EXCLUSIVO
Voando como uma andorinha, João Crisóstomo tem tido uma vida de grandes voos e muitas paragens. Esteve a viver no Brasil, Londres, Paris, Alemanha, e finalmente em Nova Iorque. Viver na casa dos Kennedy nem a imaginação iria tão longe, foi uma experiência para a vida, “era outra vida”. Quem o conhece sabe que é um homem de causas, e não há barreiras. Do caso Foz Côa, Timor-Leste e Aristides Sousa Mendes, de tudo fez. E a história continua nas páginas de um Jornal que pretende eternizar os seus feitos, que não se quedam por aqui e serão narradas nos próximos tempos neste espaço. Para já, fica apenas um cheirinho do seu percurso de vida até aos dias de hoje.
Natural de Torres Vedras, (nascido em 1944, tenho portanto 79 anos, no meio de uma família numerosa (10 filhos, mas sou é o único rapaz! ). Nas pegadas dum tio que nas vésperas de se casar mudou de ideias e entrou no convento de Varatojo como frade franciscano, foi criado num meio profundamente católico/franciscano.
Este “franciscanismo” esteve sempre presente na sua vida; e ainda hoje quando vai a Portugal nunca deixa de ir ao vetusto e velhinho, “mas sempre muito querido”, convento de Varatojo. Nada de admirar que tenha entre os familiares diretos oito freiras franciscanas, – três delas eram suas irmãs – e seis padres , quatro deles franciscanos e dois diocesanos. Um destes foi, junto “como o saudoso” Dom José Policarpo, fundador do Seminário, agora “Externato” de Penafirme, em Torres Vedras.
Influenciado por estes exemplos também chegou a querer ser franciscano. Depois de “cinco anos preparatórios” em Braga, esteve um ano em Varatojo e três anos em Leiria. Aos 19 anos saí (temporariamente) para curar uma hepatite, mas resolveu não voltar.
Seguiram-se três anos de serviço militar (dois deles na Guiné) e depois resolveu sair de Portugal para aperfeiçoar línguas. Trabalhava em restaurantes onde ganhava o suficiente para viver e estudar : dois anos e meio em Londres; um ano em Paris e sete meses em Ludwigsburg/ Stutgart.
Voltou a Londres para se casar e depois foi para o Brasil, onde permaneceu três anos. Lá tirou um curso de hotelaria ( era sub-gerente dum hotel no Rio de Janeiro ) e foi convencido que um curso de hotelaria na “Cornell University-US” me abriria todas as portas.
Foi aos Estados Unidos em visita exploratória e verificou que não tinha qualquer hipótese de custear esse curso. “Quando me preparava para voltar foi-me oferecido ficar e trabalhar como mordomo(…) depois duma entrevista com a Senhora e ex-primeira dama Jaqueline Kennedy Onassis ela contratou-me.”
Primeiro “em residência” (24 horas ) e depois de resolver sair ( para poder ter mais tempo com os filhos) “ela pediu-me que lhe arranjasse alguém para me substituir. Assim fiz, mas a seu pedido continuei a trabalhar ocasionalmente para ela: ocasiões especiais, como aniversários, festas do Natal e Páscoa, nos meses de férias quando o apartamento ficava sem ninguém, etc etc.”
A seu cargo estavam a biblioteca, sala de estar, tudo o que está relacionado com a sala de jantar, receber e fazer a “primeira escolha” do correio, telefone, mensagens (…) e o mais que é necessário providenciar para a boa manutenção dum apartamento. Ainda hoje conservo, como recordação, as chaves do seu apartamento. Muitas vezes eram horas adiantadas quando estava pronto para ir para casa e então pernoitava num pequeno quarto que “ela pôs à minha disposição sempre que eu achasse mais conveniente ficar”. Foi do seu apartamento que em 1995 eu fiz os meus contactos para toda a parte do mundo, pedindo ajuda ( especialmente o apoio dos media) para parar a barragem e salvar as gravuras de Foz Côa, depois do John John (John Kennedy), “a quem eu falei no assunto me ter facilitado o uso do seu “fax machine” no escritório.”