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Domingo - 15 Setembro 2024

EXCLUSIVO: UTAD assume-se como uma Universidade virada para o mundo

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Vice-Reitor para a Internacionalização, Luís Ramos

Estivemos em entrevista com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD, e falamos com o Professor Luís Ramos que assumiu o cargo de Vice-Reitor para a Internacionalização da UTAD a 14 de outubro de 2022. A Universidade tem-se envolvido em projetos internacionais diferenciados e diferenciadores, e acolhe alunos dos PALOP e CPLP. Mais de mil estudantes estrangeiros estudam neste momento nesta instituição transmontana, para além de alunos vindos do Brasil, uma grande fatia, em segundo lugar têm alunos oriundos da África lusófona, e os restantes vêm de 55 países espalhados pelo mundo.

O Vice-Reitor, Luís Ramos, tem ao seu encargo as seguintes ações: Coordenação e desenvolvimento da área estratégica da Internacionalização; Promoção da imagem institucional da UTAD no estrangeiro; Coordenação e desenvolvimento do relacionamento institucional com instituições estrangeiras; Representação institucional a nível internacional, bem como na cooperação interinstitucional em especial com instituições estrangeiras; Cooperação nos programas de avaliação internacional da instituição e de planos de estudo por agências internacionais; Outorga de convénios, protocolos e respetivos termos aditivos respeitantes à sua área de intervenção, desde que não impliquem compromissos financeiros para a Universidade; Definição e coordenação da estratégia de ensino para estudantes internacionais; Definição da estratégia de informatização no âmbito da internacionalização; Definição a política de avaliação da qualidade e sustentabilidade dos protocolos estabelecidos; Coordenação e desenvolvimento de ações para captação de novos públicos estrangeiros; Coordenação e desenvolvimento de parcerias com entidades públicas e privadas a nível internacional; Coordenação de programas de intercâmbio e mobilidade; Coordenação de processos no âmbito de convénios internacionais; Coordenação de protocolos com entidades estrangeiras; Articular a informatização de processos com a gestão operacional; Avaliação da qualidade e sustentabilidade dos protocolos estabelecidos; Coordenação do Gabinete de Relações Internacionais e Mobilidade.

A UTAD sempre teve alunos dos quatro cantos do mundo, mas a sua verdadeira internacionalização começou no início deste século e ganhou força nos últimos cinco anos. Primeiro, com uma vaga de estudantes brasileiros que se foi alargando a outros países e continentes, em particular aos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). Por uma razão muito simples: a UTAD tem África no seu ADN. Muitos dos seus antigos e atuais professores e funcionários têm raízes africanas, porque aí nasceram e/ou viveram. Há, por isso, uma relação sentimental “da nossa academia com África” e, por outras tantas razões, com todo o mundo da lusofonia. E é essa relação que tem servido de pilar à nossa estratégia de internacionalização, orientada por uma aposta clara e consequente (mas não exclusiva) nos países da CPLP e na Língua Portuguesa. Esta estratégia quer contribuir para a construção de uma verdadeira comunidade lusófona, fundada em valores comuns, mas, sobretudo, em ações concretas. “É o que estamos a fazer. Fomos a primeira instituição de Ensino Superior em Portugal a fixar um valor igual de propinas para todos os estudantes oriundos desses países e estamos a alargar e a reforçar a nossa rede de cooperação académica e científica com outras universidades e entidades governamentais no Brasil, em Cabo Verde, em Moçambique, em Angola, na Guiné-Bissau e em Timor.” Explica o Vice-Reitor.

A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, tem cerca de um milhar de estudantes estrangeiros diplomados, o que corresponde a uma taxa de sucesso que, teoricamente, ronda os 30%. “Digo teoricamente, porque o incremento do número de alunos nos últimos anos faz com que uma parte significativa ainda não tenha tido tempo de concluir o seu percurso curricular.” Mas também é verdade que as dificuldades financeiras que muitos deles enfrentam e o seu estatuto de estudantes-trabalhadores não lhes permitem concluir os estudos tão rapidamente quanto eles “e nós gostaríamos.” É por isso que para combater o insucesso e o abandono escolar, estão a implementar um vasto programa de apoio a todos os nossos estudantes, nomeadamente um programa de mentoria e tutoria, uma sala de estudo especializada e, nos próximos meses, um programa de apoio para os alunos internacionais que já estudam na UTAD (e no qual ainda estão a trabalhar).


