No menu items!
17 C
Vila Nova de Gaia
Sábado - 19 Julho 2025

EXCLUSIVO: Lusodescendente divido entre Portugal e Bélgica, Bruxelas

Destaques

Pedro Rúpio, nasceu em Bruxelas, os seus pais são imigrantes, a mãe é portuguesa de São Cristóvão, Montemor-o-Novo, Évora, no Alentejo. E o seu pai é estrangeiro. Adora comida portuguesa e domina a língua de Camões na perfeição. Licenciou-se em Ciência Política e fez uma graduação em Marketing Management. Trabalha no setor da comunicação há uma década. É um amante da comida portuguesa e não abdica de uns bons peticos, caracóis e ao pequeno almoço uma torra acompanhada com um abatanado, em jeito de almoço e jantar adora arroz de pato, Bacalhau à Brás, Francesinha, e um bom bitoque.

Em casa, “a minha mãe falava-me sempre em português e isso ajudou. Mais tarde, frequentei o ensino a escola portuguesa em Bruxelas.” Explica.

Acabou por desenvolver, ou tecer amizades com muitas pessoas que tinham por hábito falar em português. O gosto pelo futebol, também teve o seu cunho, lia muito jornais desportivos para acompanhar o seu clube e considera que tenha contribuído muito para desenvolver as suas capacidades a nível de leitura e de compreensão do português, e de enriquecer o vocabulário.

Foi um conjunto de aquisições que fizeram a diferença e a sua paixão pelo país, que foi determinante. Adora passar temporadas em Portugal, nomeadamente durante as férias, essas coisas também ajudaram para “querer aproximar-me das minhas origens.” Não se sente 100% português, nem 100% Belga, tem influência das duas culturas.

Em que consiste o seu trabalho?

“O meu trabalho consiste em gerir os websites da instituição financeira. Trata-se de criar websites para os colegas, websites internos. E às vezes ocupo-me de sites para o público.”

É Lusodescendete. Relata que existe “sempre alguma discriminação quando somos diferentes.” De certeza que “não senti tanta discriminação como alguns colegas de escola por serem marroquinos ou de países em que a cultura é mais diferente que a cultura ocidental, mas acabamos sempre por sentir na pele algumas situações mais desagradáveis.” Argumenta.

Com que frequência vem a Portugal?

Depende do contexto. Agora sou pai e, não tenho tanta liberdade como antes, mas costumava ir no mínimo duas, três vezes por ano a Portugal.

As comunidades portuguesas em Bruxelas

Pedro Rúpio, salienta que devido à sua “atividade política militante, acabo sempre por ter uma grande ligação com Portugal. Um percurso associativo ativista. Uma grande ligação com Portugal, por isso há uma forma de colmatar a questão das saudades, tirando isso, é fundamental regularmente poder comer uma torrada, um bom bacalhau. E em Bruxelas, temos várias possibilidades.”

Ligação à política

Foi representante da Comunidade Portuguesa na Bélgica, no Concelho das Comunidades Portuguesas, que é um órgão de consulta do Governo em matéria de imigração. O CCP, foi conselheiro de 2008 até 2023, durante 15 anos no total. “No meu último mandato, fui Presidente do Conselho Regional da Europa do CCP,” descreve.

Também foi eleito em Bruxelas, no ano de 2012, como Conselheiro Municipal, em Saint Gilles, que é uma das 19 câmaras de Bruxelas. “Fui candidato nas últimas eleições legislativas belgas para o Parlamento Federal, mas não fui eleito.” Constata.

E agora, mais recentemente foi eleito Secretário e coordenador da secção de Bruxelas do Partido Socialista. “Estou empenhado nessa tarefa.” Realça.

Faz trabalho conjuntamente com os deputados portugueses do PS de Portugal?

“Sim, estamos em contacto com alguma regularidade, embora seja mais o caso com deputados eleitos pelos círculos da imigração, digamos que há uma lógica maior, mas também pode acontecer termos contactos com deputados ou dirigentes do Partido Socialista, para trabalharmos a questão das comunidades portuguesas na diáspora.” Argumenta o lusodescendente.

Quantos portugueses vivem em Bruxelas, na Bélgica?

Na Bélgica não sabemos, mas devem estar 70 mil pessoas inscritas nos serviços consulares. Pode haver mais, há os trabalhadores sazonais. Há pessoas que não se inscrevem. Também há os que saíram, e voltaram para Portugal, talvez ainda há os que não tenham tratado da desinscrição consular, “mas acredito que estejamos mais ou menos à volta desse número.”

No que à política se refere, enquanto responsável da secção de Bruxelas do PS português, “o nosso trabalho, é sobre questões da diáspora, sobre temas que vão da participação cívica a um acesso aos consulados, ao ensino do português no estrangeiro, ao apoio ao movimento associativo, e outras questões de âmbito social, económico, há muitas matérias que fazemos com que tenhamos sempre muito trabalho,” refere o mesmo.

Para Pedro Rúpio, “digamos que estamos sempre a trabalhar, porque no campo da diáspora sabemos quais são as temáticas, porque não mudam muito com o passar do tempo, e a evolução é sempre pouco significativa e, temos sempre o sentimento que há sempre imenso trabalho pela frente.”

Quais são as as maiores preocupações dos imigrantes portugueses em Bruxelas?

É um misto de coisas, depende do contexto. As eleições legislativas, “vi que havia muita gente que gostaria de ter votado e não conseguiu. Portanto, há claramente melhorias a apontar no sistema eleitoral.” Referiu

O acesso ao consulado, é sempre uma preocupação da comunidade portuguesa e também “diria que no âmbito de questões fiscais, também há um interesse cada vez maior, ou de pessoas reformadas que gostavam de se instalar definitivamente em Portugal, mas não o fazem por motivos fiscais,” argumenta, porque há uma carga muito elevada para quem esteja nessa situação, ou também encontre algumas pessoas que gostavam de regressar a Portugal e que perguntam regularmente quais são no âmbito do Programa Regressar, as possibilidades, as condições, e verifica-se também pessoas muito interessadas.

Uma mensagem aos emigrantes, que estão fora, e aqueles que pretendem emigrar

Para aqueles que estão fora e aproveitando o contexto das últimas eleições, é que continuem a votar como o fizeram, mais de 350 mil votos. É mais um recorde de participação dos portugueses residentes no estrangeiro. “Devemos continuar a mostrar que, apesar das dificuldades em votar que estamos interessados em participar no que diz respeito à vida política do país e também é uma forma de ganharmos peso reivindicativo que temos, como o voto eletrónico, o ensino do português no estrangeiro, etc.” Defende.

Para aqueles que pretendem emigrar. Que procurem o máximo de informação antes de se instalarem, há serviços do Estado português, que estão bem preparados para fornecer todo o tipo de informação para as pessoas que estejam nesse caso.

Para aproveitar essas ferramentas, e talvez pensarem, que Portugal não é um país assim tão mau. Antes de darem esse passo, há muita gente no estrangeiro os lusodescendentes, “como eu, que nunca viveram em Portugal, mas que gostariam de viver, por outros motivos além do económico”, argumenta.

Pensem bem antes de dar esse passo muito importante na vida, e talvez possam ter a oportunidade de encontrar algo de interessante para se manterem no país.

Ver Também

Manuel Carvalho: empresário e benemérito da comunidade portuguesa em Nova Iorque

O benemérito empresário de restauração luso-americano, Manuel Carvalho, acompanhado da esposa Jackie Carvalho, no âmbito das recentes distinções latino-americanas...