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Domingo - 8 Dezembro 2024

EXCLUSIVO: “Na minha mala trago peixe congelado, polvo, bacalhau até couves e grelos vieram”

Destaques

Nome: Fernando Moutinho

Idade: 59 anos
Profissão: Piloto de linha aérea

Há quantos anos vive fora de Portugal: 30/31 anos

Como é que faz para matar as saudades de Portugal: Uma vez que estou distante, às vezes junto-me com alguns amigos e fazemos uns petiscos portugueses. E encomendo algumas refeições a uma Senhora que é portuguesa, que faz as iguarias do nosso país, o bacalhau com natas, o bacalhau à Brás, os pratos mais típicos.

Quando vou a Portugal eu trago na minha mala peixe congelado, polvo, bacalhau até couves e grelos, já trouxe, também trago pão fresco e depois congelo. Já trouxe ovos moles e pastéis de Belém. Sou português típico. Gosto de trazer as coisas típicas, às vezes até a minha mãe faz uma dobrada, e feijoada, são as coisas do nosso país. Eu amo o meu país de corpo e alma, e adoro a nossa comida, é demais, e não existe comida igual no mundo, também gosto de comida brasileira, mas não se compara à nossa.

Um casal amigo foi há pouco tempo a Portugal e perguntaram-me quais os lugares que recomendava, e vieram satisfeitissímos. As pessoas são sempre muito simpáticas e afáveis. Nas cidades as pessoas são um pouco mais “frias”, mas nas aldeias e nas vilas as pessoas são mais abertas, aquele nosso espírito de português.

As minhas visitas a Portugal servem para visitar a família e saborear os nossos petiscos, as nossa ameijoas, o bacalhau, as sardinhas assadas com broa.

Aqui no Catar, de vez em quando encontro-me com a Elisabete e o marido, fazemos uma churrascada, super agradável. Fazemos esses convívios, sempre com alguma comida portuguesa na mesa. Agora temos vários voos para Portugal, e eu aproveito ir quatro dias para matar as saudades,

O nosso país é único, e acho-o positivo face, infelizmente à situação atual. Eu gosto muito do meu país, adoro o meu país, amo o meu país mas infelizmente, o nosso país, não dá oportunidade aos novos talentos oportunidades e estão a sair. Muito qualificados. Muito bons profissionais. E face esta situação, uma vez que as pessoas são qualificadas em vários setores, eu penso que será uma boa oportunidade de as pessoas aproveitarem as ofertas que dão no estrangeiro, seja nos Estados Unidos, no Canadá, na Austrália. Há variadíssimos lugares. A vida de emigrante muitas das vezes não é aquilo que se fala. Às vezes nós ficamos um bocado chocados. Da forma como nós vêm sendo emigrantes, por vezes somos um pouco “mal tratados” dentro do próprio país, nós somos portugueses! E todos somos portugueses. A verdade é essa, mas sem oportunidade é difícil.

Um casal que queira começar a vida em Portugal em que cada um ganha 1000 euros, ou 800 euros, é difícil fazer uma vida, é difícil comprar um apartamento. É difícil fazerem a sua vida do mês a mês, porque as contas vêm, e as coisas também não estão baratas. Resultado, as pessoas andam tensas, stressadas, e isso é cada vez mais é evidente,

Eu acho pessoalmente, se fosse hoje, se tivesse tomado essa opção, iria para os Estados Unidos ou para o Canadá ou uma Austrália ou Nova Zelândia. São países que realmente dão às condições às pessoas. E há condições de ter uma vida mais mais feliz.

As pessoas são valorizadas. Eu, sinceramente, eu não vejo isso no país que eu amo. Nós temos excelentes profissionais em várias áreas, mas não vejo as pessoas a serem valorizadas. Nos outros países, as pessoas são valorizadas em função daquilo que desempenham e são remuneradas por isso, não só no seu próprio salário, mas também nas condições que vão usufruir, através dos seus direitos que têm desse país.

Se fosse hoje e se tivesse que tomar (mais novo claro) uma decisão, emigrava. Se tivesse casado, levaria naturalmente a minha esposa e os meus filhos.

Mas pretendo voltar a Portugal. É o meu país, é um país que eu amo. Mas a vida é um saquinho de surpresa. Nunca se sabe o que é que vai acontecer. Só Deus não é? Eu nunca esperei ir para Macau, e fui para Macau. Nunca esperei ir para Hong Kong, nunca esperei vir aqui para o Catar. A vida às vezes surpreende-nos.

É um saquinho saquinho de surpresas. Claro que também ao pensarmos estamos a decidir, mas às vezes é o fator surpresa. Não sei se irei viver aí ou se irei viver para os Estados Unidos ou Canadá. Não sei, mas eu amo o meu país com toda a certeza, eu sinto dentro de mim que é isso que vai acontecer. Viver em Portugal é isso.

Quero acabar os meus dias em Portugal. Deus às vezes escreve direito linhas tortas, como se costuma dizer. Mas nunca sabe, é sempre um mistério a nossa vida. Mas eu amo o meu país de Coração e alma e é aquilo que eu pretendo.

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