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Domingo - 16 Fevereiro 2025

EXCLUSIVO: Gestão foi a primeira opção mas era investigação que lhe estava reservado

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João Godinho, fez a sua licenciatura em Gestão na Universidade Católica, em Lisboa, entre 2011-2015. Depois de se licenciar, esteve uns tempos, cerca de três anos a trabalhar em Portugal, em três empresas diferentes, sempre no setor financeiro. Desde o momento que acabou a licenciatura, tinha um especial interesse intrínseco na área da sustentabilidade e em particular em energias renováveis, “mas em geral vários tópicos que cobrissem a parte da sustentabilidade ambiental e pelo menos o conteúdo que retirei da minha licenciatura, não havia muito foco nesse sentido”, e apesar de se ter licenciado em Gestão e durante uns tempos ter trabalhado na área, sempre pensou em prosseguir os seus estudos noutras áreas, do sonho à realidade ainda passou um pouco “as passas do Algarve”.

Isto foi-lhe permitido em 2018 fazer parte e integrou o programa do INOV Contacto, e fez parte do 22º ano deste programa, tendo ido na altura para Londres durante seis meses.

Foi na sequência da sua experiência que tinha até ao momento, quando se mudou para Londres, para trabalhar na área financeira, desde fevereiro até agosto, de 2018.

A experiência deste período que passou em Londres, e fazendo um parêntesis, (e como toda a gente sabe, as remunerações em Portugal, não eram satisfatórias, e infelizmente não permitia dar continuidade à sua independência pessoal.) O período que passou em Londres, e as lições partilhadas pela ex-supervisora (também Portuguesa, e também ex-INOV Contacto), fez-lhe abrir os olhos para outra realidade que a que tinha experienciado em Portugal, fazendo-o refletir sobre o seu futuro, porque independentemente de ser um programa totalmente financiado pelo Estado Português, permitiu a sua mudança para a Holanda.

Durante esse período o seu objetivo era encontrar um programa de mestrado que lhe permitisse, por um lado, complementar aqueles que eram os seus conhecimentos da sua licenciatura em Gestão, mas por outro fazer essa tal ponte que desejava fazer com a parte da sustentabilidade ambiental. Em particular com as energias renováveis. Andou à procura de uma Universidade por uma série de países da União Europeia incluindo Portugal, tendo este último um Instituto muito bom, pois tem um dos melhores programas nesse sentido, mas nunca foi propriamente um génio, “e o Técnico sempre teve aquelas médias um pouco proibitivas”. Sorriu.

Procurou uma série de países na União Europeia, encontrou um programa de mestrado na Universidade de Utrecht, na Holanda, “que era perfeito”. Fazia a ponte para a parte das energias renováveis, o que envolve disciplinas que são relacionadas com engenharia, e na altura era completamente inexperiente, e então aquilo que acabou por acontecer em 2018, conseguiu, foi integrar um programa de pré-mestrado, na Universidade de Utrecht, e depois de sair de Londres, passou duas semanas em Portugal, e depois dessas duas semanas, mudou-se para Utrecht.

Em 2019 começou o mestrado em “Energy Science”, Ciências de Energia. O nome soa bastante genérico, mas é essencialmente um programa que envolve as disciplinas de engenharia relacionadas com as energias renováveis, depois envolve também a parte avaliação de investimento financeiro, desses mesmo projetos relacionados com as energias renováveis.

Foi um programa bastante favorável, “adorei o programa, consegui trabalhar em vários projetos, mais uma vez relacionados com as energias renováveis, trabalhei em projetos envolvendo a reutilização de águas residuais para a produção de biocombustíveis, biodiesel, biogás, e depois na sequência da minha tese de mestrado, foquei-me mais no setor do hidrogénio verde em particular, área na qual trabalhei durante dois anos.”

