Nome: Elisabete Reis
Profissão: Consultora de imagem, etiqueta e protocolo.
Onde vive: Doha, Catar
Há quanto tempo vive fora de Portugal: Desde 1995, 29 anos
Como é que faz para matar as estudantes de Portugal: Ontem dei um jantar aqui em casa e os pratos foram: Bacalhau espiritual, Bacalhau à Gomes de Sá e Arroz de Pato com Chouriço. Quando vou de férias a Portugal com a minha família, tentamos ir todos os anos, os meus filhos apesar de nunca viveram em Portugal e não nasceram em Portugal, falam corretamente português, porque acho que é uma missão nossa. Nós como pais temos uma missão a cumprir. Os meus filhos são portugueses, sabem estar em Portugal, sabem lidar com as pessoas, sabem a história do país, sabem cantar o hino, são do Benfica, um pequeno aparte.
A nossa última residência foi em Lisboa, onde me casei. Eu nasci em Moçambique, já venho de uma família de emigrantes. A minha última residência foi em Belém, Lisboa. Não quis casar em Macau, onde conheci o meu marido, casei na Igreja da Memória, em Belém. Os meus pais conheceram-se em Moçambique, o meu pai é de Fátima e a minha mãe de Ourém.
As minhas amigas fartam-se de rir porque quando vou a Portugal trago na mala, bacalhau, chouriços, queijo português. É uma verdadeira mala de emigrante, com muito orgulho. Trago iguarias, pastéis de Belém, porque eu era vizinha dos Pastéis de Belém, e não dispenso. Trago “os meus”.
Tenho amigos de Mafra que trazem-me de propósito fradinhos, e eu trago-os para o Catar. Sou uma portuguesa que vem sempre com a mala cheia de iguarias para o Catar.
Tenho a oportunidade de usar os jantares fabulosos em minha casa, onde os meus convidados podem comer bacalhau, que veio de Portugal e comem chouriço, aqui não há carne no porco. O Catar é muçulmano. Logo a carne do porco não é uma carne comercializa aqui, se bem que temos um “localzinho” onde temos uma licença e podemos ir lá comprar.
Vou todos os anos a Portugal visitar a minha sogra. Felizmente tem uma propriedade lindíssima, na Bordeira, no Algarve, e passamos lá os Verões e é maravilhoso, maravilhoso. Adoramos. Infelizmente os meus pais já não se encontram entre nós.
Eu considero-me cidadã do mundo e, portanto, se os pais não fazem o seu trabalho de casa para passar às crianças, as nossas raízes, o nosso orgulho em ser português e o querer contribuir para o nosso país, acaba por cair no esquecimento. É um trabalho que nós temos que fazer e é muito importante. Passar aos nossos filhos os nossos valores, as nossas raízes, o nosso amor a Portugal.