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Terça-feira - 21 Janeiro 2025

João Crisóstomo: “O efeito de Aristides Sousa Mendes” (Parte II)

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O português, João Crisóstomo, no início, não tinha qualquer conhecimento sobre a pessoa Aristides de Sousa Mendes, ou alguma ação no caso deste diplomata. Aristides Sousa Mendes fez o que a sua consciência ditava: salvar o maior número possível de vidas humanas, fossem elas quais fossem, mas na sua maioria judeus. João Crisóstomo ao ter conhecimento destas ações por parte do diplomata, logo se sentiu na “obrigação” de fazer mais qualquer coisa, para que o mundo não esqueça quem verdadeiramente sente “compaixão” pelo próximo, como alude o líder Tibetano no seu livro Dalai Lama – “Um guia para a vida”.

Aristides Sousa Mendes – O movimento de 1996

A ação filantrópica de diplomatas portugueses em relação aos judeus residentes na Europa durante a segunda guerra mundial, muito desconhecida nos Estados Unidos, mereceu-lhe atenção desde 1996. Causa que conhecera através da advogada californiana Anne Treseder.

Mesmo nos meios judeus que contactou, o único que conhecia bem a história do cônsul português em Bordéus era o Nobel e sobrevivente do Holocausto Professor Elie Wiesel.

Depois de se elucidar sobre o assunto, esteve em 1999 diretamente envolvido na preparação da exposição aberta na sede da ONU em Nova Iorque em 3 de Abril (data da morte de Sousa Mendes em 1954) de 2000 e que, entre 52 diplomatas de 18 países, referiria o papel desempenhado na concessão de vistos a judeus pelos diplomatas portugueses Aristides de Sousa Mendes, Carlos Almeida Sampaio Garrido, Carlos Teixeira Branquinho e Carvalho da Silva.

A exposição “Visas for Life”, promovida pelo ativista judeu Eric Saul e o Rabino David Baron de Beverly Hill, patrocinada por cinco das maiores organizações judaicas nos Estados Unidos, abriu deliberadamente no dia em que passavam 45 anos sobre a morte do diplomata português Aristides de Sousa Mendes. Que poupou a vida a pelo menos 10 mil judeus incluídos nos 30.000 livres trânsitos passados a partir de Bordéus, onde era cônsul de Portugal durante a segunda guerra mundial. A ação de Sousa Mendes seria aquela que lhe mereceria mais atenção a João Crisóstomo.

Em 2004, no quinquagésimo aniversário da morte do ex-cônsul português em Bordéus, em colaboração com a Raoul Wallenberg Foundation International, da qual era vice- presidente, esteve na organização de mais de 80 acontecimentos em 22 países.

Assinale-se que, com ações que nunca foram além dos gabinetes e notas diplomáticas, os congressistas americanos Tony Coelho, Barney Frank e outros enviaram carta a Mário Soares em 1 de Agosto de 1986 pedindo reconhecimento da acção de Sousa Mendes. O Portuguese- American Congress of New Jersey promoveu um jantar de homenagem a Sousa Mendes no antigo Portuguese Pavilion da Monroe St., Newark, em Maio de 1987. João Crisóstomo, associando-se a organizações judias, elevou o patamar da campanha com acontecimentos na ONU e exposições lembrando a ação do cônsul Sousa Mendes.

Neste âmbito e enquanto o movimento de reconhecimento não se universalizava, João Crisóstomo esteve envolvido em:

– 1996 (e seguintes): Publicação de vários artigos ( português e inglês) com a finalidade de dar a conhecer e promover o reconhecimento nos USA e no mundo em geral de Aristides de Sousa Mendes:

– 2000, Abril: Coordenador da exposição “Visas for Life Exhibit” que abriu nas Nações Unidas em 3 Abril de 2000 em honra de Aristides Sousa Mendes; diligências para a inclusão de Aristides Sousa Mendes no filme- documentário “Diplomats for the Damned” do “History Channel”.

2000: Nomeado vice-presidente da International Raoul Wallenberg Foundation.

– 2000, Setembro: Grande cerimónia na sede do “Permanent Observer of Vatican to UN” em honra de João XXIII, com a presença do Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Angelo Sodano.

