Luís Gonçalves, não teve um percurso de vida dito “muito normal” na sociedade, deixou a cadeira da escola tinha 14, 15 anos, e começou a trabalhar numa empresa de comunicações em Leiria. Fez uma carreira muito extensa na área das comunicações, como técnico, e mais tarde entrou no setor das telecomunicações, culminando nas telecomunicações móveis, via Ótimos (Sonae), por uma empresa local. Muito “deve” a sua formação à Sonae, dizendo com gratidão e muito orgulho, que toda a informação e conhecimento que aprendeu, se deve às
formações do grande Grupo Económico português. Mas foi na Ásia que conseguiu atingir o topo, o tal “singrar na vida”!
Portugal já estava a ficar muito pequeno para as ambições de Luís, ainda esteve na capital portuguesa a trabalhar por conta de outrem, tinha alguma estabilidade, e ao mesmo tempo tinha a sua empresa. Anos mais tarde resolveu voltar para Leiria iniciar uma empresa de telecomunicações móveis e também técnica, iniciando a fazer sites na Internet, “foi uma das primeiras empresas em Portugal” diz com orgulho e satisfação. Mas o seu anseio era maior, e voltou para Lisboa, quando teve um convite para visitar Shenzhen, (China), e Hong Kong.
A sua aventura Asiática começou entre 2008/2009 e resolveu ficar em Hong Kong em 2010, faz agora 15 anos. Antes de ir para Hong Kong já conhecia vários países na Europa e África, mas quando chegou à grande metrópole foi um “abrir olhos”, Hong Kong “deu-me o que na altura o que Portugal não me podia dar. E estou grato a Hong Kong, e aos Honcongueses.” Relembra o empresário português.
Hong Kong consegue dar muitas oportunidades e consegue-se singrar na vida”! Fala de Hong Kong com muita ternura porque é-lhe muito especial, na sua opinião, as pessoas são amigas do amigo, “são autênticas”. O congratular “é muito genuíno”, e houve quem “me ajudasse a vencer nos negócios”, e continua a dar oportunidades. É um Hub extraordinário, é uma metrópole internacional, em que se consegue atingir o topo com meritocracia.” Revela.
Abriu-lhe as portas para sítios que nunca imaginou poder ir, abriu-lhe caminhos que jamais pensou poderia trilhar, “pôs-me em contacto no processo para por empresas em contacto com a Bolsa de Valores” e recebeu ajuda na área financeira, na alimentar, no investimento e imobiliário. Não significa com isto que tudo tem sido um mar de rosas, “tivemos os protestos, o Covid, e outras dificuldades empresariais, por força de elementos externos e internos.”
Mas há uma positividade por parte dos Honconguenses, a boa energia que “nos faz olhar para a frente”. E isso permitiu-lhe ter um conjunto de empresas em três áreas distintas: Produção e Distribuição Alimentar; Financeiro e Investimentos e Imobiliário. É onde “mais foco os meus negócios”, desde 2012 que tem outros projetos, o Centro Internacional Português (Portugal International Center). Que é um pequeno edifício de quatro andares, no rés-do-chão “temos uma mercearia, e um Take Away, é como se fosse um clube privado, temos 900 membros, sendo a loja do rés-do-chão praticamente para os membros.”
Na parte superior do edifício tem uma área onde os membros podem “conhecer” Portugal, e aprender “o que é Portugal”, têm protocolos com a língua portuguesa com a Universidade de Hong Kong, e com outras instituições, o que facilita os investidores estrangeiros, nomeadamente os Honcongueses a terem uma melhor perceção sobre Portugal antes de investirem no país. Também serve para os portugueses que pretendam fazer negócios na Ásia, onde podem encontrar um lugar, é uma comunidade com mais de 900 pessoas, que se comporta como se fosse uma família.
Luís Gonçalves, tem uma paixão muito grande por Portugal, é uma pessoa muito discreta, gosta de estar nos bastidores, tem apenas uma rede social que é o Linkedin, e que foram os seus funcionários que abriram a conta.
