Cristina Ataíde tem 57 anos, e um percurso na Ásia com mais de 30. Trabalhou na Inditex na marca Zara como compradora de
Senhora e técnica de desenvolvimento da parte de Senhora. Há muitos anos que viaja para a Ásia. Sempre lhe despertou muito interesse. Gosta muito da cultura asiática em geral. Enquanto trabalhava na Zara, viveu em Espanha, mas praticamente passava o tempo na Ásia, mais concretamente em Hong Kong, China, Índia.
O seu trabalho focava-se no departamento de senhora. Depois, por razões pessoais e de amor, foi trabalhar para a Parfois. Foi convidada para fazer a parte do desenvolvimento de compras na Ásia, porque tinha muito know how nesse mercado. Viveu no Porto, casou-se, e teve uma filha. Foi muito feliz a trabalhar na Parfois. “Até hoje foi o sítio onde foi mais feliz”, revela Cristina Ataíde.
“A minha filha nasceu no Porto e é portuense”. Uma vez que sentia muito feliz a trabalhar viveu uns 4 ou 5 anos em Portugal. “Adorei viver em Portugal”. Depois por razões pessoais divorciou-se e o destino reservava-lhe a Ásia de novo.
Viveu em Hong Kong, “foram uns anos muito conturbados com muita burocracia”. E por lá permaneceu oito anos. Depois foi trabalhar para uma empresa espanhola de cosmética, onde esteve nove anos como diretora do mercado Asiático. Foi para Macau, onde a empresa abriu uma sucursal, um pouco antes da pandemia. Durante o Covid foi muito difícil viver na Ásia porque fecharam tudo. “Não podíamos reunir”. Aliás, “eu fui a última pessoa a entrar em Hong Kong antes de fechar as fronteiras. Eram 8 da noite e iam encerrar as fronteiras à meia noite. Na altura estava em Espanha e foi muito complicado. “A minha filha ligou-me e disse,que as fronteiras iam fechar à meia noite. Apanhei um voo, no qual tive de desembolsar muito dinheiro. Porque eu não era residente permanente do território e bloquearam a entrada de todas as pessoas.”
Só deixavam entrar os residentes permanentes,ou seja, os chineses. Foi muito complicado durante o três anos. Ninguém podia entrar e sair da China, Hong Kong e Macau. Foi complexo trabalhar como se deve imaginar. “E não podia sair para os países. Não podia ter relações comerciais com os países, ou seja, era tudo basicamente digital online. Foi um desafio, bastante “challenging” como como nós dizemos por aqui.”
Mais tarde e com a abertura de fronteiras e o regresso à “normalidade”, surgiu através de uns amigos a possibilidade de uma compra numa de numa propriedade na Tailândia num condomínio. “Iríamos comprar com um grupo de amigos em conjunto. E eu aceitei esse desafio. Porque não? As rendas na Ásia são bastante altas, na ordem dos 2000 euros para cima, e então foi-me dada a possibilidade, em vez de pagar renda, pago uma prestação mensal até adquirir o imóvel e não hesitei e por isso estou na Tailândia.”
Recuando um pouco “na minha vida, estudei no Porto na Escola de Moda e no Citex uma série de especializações. E depois vim para a Tailândia. Continuo a trabalhar numa das marcas dessa tal empresa espanhola, onde trabalho há muitos anos. Abri uma marca de roupa aqui que se chama Parfait que faço basicamente “beachware”, roupa de praia, e umas “coisinhas” de praia muito ligeiras e tenho algumas coisas de lifestyle; umas almofadas, coisas de decoração. Faço umas decorações de casas aqui também, porque eu tenho muito jeito e, portanto, as pessoas gostam muito e tenho feito algumas coisas, agora estou a fazer um rooftop.”
Abrir um restaurante Espanhol de Tapas em Puket
Com uma vida tão preenchida com o trabalho, viagens e mais viagens, pouco tempo dá para o resto, “atualmente vivo com a minha filha, desde que me divorciei em Portugal. Nunca refiz a minha vida amorosa. Preferi viver a minha vida com a minha filha. Ela é maravilhosa, tem 19 anos, e vive comigo atualmente, estuda numa escola online, em Singapura. Este ano vai embora, possivelmente vai para a Austrália ou Dubai, para dar continuidade aos estudos.”
“Ficarei aqui sozinha na Tailândia até nova expectativa. Eu estou aberta a tudo. Nunca sei o que se vai passar de seguida, a minha ideia, depois de sair de Hong Kong e de Macau e da China, era ir para o Bali. Mas através dos meus amigos, fui persuadida a vir para aqui e aqui fiquei, e aqui estou há um ano e tal. E agora vou abrir num restaurante aqui a aproximadamente 15 dias. Abrirei aqui” um restaurante de tapas em puket que se chama “Ibiza tapas Bar.”
O que a levou a sair do país?
O que a levou a sair do país foi a sua experiência profissional com um Background da Ásia há muitos anos. Adora Kong Hong, “se me perguntassem onde onde é que preferiria morrer, seria em Hong Kong. É uma cidade que eu adoro, é uma cidade de contrastes, muito cosmopolita, e ao mesmo tempo uma cidade completamente familiar. Tem essas duas vertentes.”
Depois da pandemia, Hong Kong não tem a notoriedade que tinha antigamente, hoje é uma cidade a mais, aliás, economicamente está bastante debilitada. Seria muito difícil agora arranjar um emprego, só por milagre. “Hong Kong fascina-me”. Não só pelo seu desenvolvimento. Mas também pela parte cosmopolita onde se encontra de tudo. “É uma cidade cheia de movimento.”
Portugal “eu acho que está um bocado obsoleto, não sei”, eu amo mas não vou a Portugal há doze anos. A minha família vive em Espanha em Tenerife, porque eu sou meia espanhola e metade Portuguesa. A minha família está toda em Tenerife, portanto quando vou à minha empresa, que é em Alicante, obviamente vou sair para o Porto de abrigo, que será Tenerife.
Mas “eu também sou muito independente. Saí de casa quando tinha 18 anos, para estudar e nunca mais voltei a casa. Não sou aquela típica Senhora que tenho que ter a família ao lado para se sentir feliz. Não, eu sou uma pessoa completamente independente. Vivo sozinha do outro lado do mundo, 365 dias por ano e não tem problema nenhum nisso.”
“Sou uma pessoa que precisa de aventura, de novos mundos, gosto desbravar terreno. Às vezes cai-se na lama, mas depois levanta-se.”
“Os meus trabalhos envolviam em apanhar muitos voos por mês, 10 ou 12. Havia meses enquanto trabalhava na Zara, que apanhava 17 voos por mês, agora não. Agora a coisa obviamente é mais calma. Mas eu gosto de ter uma dinâmica e porque tenho 57 anos, sou bastante ativa e bastante jovem em termos de caráter e de pensamento. Em termos de ritmo.”
Tem dias “que penso assim: era tão bom eu estar ali na Zambueira do Mar, adoro a Zambuzeira do mar numa casa ali voltada para o mar, sem ter nada para fazer. Eu não conseguia, não sou pessoa para estar 365 dias por ano, sem fazer nada! Voltar para Portugal, não sei, é uma incógnita, não sei…”