– 2001: Abril 3: lançamento do livro “A good Man in Evil Times” na Sede da ICEP em Nova Iorque

– 2002: April : Museu de Newark, NJ: Sessão em honra de Aristides Sousa Mendes

– 2003 Junho 17: diligências para a exibição do filme sobre Aristides Sousa Mendes no National Arts Club “ em Nova Iorque”

– 2004, Abril 4: Homenagem a Sousa Mendes com a Exposição In Time of War e palestras , em colaboração com a Camara de Cascais na Jewish Federation of Greater Metrowest (Whippany, NJ ), na Seton Hall University (West Orange, NJ) e, depois, no Sport Clube Português, em Newark

– 2004 Setembro: Primeira intervenção/reparação no telhado da Casa de Aristides Sousa Mendes ( juntamente com António Rodrigues) e consequente descoberta de muitos documentos aí soterrados desde os tempos em que o cônsul aí habitava.

– 2004 Dezembro: Primeira homenagem no Consulado do Brasil em Nova Iorque ao humanista e diplomata brasileiro Luís Martins de Sousa Dantas.

– 2005: Homenagem a Aristides Sousa Mendes e Luís Martins de Sousa Dantas no “Museum of Jewish Heritage”, Nova Iorque, com a introdução do “Livro de Registos de Bordéus”, cerimónia que foi motivo de um artigo editorial ( OPED) no New York Times.

– 2006, Abril 5: Visita de estudo de alunos de várias escolas portuguesas à “Galeria dos Heróis” ( i.e. ASM) do “Museum of Jewish Heritage”.

– Abril 2006: Exposição e Conferência no Consulado Brasileiro sobre os diplomatas de língua portuguesa: os portugueses Aristides Sousa Mendes, Sampaio Garrido, Branquinho, e os brasileiros Sousa Dantas e Rosa Guimarães.

– 2007, Fevereiro: Participação, com a inclusão das acções de Aristides Sousa Mendes e Sousa Dantas, na exposição “Diplomats of Mercy” no Holocaust Center, Queensborough Community College ( Bayside, New york).

– 2007, Abril: Sensibiliza e acompanha familiares de Aristides Sousa Mendes a participar no Boston Festival. Organizado naquela cidade pela então cônsul geral de Portugal Manuela Bairos.

– 2010; participação na criação da Aristides Sousa Mendes Foundation nos Estados Unidos e mais tarde membro da direcção.

Dia da Consciência” – 17 de junho de 2004

Desde 2004, João Crisóstomo, tem estado empenhado na declaração mundial do dia 17 de junho como “DIA DA CONSCIENCIA”. O dia 17 de Junho de 1940 foi a data em que, contrariando as ordens de Lisboa mas obedecendo à sua consciência, Aristides de Sousa Mendes começou a conceder vistos em massa a judeus e a outros refugiados da Segunda Grande Guerra.

O Dia 17 de Junho de 2004 e o “Acto de Consciência” de Aristides de Sousa Mendes de 1940 foram celebrados nesse ano com cerca de oitenta acontecimentos por todo o mundo. Com destaque para 34 Missas celebradas com a maior solenidade em 21 países. Esta data continuou a ser celebrada nos anos seguintes, alguns deles com grande notoriedade.

Em 2010 registaram-se vários acontecimentos e entre eles uma concelebração de quatro cardeais em Roma, que mereceu devida cobertura pela Agência Zenit: “Tribute paid to those who followed conscience”, Rome June 18, 2010 (Zenit.org).

Semelhantes acontecimentos ocorreram em outros países. No Parlamento do Canadá houve uma moção introduzida pelo legislador luso-americano Mario Silva “encouraging all parliamentarians to recognize this devotion to conscience by supporting my motion designate June 17 each year a day of conscience, consistent with the international efforts of João Crisóstomo”.

Na Audiência Geral de 17 de Junho de 2020, o Papa Francisco lembrou o dia: “Today is the Day of Conscience, inspired by the witness of the Portuguese diplomat Aristides Sousa Mendes, who around 80 years ago decided to follow his conscience and saved the lives of thousands of Jews and other persecuted people. May freedom of conscience be respected and always and everywhere and may every Christian give the example of the consistency of an upright conscience enlightened by the Word of God”.

Não traduzimos esta parte para não perder o significado dos acontecimentos, o designado em inglês “Lost in Translation”.

A terceira parte dos artigos atribuídos a João Crisóstomo continua para a próxima semana, com outros acontecimentos mundiais de extrema importância.

Os movimentos das ações e causas de João Crisóstomo, como a de Aristides Sousa Mendes, Timor Leste, entre outras, continuam na próxima semana.

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