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Terça-feira - 15 Outubro 2024

EXCLUSIVO: Um Engenheiro Mecânico de Leiria a trabalhar em Glasgow

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Vasco Zeferina, como tantos jovens profissionais portugueses, tem como objetivo crescer na sua carreira académica, profissional e pessoal. Estes são os grandes eixos que os jovens profissionais se lançam para outras paragens. Aprender mais, é um dos verbos que mais auspiciam, bem como uma carreira fora de Portugal. Uma carreira internacional oferece perspetivas que não se vislumbram em Portugal. Não passa necessariamente por motivos salariais, mas de progressão de carreira. “Há muita mais oportunidades lá fora do que no nosso país”, refere Vasco Zeferina, que o mantém a querer ficar a trabalhar no estrangeiro. Também tem a ver “com a aprendizagem no mundo do trabalho”. Trabalha-se menos fora porque, as tarefas que um especialista executa são relevantes para a sua posição, pois na sua essência trabalham na sua área de especialização, que lhes permite aprender sempre mais.

O Leiriense Vasco Zeferina, fez o mestrado integrado na Universidade de Aveiro em Engenharia Mecânica, entre 2005/2010. Esteve algum tempo a trabalhar em Aveiro, em Lisboa, na Holanda, e fez um estágio na Macedónia. E em 2016 foi fazer Doutoramento em Manchester, onde permaneceu lá cinco anos.

Regressou a Portugal por um ano, a trabalhar remotamente, e depois “encontrou” trabalho no Regulador de Energia, do Reino Unido, e foi a meio de 2022 que se mudou para Glasgow.
“Faço análise de dados no Regulador de Energia, que se debruça sobre os preços das tarifas domesticas de energia, as métricas de vulnerabilidade dos consumidores, da dívida dos consumidores às empresas energéticas, sou um analista energético e faço análise da dívida, dos consumidores aos retalhistas da energia, e faço um pouco de projetos em “Data Science”, com o intuito principal de ver a vulnerabilidade dos consumidores energéticos no Reino Unido.”

Fez o Doutoramento na área das Redes Elétricas. Muitos dos seus colegas vieram trabalhar para o Regulador, devido “às nossas habilitações”. A Ofgem é o regulador de energia do Reino Unido, é um bom sítio para “aprender sobre os mercados da energia e é um dos melhores reguladores energético da Europa, e no mundo, e há muita gente a trabalhar na Ofgem, somos cerca de 2000”.

Trabalha lá quase há dois anos. Também fez uma Pós-Graduação em Portugal em energia renovável e eficiência energética. É Engenheiro Mecânico especialista em energia, e Doutor nas Redes Elétricas.

O que mais o completa profissionalmente é fazer análise de dados. Fazer programação, para a ingestão, análise de dados é o que mais o completa, apresentar análise em termos visuais e dar o seu contributo, e ter algumas discussões com os colegas, “como é que podemos criar métricas e analisar os dados de forma a responder a algumas questões que os colegas nos colocam”, “nós temos os dados e há muitos colegas nossos que fazem as análises, e o meu trabalho é responder e ajudar a encontrar as métricas mais relevantes para os pedidos de colegas.”

O que o levou a emigrar…

Já tinha tido algumas experiências de trabalhar no estrangeiro, e reparou que a qualidade de vida o balanço e as oportunidades que existem no estrangeiro permitem-lhe trabalhar menos e ter mais retorno, aprender mais. Melhoria nas condições de trabalho, e depois de ter o Doutoramento e como ficou muito especializado, Portugal era muito pequeno, a quantidade de oportunidades em Portugal são poucas.

“Faz mais sentido estando-se mais especializado trabalhar num mercado maior, como é o caso do Britânico, em que se trabalha para o mundo inteiro, além de ser um país maior, a língua e a sua posição global, permite que o mercado potencial das empresas de serviços neste país seja muito mais abrangente, do que as empresas portuguesas.” Devido à língua, e da posição que têm no mundo, e os projetos que muitas vezes existem, dão para todo o mundo, e como a língua também é muito mais universal, é sempre mais fácil transitar, e além disso também “saí de Portugal porque era para fazer o meu Doutoramento, era uma oportunidade de posicionar a minha carreira, para aquilo que gostava de fazer”.

Trabalhou como Engenheiro de Desenvolvimento na Bosch, em Portugal. Estava muito especializado em combustão, e queria procurar, transitar mais para as análises energéticas, dos sistemas energéticos, e foi isso o que levou a emigrar naquela altura. Para além de fazer um Doutoramento numa Universidade Inglesa.

“A cultura do trabalho está mais desenvolvida aqui há mais competição”, existem mais condições de trabalho, as “oportunidades que nos dão, há mais apoios para um trabalho mais especializado”, o trabalho é direcionado para determinado sector e é naquele setor que “tenho de me focar e não me preocupar com o resto”.

Não significa com isto que trabalhar em Portugal seja pior, mas a longo prazo é mais sustentável nesta posição, “porque estou a aprender mais, a evoluir de uma forma, que provavelmente não conseguiria fazer numa empresa nas mesmas condições em Portugal, e por isso estou feliz”.

Está a gostar muito da Escócia, as pessoas são muito simpáticas, procuram ser afáveis para um estrangeiro nas suas condições. Nesse ponto de vista “estou bastante satisfeito”, está há pouco tempo, mas sente que é um sítio que facilmente o faz sentir em casa, que é um sitio familiar, “e em que eu tenho uma rede de apoio consistente.”

Os ingleses ficam muito surpreendidos com o nível do inglês dos portugueses, em particular o do Vasco, a qualidade do seu inglês é de excelência, e ficam muito surpreendidos na maneira como “nós falamos”, quem diz um português, também diz de outra nacionalidade.

“Somos muito bem tratados porque temos boa instrução, temos boa formação académica, e eles veem-nos como parte integrante da sociedade.”

São profissionais que estão a contribuir para a economia do país, porque “nós estamos a fazer trabalhos muito qualificados, e a contribuir para a economia. Só na minha equipa há quatro ou cinco estrangeiros, com altas qualificações.” Percebem isso, e valorizam-no. O contributo dos estrangeiros nas profissões qualificadas é muito grande e eles “aproveitam-se” disso, pois é um dos motores para a inovação é a de captação de mão-de-obra altamente especializada.

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