Decorreu nos dias 17 e 18 de dezembro no Auditório da Universidade Nova de Lisboa (SBE), o Fórum EuroAméricas, que contou com mais de cinquenta oradores convidados, das mais diferentes áreas de atuação, desde a as energias, passando pela Geopolítica, Saúde, Sister Cities, Cultura, Desporto, Investimento e internacionalização, o Futuro do Agronegócio e pescas, e um momento cultural, onde se conjugou piano e dança contemporânea.
António Calçada de Sá, fez a abertura do evento, agradecendo a todos os presentes por estarem ali num momento em que o mundo está um pouco em turbulência, mas afirmando que o Atlântico não é visto como uma barreira, mas sim como um fator de aproximação entre a Europa a África e as Américas.
Durão Barroso, começou a sua intervenção sobre a visita de Estado do Presidente Americano, Joe Biden a Angola, sendo a primeira vez que os Estados Unidos visitam este país, e em solo Africano Subsariano. Uma visita histórica e que vai deixar marcas positivas se o novo governo de Donald Trump seguir alguns dos temas da política externa Norte-Americana. Marcada pela construção de uma ponte diplomática entre estes dois continentes, África e Américas e que se insere no âmbito do Forum do Conselho da Diáspora, e na aproximação triangular do oceno Atlântico.
Durão Barroso também falou sobre a Nova Rota da Seda da China, como um tema bastante importante no que se refere ao Atlântico. Novas geopolíticas estão a ser construídas devido à escalada das guerras a que assistimos às portas da Europa e no Médio Oriente, que vai obrigar à coligação de outros países geograficamente mais próximos e não só, onde a presença Norte-Americana não vai escapar, pois o mercado depende disso. Novas coligações, novos compromissos e uma geopolítica de maior proximidade onde a geografia se encontra mais longe, a construção de pontes e corredores de comércio que estão a ganhar cada vez mais força, e o Atlântico desempenha um papel aglutinador, pois está no seu centro.
Ao nível da Educação, Pedro Oliveira, da Universidade Nova SBE, salientou para o fato de haver cada vez mais alunos estrangeiros nesta escola e que é visto com enorme privilégio e reputação nos dias de hoje. Destacou que 55% dos alunos inscritos são estrangeiros, europeus, mas também das Américas, e que contam com 150 alunos deste continente, mas há uma maior predominância de alunos oriundos da Alemanha, Italia, e de fora da União Europeia.
A Universidade consta na lista cimeira das escolas a nível internacional, o que lhe dá reputação, não só a nível nacional, mas também espalhada pelo mundo. Tem projetos com Universidades Norte-Americanas, como é o caso de Harvard e o MIT, que é um facilitador de atração por parte dos estudantes. E tem havido um aumento exponencial através de parcerias com os países das Américas, não apenas a Norte, mas também a Sul daquele continente.
Todos os oradores convergiram num aspeto importante, a aproximação do Atlântico Norte,entre a Europa, África e as Américas. Já não se vive na era das “jangadas”, hoje em dia em apenas meia dúzia de horas chega-se ao continente Norte-Americano e com saídas diárias a partir de Lisboa.
“Somos um povo Atlântico, e não vemos no mar uma fronteira intransponínel, referiu o Presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras. Salientou o mesmo, e que o Acordo Mercosul, é um tratado comercial que simbolisa um mercado mais sustentável, e não apenas económico, mas sim cultural.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, identificou as ideia centrais entre a Europa e as Américas, que desempenham um papel relevante e pessoal e que somos uma “ilha” entre a Europa e o meio do Atlântico. Também salientou a importância de estabelecer na atual geopolítica com a diminuição e dependência da China e reforçar laços com as Américas e África.
O plano Geopolítico
Perante esta nova ordem internacional a geopolítica tem-se mostrado diferente nos últimos dois anos com a Guerra na Ucrânia. Aliados antigos tendem e comprometem-se a reforçar essas alianças. Segundo o ex-Embaixador junto das Nações Unidas, João Vale de Almeida, estamos perante a maior crise global na Europa e América, e tem o seu impacto no Atlântico. Já não estamos perante a velha premissa entre o capitalismo versus Comunismo, “estamos perante uma crise em termos de gestão de conflitos e risco da proliferação nuclear”, salienta o Ex-Embaixador.
Crises políticas assolam a Europa e as Américas, nesta última estamos perante novos presidentes, quer mais a Sul, no Brasil, e Argentina, e mais a norte com a reentrada na jogada política do presidente que levantou algumas polémicas, Donald Trump, pois é muito “imprevisível.
Não podemos separar a geopolítica da geoeconomia
A França e Alemanha, estão numa fase muito desafiante em termos políticos, com alguns constragimentos a este nível. O Ex-Embaixador, João Vale de Almeida, deixa uma mensagem de alerta para a catástrofe se o Mercosul não se concretizar.
Do lado geopolítico devemo de rejeitar a Sino-Rússia. Precisamos de uma aliança triangular e trazer o Reino Unido para a senda geopolítica. E para finalizar usou o Atlântico na famosa frase de Donald Trump: “O Atlântico Grande outra vez”.
O Embaixador de Portugal nos Estados Unidos, Francisco Duarte Lopes, começou por dizer que há cada vez mais portugueses nos Estados-Unidos e Americanos a visitar Portugal. Esta vinda de americanos a Portugal também pretende “buscar” novos talentos ao nível das tecnologias, novos projetos de negócios, o conhecimento adicional e o rótulo, ou marca, Portugal. A língua portuguesa é cada vez mais procurada. Portugal está a atravessar uma boa fase neste momento ao nível internacional.
