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Quarta-feira - 15 Janeiro 2025

EXCLUSIVO: João Crisóstomo, Carta do Papa Francisco e Nobel da Paz

Destaques

O Nobel Committee dedicou o Prémio Nobel da Paz 2024, a Hihon Hidankyo, fundador duma organização japonesa que tem lutado pela eliminação das armas nucleares. Este prémio veio mesmo no “momento certo”, como sucedeu em 1996 quando a luta pela independência de Timor Leste recebeu renovada energia pela atribuição deste prémio.

Hihon Hidankyo, Nobel da Paz

Nas palavras de João Crisóstomo, que se tem debatido ao longo dos anos por causas nobres, esta não lhe passaria ao lado. “Há muito que este problema me preocupa: é-me difícil de compreender a indiferença e apatia quase geral com que o problema das armas nucleares é tratado, quando da solução deste problema depende a nossa própria sobrevivência e a do nosso planeta.” Reflete o mesmo.

“A proliferação de armas nucleares, em vez de ser objeto de diálogo e conversações visando uma redução agora e num futuro a sua eliminação, tem aumentado em número de armas nucleares e de países que as possuem.”

Situações como as no Médio Oriente, Ucrânia, Coreia do Norte em que os governantes fizeram e continuam a fazer ameaças, falando sobre um eventual uso de armas nucleares, exigem um despertar de consciências e esforços visando a sua eliminação progressiva até à sua eliminação completa. Antes que surja uma situação sem controle; antes que um lunático seja ele político militar ou mesmo religioso com acesso ao botão vermelho resolva pressioná-lo.” É uma das preocupações que tira o sono a este humanista.

Se “o que temos presenciado é já horrível, imaginemos uma situação, seja no Médio ou Extremo Oriente ou qualquer parte do mundo em que armas nucleares fossem usadas. Muito provavelmente o mundo inteiro no espaço de algumas horas será transformado num inferno a nível global.  Nada mais horrível do que o desespero de uma morte pelo fogo; mas se nada se fizer para que isso nunca suceda é muito provável que mais cedo ou mais tarde seja mesmo esse o destino de todos nós, o destino da humanidade.” Alerta João Crisóstomo, para os perigos do Nuclear. “Nessa altura tudo será tarde demais.”

No ano passado “ao ouvir palavras ameaçadoras em várias regiões de conflito, resolvi juntar a minha inquieta voz às daqueles que tem lutado por uma solução. Uma inesperada situação de saúde não me permitiu fazer muito. Mas o que fiz foi o suficiente para me aperceber de que existe muita gente preocupada e ansiosa pela falta de iniciativas e esforços direcionados na solução desta grande ameaça que paira sobre todos nós.

A rapidez com que “recebi uma resposta do Papa Francisco a quem me dirigi também”, mostra o seu grau de preocupação. “Estamos preocupados com as catastróficas consequências…que poderiam resultar de qualquer tipo de uso de armas nucleares.” diz o Papa Francisco na sua carta de cinco de Fevereiro deste ano, para logo a seguir acrescentar “O destino da humanidade e do nosso planeta está nas nossas mãos e nas das novas gerações”…

A quem “me ouvir eu peço que não ignorem este apelo do Papa e de muitos outros indivíduos responsáveis, e os oiçam com atenção e não com indiferença. Embora eu não saiba a melhor maneira de ação, permitam-me sugerir que uma das maneiras de fazer ouvir a nossa voz – e fazendo-o sermos influentes no nosso destino -, é a de contactarmos, se possível por escrito, os nossos dirigentes, a nível local, nacional ou mesmo mundial. Dirijo-me especialmente à gente nova a quem desafio a serem os nossos lideres neste movimento.”

E continua, “não receiem fazê-lo porque na maioria dos casos eles ouvem quem os procura e por vezes até esperam estes contactos que lhes permitam agir com confiança.

Este Prémio Nobel da Paz pode ajudar a que as vozes de senso comum sejam ouvidas e prevaleçam. E não esqueçamos nunca que “o destino da humanidade (…) está nas nossas mãos e nas das novas gerações.” Diz João Crisóstomo.

Carta do Papa Francisco a João Crisóstomo

Dear Mr. João,

It was with great pleasure that I received your e-mail dated 1st January 2024 and the enclosed letter addressed to the Holy Father Francis regarding the nuclear weapons. Enclosed, you will find a more formal reply I am sending you on behalf of the Pope.

These more familiar lines are intended to express my joy for this contact. ( …)

Do not doubt, however, that I always remember you with fondness and accompany you with my prayers.

In the hope that we can meet again in person, I reciprocate my best wishes for a Happy New Year, rich in graces and the Lord’s blessing, and I extend cordial greetings to you.

Pietro Parolin

Carta recebida no dia 5 de Fevereiro de 2024: (a tradução dessa carta é da responsabilidade de João Crisóstomo)


«Sua Santidade o Papa Francisco recebeu a sua carta de 1 de Janeiro passado, e pediu-me para lhe agradecer o ter dado a conhecer a sua preocupação com problemas relacionados com a sobrevivência da humanidade, devido às mudanças climáticas e ao potencial perigo das armas nucleares.

A Santa Sé está profundamente comprometida a convencer/estimular a comunidade internacional a tratar efetiva e responsavelmente estes problemas. O Papa Francisco está convencido de que, “somos todos uma só família. Não há fronteiras ou barreiras, políticas ou sociais, atrás das quais nos podemos esconder e, muito menos ainda, não há espaço para a globalização de indiferença” (Laudato si’, n.52).

No que diz respeito às mudanças de clima (… a transição para um “ net-zero” precisa de ser grandemente acelerada. (…) Estamos num ponto critico: sem uma mudança nos modelos de consumo e produção, assim como da forma de vida, esta transição será muito vagarosa. Nesta perspetiva , temos de nos comprometer connosco mesmos a promover uma educação para uma ecologia integral, e é essencial o envolvimento da juventude.

No que diz respeito a armas nucleares, posso garantir-lhe que o Santo Padre não se poupa a esforços para promover um mundo livre de armas nucleares. (…) Estamos preocupados com as consequências humanitárias e ambientais catastróficas que poderiam resultar de qualquer uso de armas nucleares. (…) Estamos também preocupados pelas consequências negativas que resultam dum continuo clima de medo, falta de confiança e de resistência, gerados pela simples posse das armas.
O envolvimento da juventude é também importante no processo de não proliferação e do desarmamento nuclear.

O destino da humanidade e do nosso planeta está nas nossas mãos e nas das novas gerações, que irão “passar a pasta” a outras gerações. Conforme nos foi mandatado por Deus, é nossa responsabilidade assegurar um futuro digno de ser vivido. Para conseguir isto , temos de ter coragem de mudar de rumo e evitar roubar a esperança às novas gerações.(…) »

(Assinado), Pietro Parolin

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