Quantos alunos estrangeiros estão a frequentar na UTAD, e quais são os países de onde vêm?

A UTAD tem matriculados, neste ano letivo, mais de 1000 estudantes internacionais, oriundos de 55 países. A maioria são brasileiros, cerca de 300, mas os estudantes de Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e Timor Leste têm, também, grande expressividade. Para além destes, temos algumas dezenas de estudantes asiáticos, da China ao Paquistão, magrebinos, da Argélia e Marrocos, sul-americanos, da Colômbia ao Equador, e muitos europeus, sobretudo no âmbito do programa Erasmus: espanhóis, italianos, turcos, romenos, polacos, alemães, franceses, gregos e eslovacos.

Segundo o Vice-Reitor, “a afirmação da UTAD como um destino universitário global, multicultural e inclusivo passa por uma valorização da dimensão dos valores humanos e humanistas no seio da nossa Academia.” “Queremos que esta seja um espaço que acolhe e estima a diversidade e a diferença, de identidades e culturas, de credos e saberes. Promovemos, junto dos nossos estudantes, dos nossos docentes e dos nossos funcionários, um espírito de liberdade e a tolerância. Mas, para vingar e crescer, este espírito precisa, mais do que palavras ou narrativas, de ações concretas que permitam fomentar a descoberta mútua, a partilha e a fraternidade, que são alguns dos pilares do humanismo. É o que fazemos com as semanas de boas-vindas, em cada semestre, aos nossos estudantes internacionais, o jantar de Natal, ecuménico e solidário, o Dia Internacional, uma viagem pelos sabores do mundo, acompanhada pelos vinhos do Douro, ou as múltiplas ações de acolhimento e integração, onde se incluem o espaço multirreligioso de oração ou a sala de estudo Mundus, aberta a todos e a funcionar sob o lema da entreajuda. Esta é, na nossa opinião, a melhor forma de propagar o espírito humanista no seio da nossa Universidade.”


Os cursos mais procurados pelos estudantes, segundo avança a Universidade, tem quatro escolas universitárias – Ciências Agrárias e Veterinárias, Ciências Sociais e Humanas, Ciências e Tecnologia, Ciências da Vida e Ambiente – e uma Escola Superior de Saúde, com uma oferta muito ampla de cursos: 38 licenciaturas, 49 mestrados e 25 doutoramentos. Os cerca de 9000 estudantes estão, assim, distribuídos pelas diferentes escolas e ciclos de estudos: cerca de 5300 em cursos de licenciatura, 2700 em cursos de mestrado e os restantes 1000 em cursos de doutoramento. Engenharia Informática, Ciências do Desporto e Enfermagem são as licenciaturas mais procuradas; os mestrados com mais alunos são os em Medicina Veterinária, em Psicologia e em Educação Física e os doutoramentos com maior procura são em Ciências Veterinárias, em Desenvolvimento, Sociedades e Territórios e em Ciências do Desporto.

A Instituição Académica tem, neste momento, 225 protocolos de cooperação com 219 universidades de 40 países e 757 acordos de mobilidade com 317 universidades de 29 países. Estes protocolos e acordos permitem receber e enviar, em programa de mobilidade, alunos, docentes e funcionários. Nos últimos cinco anos, acolheram mais de 1050 estrangeiros e enviaram mais de 1000 membros da Academia. Mas para além da mobilidade, estas parcerias têm permitido o lançamento de cursos conjuntos, como, por exemplo, o Mestrado Internacional em Análise da Performance Desportiva, com a Otto von Guericke University (Magdeburgo, Alemanha) e a Lithuanian Sports University (Kaunas, Lituânia); o Mestrado “O Desafio das Cidades”, em parceria com as universidades da Galiza e do Norte de Portugal, o “Master Vintage Wine and Terroir Management”, com a Escola Superior de Agronomia de Angers (França), o Mestrado em Engenharia Informática e a Licenciatura e Viticultura e Enologia com a Universidade de Cabo Verde ou o Curso de Pós-Graduação em Floresta Urbana, com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Em preparação, “temos o lançamento de mais de uma dezena de novos cursos, conjuntos ou em cotutela, de mestrado e doutoramento em países como a Áustria, Moçambique, Brasil e Angola.”

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