 100 empresas com investimento português nos Estados Unidos de diferentes setores de diferentes áreas e diferentes dimensões e em diferentes Estados.
“É muito interessante. Porque há sempre uma tendência para dizer. As empresas portuguesas estão em New Jersey”, porque têm toda a comunidade portuguesa, mas não é 100% verdade. Ou seja, há muitas empresas em New Jersey, muitas já são luso-americanas, mas há empresas desde a Flórida, Carolina do Norte, Virgínia, Califórnia, e no Texas. As empresas portuguesas estão espalhadas pelos Estados Unidos inteiro.
Tem noção neste momento, quantos portugueses se encontram nos Estados Unidos? Há dados do Consulado ou da Embaixada?
“Não trabalhamos essa área da emigração, mas temos a informação e pensa-se que há cerca de um milhão de portugueses ou luso-americanos, a residir nos Estados Unidos.” Diz Carlos Moura.
É difícil de classificar tudo porque há os portugueses, há os luso-americanos, os portugueses de origem venezuelana ou brasileira que estão cá, depende da contagem que se fizer, mas os dados que “temos lido falamos de qualquer coisa como um milhão de portugueses ou luso-americanos nos Estados Unidos.” Clarifica.
Na área da educação, “nós não tocamos”, comércio e investimento, se houver, “tocamos só na área que tem a ver com Investigações e desenvolvimento, e se houver alguma empresa que queira fazer contactos com centros de investigação ou com desenvolvimento, aí nós apoiamos, mas o nosso é maior foco, são as empresas.” Esclarece.
Quantos milhões exportam?
Entre Portugal e os Estados Unidos, “exportamos 5,3 mil milhões em bens, mais 5,9 mil milhões em serviços, ou seja, quase 11 mil milhões de exportação de bens e serviços”, segundo os últimos dados de 2024.
Como é que o mercado tem reagido aos bens portugueses?
Há empresas que já trabalham há muitos muitos anos com Portugal, por exemplo, na área do calçado, na área do têxtil e o técnico na área dos produtos farmacêuticos. Eles já conhecem Portugal há muitos anos, o que se tem vindo a presenciar, é que cada vez que Portugal faz mais e mais e mais promoção nos diferentes Estados dos Estados Unidos, vai havendo um conhecimento cada vez maior do país, e hoje em dia Portugal já começa a aparecer no mapa das cabeças americanas.
“Eu posso dar uma referência, a semana passada, estive na Carolina do Sul e depois em Washington, com o nosso embaixador, a fazer uma ação de promoção com players da região, tivemos uma sala com 60 pessoas. Já existe um interesse do nosso país e que o turismo também contribuiu. Muitos Americanos investem em Portugal. Uma nota muito importante, neste momento, os Estados Unidos é o país número um investidor em Portugal, não no número do valor do investimento, – porque há países que investem mais valor, mais dinheiro, mas em termos de número de projetos.
Uma mensagem aos emigrantes portugueses que se encontram nos Estados Unidos e tendo em conta a realidade atual devido à problemática da imigração. Que conselhos daria aos portugueses que pretende ir para os Estados Unidos e para aqueles que se encontram a trabalhar no país?
É uma área que está completamente “fora da nossa ação, e quem sou eu para dar conselhos. O que eu posso dizer é do ponto de vista de empresas e de interesse do mercado e da potência do mesmo. As empresas devem continuar a olhar, as que estão cá e as que querem vir, devem manter a aposta no mercado, com um potencial enorme em todos os setores, e Portugal tem uma capacidade muito boa.” Refere Carlos Moura
As empresas portuguesas são excelentes, e há exemplos de empresas do melhor do mundo. “Temos uma grande empresa aqui que produz drones, para o mundo inteiro e tem uma presença forte. Nós conseguimos competir em muitos setores, e o que eu digo é, não deixem de olhar para o mercado, invistam, venham ao mercado, independentemente do que está a acontecer, porque todos os países têm fases altas e fases diferentes.” Menciona.
“É uma questão de adaptação, o mercado está cá, e o consumidor está cá, assim como o dinheiro está cá e há oportunidades de negócio que não deixam de existir. As empresas continuam a vir ter connosco. Sou apologista que se deve continuar a investir ainda mais no mercado, porque tem um potencial muito grande. E vai continuar a oferecer oportunidades para as empresas portuguesas como nós temos visto nos últimos anos, E, claro, depois vamos contornando todos os assuntos e nós estamos cá para dar apoio às empresas e ajudá-las a mitigar todos os assuntos e encontrar formas de trabalhar aqui nos Estados Unidos, seja em Nova Iorque, em Chicago, ou na Califórnia. Eu creio que o resultado tem sido bastante positivo.” Conclui.
