Luís Patrão é formado em Enologia pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). Trabalhou na Herdade do Esporão durante 13 anos e desenvolveu paralelamente o seu projeto pessoal de vinhos que se chama “Vinhos Vadio”.

Desde 2015 que trabalha na Tapada de Coelheiros e ao longo dos últimos 20 anos, teve oportunidade de fazer várias visitas comerciais à comunidade lusófona, nomeadamente aos Estados Unidos, França, Canadá e na Comunidade da CPLP, e PALOP, sobretudo em Angola. “E vê-se claramente que as pessoas, descendentes ou que são portugueses nascidos em Portugal, ficam felizes com a nossa visita e acolhem-nos sempre muito bem.”
Tendo em conta a sua experiência pessoal, pois esteve sempre muito mais ligado ao Alentejo e à Bairrada, aquilo que “sinto é que eles têm mais tendência e gosto pessoal pelos vinhos tintos”. Esse consumidor da diáspora é um pouco tradicional e conservador e tendencialmente consome mais este segmento.
As memórias que “os levam a Portugal”, ainda se traduzem nos vinhos tintos. Não tem números concretos da quantidade de vinho que vai para exportação. Mas estão presentes na diáspora, mais concretamente no Canadá, nos Estados Unidos, na zona de Nova Iorque.
O Vinho Vadio é produzido na Bairrada, numa área de 10 hectares, onde é produzido, engarrafado e distribuído. Depois segue os caminhos normais, Portugal de Norte a Sul, este vinho é mais consumido em Lisboa e Algarve.
Onde se integra o vinho Vadio?
Os vinhos Vadio, são vinhos da Bairrada, e produzem sobretudo vinhos tintos. Também fazem alguns espumantes e brancos. Este paradigma tem vindo a alterar um pouco, tradicionalmente os tintos eram reis e senhores, mas recentemente, os espumantes têm ganho alguma atração, tem havido algum crescimento nos espumantes, e estão a seguir também aquilo que são as tendências do mercado. Os tintos, têm decaído no consumo e os espumantes têm aumentado.
Quantos vinhos é que anualmente vende em Portugal e no estrangeiro?
O vinho Vadio exporta cerca de 80% , e 20% fica em Portugal. O mercado da saudade “não é o nosso principal mercado, tendencialmente o consumidor da diáspora consome mais marcas fortes, e da experiência do trabalho que fiz no Esporão, o Monte Velho, Alandra, são marcas mais procuradas. O caso do vinho Vadio, tem um nicho de mercado, é uma marca um pouco mais difícil de entrar naquilo a que chamamos o mercado da saudade. Os 80% que falo para exportação não é o nosso principal mercado, não é o mercado da saudade, mas pode continuar a ser um mercado importante”.
Como não é uma marca reconhecida, o consumidor da diáspora tem alguma dificuldade em querer comprar, em reconhecer a marca e aquilo “que eu sinto é que as pessoas que estão fora, querem comprar aquilo que habitualmente encontra em Portugal, e como não é uma marca muito forte em Portugal, tem receio de comprar.”
Os países que exportam mais esses 80%, é sobretudo para o Canadá, Estados Unidos, Brasil, e Reino Unido. O vinho Vadio teve início em 2005.
A Comunidade portuguesa, como é que vê os portugueses?
“Vejo-os muito bem integrados. Hoje fala-se muito dos problemas da emigração, e não vejo isso como um problema na Comunidade portuguesa. É uma comunidade trabalhadora e integra-se também muito bem. Faz parte do nosso ADN, somos um povo que esteve em todo o mundo, estamos habituados a integrar-nos bem. Conseguimos socializar bem, e é uma comunidade bem integrada, obviamente, que há o fator saudade de Portugal, e por isso somos tão bem recebidos quando estamos lá, vejo que é uma comunidade de sucesso e bem integrada.”
Como é que como é que Vadio?
É um vinho sobretudo elegante, não é muito encorpado, com frescura, um vinho com grande potencial de envelhecimento, como é característico da casta baga. “É um vinho interessante, harmoniza-se muito bem com carnes, nomeadamente os tintos, e os espumantes também são vinhos muito interessantes para acompanhar com a gastronomia.
Em Portugal, grande parte das lojas mais especializadas, as garrafeiras “têm os nossos vinhos” por exemplo, o El Corte inglês é um grande cliente, a Garrafeira Nacional e a Garrafeira Tio Pepe, no Porto.
Internacionalmente, nos Estados Unidos, “estamos presentes em ambas as costas”. Nova Iorque, New Jersey, Califórnia, Colorado. No Brasil, mais na zona do Nordeste, no Recife. No Canadá em Ontário e no Quebec, um pouco pelo mundo inteiro.” Refere o enólogo.
Mensagem aos emigrantes portugueses e àqueles que pretendam emigrar
A Mensagem é que “contamos com eles para levar o nome de Portugal e para promover os nossos produtos.” E agradecer esse trabalho que fazem e “que contamos com eles”.
Para quem queira emigrar, é que vale a pena tentarem, “é uma decisão difícil, mas que vão, e que promovam Portugal.”