Gosta de se envolver em áreas com responsabilidade social e ajuda bastante instituições nessa área, não só em Hong Kong, mas também em Portugal.
O Centro Internacional Português, tem um espaço onde as pessoas podem degustar comida portuguesa. E todo o lucro feito no clube é direcionado para a caridade em Hong Kong.
É uma ONG (Organização não Governamental), o espaço em concreto tem tido bastante sucesso ao longo dos anos, “fazemos muitos colóquios sobre a língua portuguesa, sobre os portugueses e a história dos portugueses em Hong Kong, sendo que foram estes os primeiros estrangeiros a chegar lá.”
A comunidade portuguesa, apesar de ser pequena é muito ativa, não é como Macau, devido a razões históricas onde há uma comunidade portuguesa maior, “mas aqui a comunidade portuguesa é muito dinâmica e unida. Conjuntamente com o Centro Internacional Português e a Casa do Vasco, dedicado a Vasco da Gama,” os próprios membros não querem partilhar com muita gente. “Concordo com eles, é essa sinergia da família que aqui temos, muitos empresários conhecidos de Hong Kong, e pessoas ligadas à lei, às forças de segurança que vão lá jantar e celebrar aniversários, bem como grupos de empresas e de famílias, porque é um sítio em que se sentem em casa, investiram em Portugal, em Empresas, na Banca, na Energia, na Construção, e sentem-se bem quando vêm aqui.”
Também têm um grupo bastante expressivo de Japoneses, porque gostam muito da cultura portuguesa, também há Malaios, de Singapura, mas maioritariamente são Honcongueses, “aliás isto foi projetado para investir neste projeto para poder retribuir a Hong Kong, o que me deu a mim. Essa foi a ideia. Estamos a ajudar os portugueses a investir aqui e os Honcongueses e Asiáticos a investirem em Portugal.”
No seu entender os portugueses têm de olhar para a Ásia, e não para a China, e Hong Kong, como um ponto de comércio. “Fazemos isso há muitos anos, representamos muitas empresas portuguesas na distribuição alimentar, representamos grandes grupos económicos, não só portugueses, mas também espanhóis, franceses, e outras nacionalidades, “somos um Trader”, mas mais focado para produtos portugueses.”
Há um nicho na Ásia, em que o empresário português deveria entender e vir cá, o produto português tem uma excelente qualidade em comparação com os produtos que existem, e com um bom Marketing, o Asiático sabe, conhece, não está na ignorância do passado. Há uns 18 anos atrás o “Chinês” quando pedia um bom vinho, não se importava do preço, pedia um vinho francês, porque o francês é que era bom. Atualmente o Chinês já sabe distinguir e já não compra “vinho do Porto” feito na Austrália, já aprendeu a lidar com produtos originais e de excelente qualidade.
A qualidade do produto português tem de continuar na área da distribuição alimentar. As grandes marcas pagam as prateleiras. Há uma necessidade de diversidade de marcas na Ásia. É uma oportunidade dos empresários investirem por cá. O produto português tem credibilidade, e há que aproveitar essa tendência. Luís Gonçalves tem um grupo de empresas que se chama “Good Vibes Group”, é um conjunto de empresas que compreende, Finanças e Investimento, Imobiliária, (construção), e distribuição Alimentar. São a base de negócio.
À parte “tenho “o meu “recreio”, ou a minha “Câmara de Comércio privada”, porque é uma coisa à parte, é para representar Portugal. Na realidade não vejo isto como um negócio, vejo isto como estandarte para Portugal e um aproximar de culturas, e ao mesmo tempo facilitar a vida aos empresários portugueses, ou aos turistas portugueses que queiram vir conhecer Hong Kong, ou que queiram investir em Hong Kong.” “É uma Câmara de Comércio privada, digamos assim. Mas sem qualquer tipo de interesse financeiro”. Finaliza o empresário.