Decorreu ontem, dia 21 de outubro, na Casa do Embaixador do Brasil, Raimundo Carreiro, em Lisboa uma “mesa compartilhada” com sabores de Portugal, pelas mãos do Chef Vítor Sobral e do Brasil as delícias da Chef Carol Alves que veio do Brasil. O festim começou com um Caldo Verde do Chef Vitor Sobral, no jardim da residência do Embaixador e Açorda de Gambas e vegetariana, e como remate a sobremesa Brisa do Lis, onde o sabor das amêndoas realçava as papilas gustativas. Pelas mão da Chef Carol Alves apresentou-nos um Acarajé, conhecido como “Bola de fogo”, e não era para menos, pois os a sua picância levava-nos ao calor dos trópicos em segundos, que nem a água conseguia apagar.

Os sabores não se quedaram por aí, ainda nos reservavam as doçarias. Do Brasil “vieram” os famosos Quindim, que é de comer e chorar por mais, não muito diferente da doçaria apresentada pelo Chef Sobral com a Brisa de Lis, que só difere o sabor do coco pelo sabor da amêndoa. As bebidas estavam por conta da cerveja artesanal Lispoa, e do vinho de Menin, que se apresentava branco e tinto, muito encorpado e de um sabor intenso a terras do Douro. Para terminar um café do Boabá, que nos remete ao aroma cítrico de laranja, dando-lhe uma tonalidade de frescura, e cuja torrefação é feita em Lisboa.

Pelos jardins da Embaixada estivemos à conversa com os Chefes Vitor Sobral e Carol Alves, que falaram da importância da gastronomia como união da cultura Portuguesa e Brasileira, pois muitos dos pratos apresentados e segundo Vitor Sobral, são “uma representação da cozinha portuguesa em terras de Vera Cruz, aquando da presença portuguesa no Brasil”. A terra oferece e o homem transforma, como é o caso da Brisa do Lis, que em Portugal se faz com amêndoas e no Brasil, uma vez que não havia este fruto, foi substituído por coco, uma introdução também ela portuguesa.

Foi um casamento perfeito e muito feliz este encontro, pois os sabores estavam em perfeita harmonia, a picância do Acarajé, puxava bem o vinho branco de Menin.

O Chef Vítor Sobral com as “Tasquinhas” no Brasil, mais concretamente em S. Paulo, realça a importância da gastronomia para aproximar ainda mais as duas culturas, e que muita da cozinha brasileira tem as suas raízes em Portugal.

Ainda foram “esgrimidas” algumas palavras entre a Chef Carol Alves o Chef português sobre a origem de alguns dos pratos mais conhecidos no Brasil. Mas quem ganhou foi sem dúvida os presentes que se deixaram levar pelos condimentos da Baía e de Portugal. A inigualável Açorda de Gambas, que nos levava a águas profundas do Oceano Atlântico.

Segundo Vitor Sobral revelou-nos que “talvez seja o cozinheiro que mais vezes vai ao Brasil, e um grande defensor da lusofonia, e tem um restaurante no Brasil há 13 anos em S. Paulo”.

Antes da pandemia ia com mais frequência a terras do Samba, mas hoje em dia vai três, quatro vezes por ano. Há uma ligação pessoal e profissional com o Brasil, “Nós ensinamos as técnicas de cozinhar aos brasileiros e ao mesmo tempo aproveitamos para trazer produtos que foram introduzidos nos nossos hábitos alimentares, há influências de ambos os lados.” Recorda o Chef português. Há uma troca natural de conhecimentos. “Os brasileiros falam sempre mais do bacalhau, mas na “Tasca da Esquina”, que por sinal tem vendido muito bacalhau, mas o polvo, e a comida que vem do mar, trazem uma ligação muito forte aos brasileiros.
A picanha não é um prato típico brasileiro, “tudo que não tenha tacho, forno” menciona o Chef Sobral. O Quindim, a feijoada à brasileira, e os pasteis, o Pastel de Vento que vem do Brasil, e que é recheado, é aquilo que os portugueses mais apreciam do Brasil.
A Chefe Carol, de Salvador da Baía relembra que esta cidade é o berço de África. E esta fusão casa muito bem, “é um casamento perfeito”. A culinária Baiana que é Afro-brasileira, chegou à Baía levada pelos Africanos e Portugueses.
Os brasileiros gostam muito de bacalhau, revela a Chef, que sempre que vem a Portugal leva sempre o bacalhau e o azeite português.
“No Brasil em todas as festas santas o bacalhau está sempre presente.” Esta conjugação de gastronomia portuguesa e Brasileira, segundo a mesma, deu-lhe muita satisfação, e trabalhar com o Chef Salvador, foi uma experiência muito boa pois também trocaram várias informações, e “é importante ouvir” e “o nosso Acarajé, leva o batapá, gengibre, leite de coco, camarão seco defumado, é muito parecido com a açorda portuguesa, um conjunto de ingredientes que são muito trabalhosos mas que dão muito prazer em confecionar.” Termina a Chef Baiana, Carol Alves.