O programa do mestrado apanhou de frente o Covid-19, portanto quando o Covid “explodiu” em março de 2020, as coisas começaram a fechar, pela Europa fora, e pelo mundo. Estava ainda na Holanda e no momento prestes a acabar o primeiro ano de mestrado estava na Holanda, completamente em isolamento.

Em maio de 2020, “voltei para Portugal”. Até ao ano passado esteve esse período todo a trabalhar em modo remoto. Na altura durante o período do Covid viveu em Portugal em vários sítios, Lisboa, Vila do Conde, depois de volta para a margem sul, andou sempre a saltitar de um lado para o outro, mas durante quase todo esse tempo estive a trabalhar em investigação académica sobre hidrogénio verde.”

Em abril de 2023 quando regressou à Holanda, continuou a trabalhar em investigação de forma remota. Trabalhou para o Técnico de Lisboa até recentemente, no rescaldo de termos publicado o último trabalho, e neste momento, está empregado como aluno de doutoramento pela Universidade de Wageningen.

O seu doutoramento começou em abril de 2023, até esse momento só tinha trabalhado com hidrogénio, e o doutoramento nada tem a ver com o hidrogénio. “Tenho andado a saltar de área em área,” diz João Godinho em sorrisos. Este doutoramento integra um projeto que é financiado pela União Europeia. O objetivo do projeto, em si, é remodelar o processo de gestão de risco para a aprovação de pesticidas considerados de baixo risco. “Isto é o chavão, que o projeto se caracteriza.”

“O que são estes pesticidas de baixo risco? De forma resumida, são essencialmente caracterizadas como substâncias ativas de origem biológica, que têm atraído a atenção do mercado global de pesticidas, como potenciais substitutos dos pesticidas sintéticos, tradicionais.”, explica o investigador.

Dentro dessa categoria de pesticidas de baixo risco, o projeto discrimina quatro categorias diferentes, cada uma com um grupo de trabalho alocado, de acordo com as respetivas áreas de experiência dos membros envolvidos. O seu trabalho especificamente, é por um lado tentar fazer esta ponte entre estas pessoas que estão envolvidas no projeto e que vêm da parte das ciências naturais, e por outro, tentar desenvolver o seu trabalho dentro da área das ciências sociais em particular em economia.

O trabalho especificamente vai ser apresentar um relatório em que “eu, muito resumidamente, detalho quais são os desafios atuais para aprovação destes novos produtos, e tento identificar possíveis oportunidades para o melhoramento deste processo, para que a aprovação destes novos produtos, pesticidas de baixo risco, se torne mais eficiente, ou seja que sejam aprovados a um ritmo mais acelerado e que acima de tudo este processo de aprovação se torne mais especializado para estes produtos especificamente.”

O grande problema é que dentro da União Europeia continua tudo dentro do mesmo “cesto”. O processo para a aprovação de novas substâncias ativas, e tudo o que seja pesticidas produzidos através dessas mesmas substâncias, sejam quais forem as suas origens, continua atualmente, a nível da União Europeia, a ser realizado sobre os mesmos padrões de vavaliação de risco.

O objetivo deste projeto, é por um lado identificar que padrões são esses, quais deles é que realmente são justificáveis para serem aplicados a estes pesticidas de baixo risco, e com essas conclusões, contribuir para a formulação de um processo de aprovação harmonizado, que torne todo este processo mais eficiente e rápido.

Isto é a parte I. Na parte II entra na análise económica, sempre dentro do contexto da União Europeia, para perceber qual o impacto económico de introduzir estes produtos no mercado agrícola Europeu. Para além disso, pretende investigar quais as potenciais oportunidades para investimento em pesticidas de baixo risco nos próximos anos, tendo sempre em conta os desenvolvimentos das respetivas regulamentações apresentadas pela Comissão Europeia. Ainda está tudo numa fase muito embrionária do projeto para “dar mais informações.”

Neste momento João Godinho é PHD candidate, candidato a Doutorando, na Universidade de Wageningen, na Holanda.

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