Pedro Moreira, não é considerado o típico emigrante que teve de sair do país em busca de novas aventuras e de uma carreira profissional mais desafiante e segura. Foi para Macau por nostalgia porque viveu lá em criança. Os verdadeiros emigrantes são os pais que foram para Macau nos anos 90. Viveram lá três anos, e essa vivência marcou muito Pedro Moreira. Gostou tanto da experiência que o seu objetivo sempre foi regressar a Macau, fosse como fosse. E a forma como a alcançou foi um pouco sui generis, porque não tem a ver com aquilo que estudou, mas o objetivo era ir a qualquer custo.
Estudou um ano de Engenharia na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. E no final desse ano desistiu do curso. Fê-lo, não porque não gostava das matemáticas, ciências e física, mas porque não gostou do curso em si, desistiu e candidatou-se a Direito, que era a sua outra paixão, para além das ciências, as Humanidades também preenchiam o seu coração.
Quando enveredou a formação académica em Direito, fê-lo não por uma paixão especial pela justiça, mas sim porque gostava de escrever, e até pensou que podia ir para letras, jornalismo. Mas verificou que no Direito podia fazer isso tudo, ainda tem a licença para ser advogado. Portanto, as opções ficam em aberto e assim foi, foi tirar o curso de Direito.
E com o curso na “mão”, teria a possibilidade de estagiar e trabalhar em Macau, – a principal comunidade de expatriados portugueses são advogados. Há muitos escritórios de advogados ainda com uma génese portuguesa. “E eu sempre pensei que voltaria aqui como advogado, mas entretanto, apareceu me uma proposta para vir gerir uma empresa de engenharia, e eu aceitei o desafio.” Explica Pedro Moreira.
E assim foi, voltou para Macau, mas foi mais um projeto nostálgico. Licenciou-se na Faculdade de Direito da Universidade Católica do Porto.
Ainda exerceu como advogado no Porto, na José Pedro Aguiar Branco & Associados, acabou o curso em 2010, e em 2014 surgiu a proposta de ir para Macau em Setembro desse ano. “Estou aqui faz quase 11 anos, para além dos 3 que já cá tinha estado”, relembra Pedro.
Neste momento não está a trabalhar em direito, mas sim em Engenharia. Exerceu advocacia até 2014, e, depois surgiu a oportunidade de ir gerir uma empresa de Engenharia e aceitou, não só porque gosta e já tinha um background mínimo na engenharia, como também queria ir para Macau, e aceitou o desafio, que fazia essencialmente projetos de alta tensão de subestações na área da Transmissão e distribuição de energia. E fizeram todos os projetos que tinham que fazer durante 3 anos, entre 2014 a 2017. E, entretanto, completaram todos os grandes projetos que havia em Macau e “necessitei de procurar uma nova oportunidade e encontrei-a na mobilidade elétrica. Montei uma empresa de Mobilidade Elétrica, na qual mantive até 2024, vendi metade em 2021, e depois vendi a totalidade da operação em 2023 .” Refere.
Pode-nos dizer por que razão o fez?
Primeiro porque para as “coisas” crescerem, é necessário investimento, e em 2020 já tinha crescido tudo “o que eu conseguia crescer sozinho,” e procurou parceiros para alavancar as oportunidades que havia nessa área. Venderam 49% da participação a uma empresa cotada na Bolsa de Hong Kong, estiveram juntos até 2023, ano em que venderam a totalidade da operação, uma vez que não iria haver crescimento nessa área específica, mas tinham uma operação bastante forte. Venderam a operação para se focarem noutros desafios.
Quer falar sobre isso?
Paulo Moreira, começa por dizer que o novo desafio que abracei recentemente tem a ver em desenvolver negócio para uma empresa de carregadores portuguesa, uma startup muito forte e muito bem conceituada no mercado ocidental. Estamos a ver se conseguimos ter sucesso também na Ásia. Esse é o novo desafio que abracei, também na área da mobilidade elétrica. A sede desta startup fica no Porto. Ainda não têm sucursal, vamos ver se o objetivo se cumpre. Salienta o mesmo.
Neste momento trabalha na mobilidade elétrica, já tem 12 anos de experiência nessa área, não era o plano nem o objetivo, mas foi o que aconteceu. Não se importa de fazer coisas diferentes, até gosta e de experimentar áreas novas.
Gosta de desafios constantes. Não tem particular gosto de se pôr à prova, porque as provas que precisa são apenas para si, mas gosta muito de aprender. “Adoro aprender e aprendo até obsessivamente, encontro um interesse e devoro tudo o que consiga sobre esse tema, e tenho a sorte de ter não só uma boa memória, e uma boa cabeça, e acabo por conseguir apreender muita coisa de áreas bastante diversas. Claro que isso traz-me um conhecimento abrangente, mas não aprofundado em nenhuma área especifica.” Salienta.
Onde fica o Direito?
O direito ficou para trás. “Ainda utilizo muito as ferramentas e o conhecimento que adquiri. Mas, mas não exerço, aliás, tenho a cédula suspensa nesta altura, pedi a suspensão, já que não estava a exercer, e na verdade, sou advogado de profissão, mas neste momento não exerço há mais de 10 anos.” Explica.
Pondera um dia vir a retomara a carreira de advogado. “Quem sabe?! não sabemos o que a vida nos traz.” Reflete.
Talvez dependendo de como correm as coisas e as oportunidades que apareçam, “nunca deixo de equacionar nem de manter as portas abertas. Não fecho as portas a nada,” salienta.
Tem a capacidade, as ferramentas e os diplomas necessários. Portanto, se um dia houver uma oportunidade nessa área que lhe desperte o interesse, “terei todo o gosto em agarrá-la também, como fiz em todas as outras áreas em que trabalhei.
Tenho muito gosto de ter esse conhecimento e ter feito o que fiz, não me arrependo de todo, de nada. Aliás, antes disto tudo, eu atendi telefones num “Call Center”, e foi das experiências profissionais em que mais aprendi. Portanto, eu não desdenho nada.” Enfatiza Pedro Moreira.



