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Sábado - 19 Julho 2025

EXCLUSIVO: Solar e Eólica estão na moda nos PALOP – (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa)

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Estivemos em conversa com o Diretor Executivo Operacional da MCA, na II Conferência da CPLP, em Cascais, Carlo Amado, a propósito das energias renováveis e projetos da mesma nos PALOP, e na África Francófona, onde se tem investido muito na energia limpa; sol e eólica. A Sede da MCA é em Guimarães, que significa Manuel Couto Alves, fundador e sócio da empresa. Vem de uma família com tradição na construção, no norte do país. Fundou-a há 27 anos. Sendo neste momento uma referência na área da construção na África lusófona, tendo crescido muito em Angola, é uma das empresas que se tem destacado também no setor energético nestes mercados africanos.

A MCA, é uma empresa privada, com sede em Portugal e experiência em África há 20 anos. Tem escritórios um pouco por toda a Europa, nomeadamente em Espanha, na França, na Alemanha, na Holanda e na Polónia. A empresa vem do ramo das infraestruturas, mas diversificou nos últimos anos a sua atividade, encontrando-se a desenvolver quatro verticais de negócios, as energias, o desenvolvimento urbano, as infraestruturas e a saúde, são estes os quatro ramos de negócio da empresa.

No ramo da energia, tem dois verticais; a economia circular onde têm uma central de biodiesel em operação na Maia, e têm também em desenvolvimento projetos de bio metano na Europa Central e de Leste, bem como o negócio das renováveis. Dentro da energia onde desenvolvem e executam projetos de dimensão, the utility Scale, de fotovoltaicos ou de eletrificação rural. Têm dois grandes projetos em execução, e muitos outros em desenvolvimento, um pouco por todo o continente, “onde já temos uma experiência acumulada de mais de 20 anos”, explica Carlo Amado.

Quais são os mercados mais atrativos para a vossa empresa, nomeadamente nas energias limpas, nas renováveis? E porquê esses países?

No negócio das renováveis, veem com muito interesse a experiência que têm acumulada na execução de projetos em África, e na forma como conseguiram desenvolver e executar.

Segundo Carlo Amado, “temos uma estratégia que está muito assente entre Portugal, Moçambique, e toda a região da SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral)”, mas olham também com interesse um pouco para toda a África Subsariana, como uma empresa que consegue desenvolver e fazer engenharia, o procurement e a construção destes projetos e depois operar.

Na área da economia circular, estão a desenvolver projetos de bio metano na Europa de Leste, “temos um projeto na Polónia, que está quase em fase de construção. Estamos no final quase a conseguir o Financial closing do projeto e começar a construir, e temos esta central de biodiesel na Maia.” Refere o Diretor. E a partir desta unidade pretendem fornecer o biodiesel em Portugal e um pouco pela Europa.

Quantos trabalhadores tem a Empresa?

Têm cerca de dois mil trabalhadores. Muitos a trabalhar nas áreas de energia, a executar estes projetos de dimensão que foi apresentado, e têm também muita gente alocada às outras áreas de negócio, mas a grande maioria está neste momento na área da energia.

África, quais são os maiores desafios que encontram, nomeadamente nos países, dos PALOP na transição energética?

São muitos, “nós trabalhamos muito com os PALOP, mas também temos muito trabalho comercial na África Lusófona e na África Francófona. Os desafios são muitos, quando abordam os ministérios da energia destes países, percebem que, do ponto de vista de modelo de negócio o que é privilegiado, são projetos onde o que é pedido é que sejam Independent Power Producer, ou seja um modelo de IPP. Nem todos os mercados estão preparados, para ser suficientemente atrativos a um investimento de um privado.

Neste modelo, do ponto de vista regulatório, falham muito, ou o ambiente não está suficientemente preparado para acolher este tipo de investimento. Do ponto de vista das tarifas, também há desafios, porque há muita subsidiação nessa área, da parte dos Estados. O que à partida coloca um problema para a viabilidade dos projectos.

Para o Diretor Carlo Amado, julga que um dos grandes desafios é este, e que se deve mudar um pouco o mindset. Fizeram isso em Angola, com sucesso, de estruturar o projeto não neste modelo, mas no modelo do projeto público, onde os riscos, a gestão do risco é muito mais controlada, quer para o privado, quer para o setor público. Onde se consegue entregar um projeto de forma mais rápida, e onde a tarifa no final que é passada para o consumidor é mais baixa, “e penso que é esse o interesse fundamental dos Estados”, exemplifica Carlo Amado.

Muitas vezes, “quando olhamos para um modelo Europeu”, ou países desenvolvidos, e “tentamos exportar esse modelo, nem sempre corre bem. Acho que devíamos todos os actores refletir também se não faz sentido executar por vezes projectos noutro tipo de modelos.” Explica.

Qual é a fonte energética maioritariamente explorada? A solar ou a eólica, ou ambas nestes países Africanos?

Depende do tipo de países que estamos a falar. Os países são muito diferentes. “Por exemplo, ainda há pouco falávamos com os responsáveis de Cabo Verde que têm características muito diferentes de Angola de Moçambique, em Cabo Verde, privilegia-se a energia eólica, mas também há alguma solar. Angola e Moçambique, o solar, tem mais potencial do que o vento. Mas os desafios não estão só do lado da geração, estão muito também do lado da eletrificação e quando desenvolvemos projetos, procuramos desenvolver também sempre na perspetiva de não só oferecer ao Governo a parte da geração, mas também a parte da eletrificação.” Refere.

E “conseguimos também com os nossos financiadores”, muitas vezes, e uma vez que têm estas duas componentes, justificar que o projeto é um projeto de geração, um projeto verde, e isso permite-se ter condições de financiamento por vezes muito mais competitivas, mas ao mesmo tempo integrar a parte de eletrificação, que é o que muitas vezes não é considerada neste tipo de financiamentos e passa a ser integrada num projeto de geração, tem-se feito isso e acha que tem resultado bem.

Uma mensagem aos governantes dos PALOP, para que a transição seja feita de forma mais rápida, mais célere e qual o tempo que pode demorar o projeto?

A Mensagem que gostaria de passar, porque antigamente havia muito debate, se a energia renovável era só para atender uma questão ambiental. Hoje está provado que não. Os sistemas fotovoltaicos são, provavelmente, a fonte de energia mais barata que existe.

Hoje em dia, isso já está provado de alguma maneira, “o que eu penso é que os governos devem fazer, no âmbito deste processo, é tentar ter o máximo de autonomia energética possível, porque o sol é uma fonte que chega a todos estes países. E planear de forma correta, perceber porque é que alguns dos projetos não avançam. Quais são as razões de diversos projetos que estão em fase de planeamento não avançarem e questionarem se não faz sentido também trabalharem em modelos diferentes de financiamento e de desenvolvimento de projeto.” Finaliza.

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