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Quinta-feira - 15 Maio 2025

EXCLUSIVO: Um Engenheiro em alta na Noruega

Destaques

Gonçalo Carvalho, iniciou o seu mestrado em 2015 em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores no Instituto Superior Técnico. Viveu 4 anos em Lisboa. O primeiro semestre de Mestrado levou-o para a Noruega para estudar na faculdade Cibernética e Robótica da NTNU (Norwegian University of Science and Technology), no âmbito do programa Erasmus. Tendo sido a sua primeira experiência internacional fora de terras lusitanas.

Regressou a Portugal e não se sentia feliz com a carga laboral no IST “que não me permitia ter uma vida académica e pessoal equilibrada, onde a universidade me tirava 90% do meu dia”. Procurou e surgiu a oportunidade de voltar a Trondheim e escrever a tese (Underwater Snake Robots And Cooperative Path Following) em conjunto com a NTNU e o IST.

Foi fácil de decidir, ficar em Portugal nunca foi uma opção para mim apesar de adorar o pais em que cresceu. Mudou-se novamente em Janeiro de 2020 e 2 meses depois, do confinamento… “A minha mãe queria que eu regressasse, eu decidi que queria ficar.” Atesta Gonçalo Carvalho.

Ao fim de 3 meses a vida estava quase normal. “Os meus pais e os meus amigos portugueses, continuaram mais alguns meses fechados em casa. Em Junho do mesmo ano já tinha escrito toda a a tese, mas esta só foi apresentada em Janeiro de 2021, remotamente.

Demorou alguns meses até arranjar trabalho na sua área, a certa altura estava a perder a esperança. Enviou muitas candidaturas, mas não estava fácil, em setembro recebe uma boa proposta. Pondo por outras palavras, recebeu uma proposta como nunca receberia em Portugal. “Não hesitei.” Quando apresentou a tese já estava a trabalhar há mais de 3 meses.

Trabalha como engenheiro de software numa empresa chamada Appear desde a pandemia, faz agora 3 anos e 7 meses em Maio. A Appear é uma empresa líder em tecnologia de produção em direto (live production technology). Os produtos que “desenvolvemos são usados por quase todo o globo e Portugal não é exceção.”

Alguns dos nossos canais portugueses usam os “nossos produtos” permitindo que muitos de vós recebam o sinal nas vossas casas. Têm um modo de trabalho hibrido o que lhe permite trabalhar da minha caravana de qualquer lugar na Noruega e ao fim de 3 anos ter sido capaz de conhecer a Noruega de norte a sul.

A Noruega oferece excelentes condições de trabalho e diversas oportunidades de crescimento na sua área. Pessoalmente, a qualidade de vida é boa, com um grande equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, o que tem contribuído significativamente para “o meu bem-estar”. Nestes três anos e pouco de trabalho são poucas as vezes que saí depois das 16:30. “Aqui não fazem juízos de valor como em Portugal.”

A sua saída profissional coincidiu com a altura em que estava a escrever a tese de mestrado em conjunto com o IST e a NTNU e o Covid. Até à altura foi a sua única saída profissional. Possivelmente não será a única, mas por agora pretende ficar mais uns tempos.

Encontra-se fora de Portugal há 4 anos e meio. Tanto profissionalmente como pessoalmente está a valer a pena. Pessoalmente consegue poupar bastante para o meu futuro, ao contrario de muitos dos meus colegas que ficaram em Portugal a trabalhar na mesma área. “Tenho bastante tempo livre, e como tal, no ano passado comecei a estudar fotografia.

“À conta disso e do meu trajeto como fotografo desde que aqui cheguei, que tem vindo a crescer nos últimos anos, fiz parte de diversas exposições. No próximo mês vou viajar para Copenhaga onde farei parte de uma exposição no Festival de Fotografia de Copenhaga. Profissionalmente ainda tenho muito para aprender na Appear.” Os trabalhos como fotografo vão e vêm. Comprou o seu primeiro carro (convertido numa caravana) ao fim dos primeiros 8 meses. Se tudo correr bem, este ano vem a Portugal com ele. “No ano passado fiquei-me por terras francesas”. As coisas estão a ir num bom caminho, salienta Gonçalo Carvalho.

Trabalhar na Noruega é uma experiência bastante distinta, marcada por diversas particularidades que contribuem para a alta qualidade de vida e satisfação profissional dos trabalhadores. Há uma grande Cultura Colaborativa. A hierarquia no trabalho é geralmente plana, promovendo uma atmosfera de igualdade e respeito mútuo.

A opinião de todos é valorizada, independentemente do nível hierárquico. Cada caso é um caso mas “o meu horário de trabalho é flexível, e há uma forte ênfase em não ultrapassar as 37,5 horas semanais.” Além disso, as férias são generosas, com direito a pelo menos 25 dias de férias, além do trabalho híbrido que permite viajar e trabalhar de outras localizações. Dizer que os portugueses são vistos como muito consumidores de Bacalhau da Noruega é um equivoco. A maioridade dos noruegueses não faz ideia que os portugueses são consumidores de bacalhau, muito menos grandes consumidores de bacalhau “DA NORUEGA”. Os que sabem prende-se muito com o facto de terem visitado o pais nalguma altura da sua vida. Portugal só começou a ter popularidade para os noruegueses recentemente, até então preferiam Espanha..

Adoraria regressar a Portugal, “tenho saudades da comida, do sol, do mar, da minha família e da vila onde cresci (Miranda do Corvo),” mas muitas coisas têm de mudar, sendo uma delas os juízos de valor que os portugueses fazem em relação ao colegas. Se sais cedo questionam-se se não tens trabalho para fazer, se sais tarde é porque não fizeste nada durante o dia. “Enquanto ouvir estes testemunhos vindo dos meus colegas, dificilmente voltarei”. É preciso criar um ambiente de confiança no lugar de trabalho, no final de contas estamos todos a trabalhar para o mesmo.

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