Xanana Gusmão e João Crisóstomo
“A nossa luta para conseguirmos professores acreditados (oficializados) para a escola de S. Francisco de Assis em Timor Leste”. “Temos batido a todas as portas em Portugal e em Timor Leste, mas a solução tem-se mostrado
elusiva.” Em vários casos estes esforços têm sido feitos em encontros e contactos pessoais; em outros casos quando um contacto pessoal tem sido possível, a situação tem sido dada a conhecer através de assessores que sempre garantem que os nossos pedidos chegarão aos destinatários. “Não sei se chegam ou não. A verdade é que temos ficado sempre à espera!”

Embora tivesse estado com vários líderes em 2017, quando foi a Timor Leste pela primeira vez, adianta João Crisóstomo, nessa altura o projeto da escola apenas existia na mente do casal Glória e Gaspar Sobral e do Rui Chamusco. Este havia falado dessa ideia, mas ainda não tinha ido às montanhas e não fazia ideia da situação e que necessidade desta escola ser tão premente.

João Crisóstomo encontrou-se nessa altura com Xanana, 17 anos depois do último encontro em Nova Iorque: “um encontro muito agradável, direi mesmo uma experiência extraordinária”. Como sucedeu com Mari Alkatiri, que tinha sido Primeiro-Ministro quando Xanana foi Presidente na primeira administração após a independência de Timor Leste, ou com Ramos Horta e com Rui Maria Araújo, que era o Primeiro-Ministro nessa altura. Mas nesta altura o projeto da construção duma escola ainda não existia sequer “na minha mente”.

“Os nossos esforços, especialmente por parte do Rui Chamusco que já foi a Timor-Leste cinco vezes, têm sido razão de muita frustração. Tenho uma admiração enorme por este homem que não desiste, com uma perseverança contagiante que leva os outros a continuarem e a não perderem a esperança. E tem sido esta perseverança dele que me tem motivado a não desistir também.” Adianta Crisóstomo.

E, assim de repente, apareceu uma oportunidade que não esperava: o Embaixador de Timor-Leste nas Nações Unidas, Dionísio Babo Soares, com quem há tempos se havia encontrado, mandou-lhe uma mensagem: que o atual Primeiro-Ministro de Timor Leste, Xanana Gusmão, em Nova Iorque por ocasião da Assembleia Geral da ONU, ia lançar um livro sobre o mar de Timor “ My sea, my Timor”; “se eu estava interessado em aparecer.”

Primeiro “eu não via razão para ir: depois do acidente que tive há meses decidi ter mais cautela e limitado apenas ao mesmo necessário. Mas logo refleti: porque acredito em contactos pessoais como o melhor meio de se conseguirem resultados (como no caso de Aristides de Sousa Mendes e o “Dia da Consciência” junto do Vaticano que “tentávamos desde 2004”, mas apenas começou a receber a devida atenção depois dum encontro pessoal com o Secretário de Estado)”. “Logo me lembrei que sendo ele agora Primeiro-Ministro, seria uma boa ocasião para tentar falar com ele pessoalmente sobre a escola S. Francisco de Assis…”

E mesmo em cima da hora decidiu ir. Não tinha tempo para preparações, mas tinha à sua frente alguns “posts” do “nosso blogue sobre as crónicas do Rui Chamusco” que tinha acabado de imprimir. “São várias centenas já, pois eu, não sendo letrado em coisas digitais, imprimo tudo o que acho de especial interesse. Apanhei duas ou três folhas onde aparece a escola e as crianças da escola e levei-as comigo.”

Quando chegou, Xanana tinha também acabado de chegar. E estava ainda cá fora, muito efusivo a cumprimentar outras pessoas quando os viu e reconheceu. E até “fiquei surpreendido pelos abraços e receção calorosa que nos deu.” E lembrou aos presentes que “nos tínhamos encontrado aqui em Nova Iorque no ano 2000.” Com receio de não ter oportunidade de falar com ele mais tarde, como sucede muitas vezes nestes casos, “logo lhe disse se podia falar com ele sobre um assunto que achava importante”. “Uma escola nas montanhas de Timor-Leste, ao mesmo tempo que lhe mostrava essas folhas do nosso blogue.” Ficou surpreendido pensando ser engano : “ mas… como é? … esta escola é na Guiné?”… Explicada a razão de que Timor Leste era também assunto importante para os “camaradas da Guiné” e quantos lessem este blogue, aceitou a explicação. “Ao ver a minha bengala até fez questão e me ajudar a subir as escadas …”

E depois de “termos cumprimentado alguns convidados presentes que já conhecíamos e outros que nos foi apresentando, foi ele que me me levou para um banco mais afastado para falarmos melhor”.
Antes de “prosseguirmos para o momento de lançamento do livro” mandou chamar o Embaixador de Timor-Leste nas Nações Unidas (o mesmo que nos convidou para este evento) a quem instruiu para colher as informações pertinentes sobre este assunto.
Já depois do lançamento “eu pedi-lhe a sua assinatura no livro que queria enviar ao Rui Chamusco”. Logo que “cheguei a casa apressei-me a telefonar ao Rui a quem dei conhecimento de tudo e dum livro que tenho para ele, devidamente autografado pelo Xanana.”
“Fico esperançado que não tenha sido uma conversa em vão! Será desta?” Interroga João Crisóstomo.
