Maria Luís Albuquerque, Comissária Europeia para os Serviços Financeiros e a União da Poupança e dos Investimentos
O Seminário Diplomático que está a decorrer desde o dia 6 de Janeiro, tem como temas a competitividade e Sustentabilidade, os trabalhos prosseguem ao mais alto nível, quer nacional quer internacional.
A Europa enfrenta desafios sem precedentes que exigem uma abordagem integrada para reforçar a competitividade e a coesão social, destacaram Inês Domingos, Secretária de Estado dos Assuntos Europeus, e Maria Luís Albuquerque, Comissária Europeia para os Serviços Financeiros e a União da Poupança e dos Investimentos, durante uma sessão marcada por análises profundas e propostas estratégicas.
Crises globais e o futuro da Europa
A Secretária de Estado Inês Domingos sublinhou o impacto das crises múltiplas que a Europa enfrenta, desde a guerra na Ucrânia às alterações climáticas, passando pelas fragilidades do atual modelo económico. “Estamos perante o esgotamento de um modelo centrado nas exportações e dependente de inputs baratos, especialmente energéticos, que sustentaram o crescimento da União Europeia até há poucos anos”, afirmou.
Domingos alertou para a necessidade de diversificar fontes de importação e mercados de exportação, enfatizando a importância de acordos comerciais como o Mercosul. “A entrada em vigor deste acordo não só abrirá novos mercados, mas também assegurará acesso a matérias-primas críticas para a nossa indústria”, destacou. Além disso, apontou a necessidade de investir em inovação e produtividade, áreas fundamentais para manter a competitividade num mundo cada vez mais digital e orientado para os serviços.
A visão europeia para um mercado integrado
Na sua primeira intervenção pública como Comissária Europeia, Maria Luís Albuquerque reforçou a importância de uma estratégia financeira sólida para apoiar as transições verde e digital. “A União da Poupança e dos Investimentos permitirá desbloquear recursos privados necessários para impulsionar estas transições de forma inclusiva, especialmente para apoiar empresas que ainda estão no processo de adaptação”, afirmou.
Albuquerque destacou a relevância de concluir a União Bancária e aprofundar a União dos Mercados de Capitais, projetos fundamentais para eliminar barreiras e aumentar a resiliência económica da União Europeia. “Uma economia mais rica e resiliente proporciona melhores condições de vida, mais inovação e segurança, além de criar oportunidades iguais para todos”, sublinhou.
Literacia financeira e confiança como pilares do futuro
Ambas as intervenções convergiram na necessidade de um ecossistema financeiro comum que promova confiança, literacia financeira e inovação. “Ao criar um mercado integrado e dinâmico, a Europa pode explorar todo o seu potencial económico, beneficiando cidadãos e empresas, grandes ou pequenas”, afirmou a Comissária.
A sessão concluiu com um apelo claro à cooperação internacional, à solidariedade entre os Estados-membros e à promoção de valores como a coesão social e a sustentabilidade, essenciais para o sucesso do projeto europeu.
O caminho em frente
Os desafios são muitos, mas, como ambas as intervenções destacaram, a Europa tem à sua disposição instrumentos únicos para enfrentar as adversidades, desde a criação de mecanismos financeiros inovadores até à redefinição de políticas económicas e sociais. “O sucesso da União Europeia será medido pela capacidade de preservar os valores que nos unem enquanto povos”, concluiu Albuquerque, reforçando a necessidade de uma visão comum para um futuro mais próspero e sustentável.
Correspondente do BENELUX, Marisa Monteiro Borsboom