A Embaixadora dos Estados Unidos em Lisboa, Randi Charno Levine falou sobre a importância dos profissionais portugueses e das parcerias que há em Portugal no investimento na área das ciências e saúde. Há cada vez mais Norte-Americanos estudantes a quererem vir para Portugal. Há parcerias importantes entre o MIT e Harvad, nos Estados Unidos, e Portugal tem protocolos com universidades Americanas, e que é de salientar e salutar. Portugal está a tornar-se num hub tecnológico, palavras da Embaixadora, e Portugal está a viver um excelente momento. Há cada vez mais turistas americanos, e intercâmbios entre Portugal e os EUA. Terminou dizendo que “ao longo dos anos as nossas relações foram sempre fortalecidas.”
Elena Lazarou iniciou dizendo que “Não podemos falar em diplomacia sem falar em tecnologia”, reitera a mesma, e democracia e diplomacia têm muito em comum, e não nos podemos esquecer a Inteligência Artificial, que está mais do que nunca no nosso léxico.
José Gomes da Costa Filho, orientou o seu discurso também no Atlântico, pois também faz parte do Brasil. “Mas ainda há muito a fazer”, salientou, em termos de cooperação, tecnologia. A aliança de Portugal fez 200 anos entre estes dois países considerando “a amizade mais perfeita do mundo”.
No que se refere no plano da Saúde 2030, o objetivo é dar a todas as cidades mais saúde. A indústria farmacêutica é o quarto maior setor do mundo, constata Fernando Alexandre, Ministro da Educação Ciência e Inovação de Portugal.
Há uma necessidade de haver um investimento em recursos humanos, ter mais médicos, e profissionais de saúde, maior inovação e melhorar a qualidade dos tratamentos. A União Europeia está em declínio competitivo em relação aos Estados-Unidos, onde há uma maior dinâmica e mais investigação, acesso aos melhores laboratórios, a medicina computacional e Inteligência Artificial.
Tem que haver uma maior aposta nas parcerias onde se produz ciência e tecnologia na Europa. Para Ricardo Mexia tem de se investir mais na prevenção e não tanto no tratamento. A vacinação é importante. Temos de ter mais atenção também aos Recursos Humanos, e reter mais talento no sistema nacional de saúde, alimentar-mo-nos melhor e fazer mais excerício físico.
Para George Perry, Professor de Neurociêcias e Quimica, da Universidade do Texas, Estados-Unidos, é da ideia de que as doenças têm a ver com todo o historial de vida, as doenças infeciosas, mesmo, o Covid, apesar do que aconteceu, acabamos por controlá-la.
Segundo o Neurocientista, os Estados Unidos gastam muito dinheiro em investigação em doenças crónicas. Tem colaborado com Portugal e há uma rede excelente ao nível português.
Também se falou sobre a confidencialidade no que diz respeito aos doentes e mostrar os dados do mesmo, onde fica? Ficou a questão no ar.
Segundo Elise Racicot, Embaixadora do Candá em Portugal, precisamos de estar mais ligados no sentido económico. Temos uma fronteira com Portugal pelo Atlântico, “Portugal é o país onde acaba a terra e começa o mar”. O crescimento no comércio livre com o Canadá quase quadriplicou.
Na área energética, o debate foi moderado por João Graça Gomes, que colocou questões pertinentes no que se refere às energias, e segundo a visão de António Costa e Silva, Ex-Ministro da Economia e do Mar, o consumo de gás decresceu, devido à guerra na Ucrânia.
Há um decréscimo no consumo de energias poluentes em Portugal, e está a assistir-se a uma transição de energias mais limpas, em paineis solares, que estão mais baratos. No gás, Portugal é muito competitivo, “somos uma jangada de pedra”, podemos usar o seu poder amigável para poder desenvolver as energias. Também “somos um país seguro, temos clusters de energias renováveis, e o preço mais barato do gás e da eletricidade da Europa”. Garantiu o ex-ministro.
Temos o exemplo do Chile, um país com um elevado sucesso de energias renováveis, e querem ser os vendedores de energia verde, com a construção deste tipo de energia.
No discurso de Octávio Simões, “temos de olhar para o resto do mundo”, como referiu Durão Barroso. As emissões de 2023 duplicaram. Há crianças a sofrer com doenças respiratórias, porque não têm acesso a energia não poluente.
As sociedades estão numa luta contra as energias poluentes, quer queiramos ou não, o planeta está cada vez mais poluído, é uma questão de tempo para que se torne irreversível esta situação. A energia verde tem de ser uma realidade em todos os países, em todos os continentes, não há um planeta B para o efeito de estufa que está a aumentar a olhos vistos, e as sua consequências tornadas realidades com as frequentes ondas de tornados, cheias e tempestades a nível mundial.
O primeiro-ministro de Portugal, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa estiveram na sessão de encerramento do Fórum. O primeiro-ministro agradeceu em nome dos organizadores um evento desta envergadura, com pessoas tão bem capacitadas para um Fórum desta dimensão. Falou sobre o que Portugal tem de melhor, e agradeceu ao Conselho da Diáspora Portuguesa, pela iniciativa e temas tão em voga. O Presidente da República não falou, mas esteve presente.