EXCLUSIVO
Carlos Cid Alvares é um homem ligado à Banca há cerca de 40 anos. Fez de tudo um pouco e passou por muitos Bancos Portugueses e estrangeiros em Portugal. Presentemente encontra-se a viver em Macau, onde adora estar, mas o amor à pátria fez com que se aliasse à Diáspora Portuguesa, na qual é Conselheiro da Diáspora Portuguesa em Macau, há uns meses. Quer “levar o nome de Portugal o mais longe possível”. Com o seu conhecimento e experiência fortalecer laços económicos e culturais com a Ásia.
Alfacinha de gema, Carlos Alvares nasceu a 13 de janeiro de 1959. Formou-se na Universidade Católica em Administração e Gestão de Empresas, entre 1976-1981.
Na altura queria ir para Agronomia, mas o 25 de abril de 1974 trouxe muitas passagens administrativas, no Instituto Superior de Agronomia, e foi-lhe recomendado pelo seu pai que fosse para a Universidade Católica onde teoricamente não haveria passagens administrativas, e licenciou-se na Católica e “não está nada arrependido”.
Em 1981 foi trabalhar para os CTT, para a Direção Regional de Correios de Lisboa, na área de planeamento, onde permaneceu quase três anos. Os CTT eram uma empresa com bastante dinamismo, e muito conceituada, com excelentes quadros. Muitos Secretários de Estado vinham da equipa dos CTT, naquela altura era um grande “alimentador” de pessoas para o governo.
Foi para o Banco Português do Atlântico em 1984. Onde trabalhou na área de inspeção e auditoria. Na altura “fazíamos seis meses de estágio” para entrar no Banco, e “rodei” por muitas áreas antes de começar a trabalhar, “foi bastante interessante, aprendi muito da atividade bancária”.
No Banco Português Atlântico, trabalhou até 1988, fazia auditoria às Agências, aos Serviços centrais e às operações Internacionais. Desafiaram-no para abraçar um novo projeto que tinha acabado de nascer: o Banco Comercial Português.
Que hoje em dia se chama Millenium BCP. Abracei este novo projeto em 1988, e começou como gestor de cliente da empresas, na Agência de Benfica e o BCP tinha um sucesso enorme.
Vivia-se numa época das privatizações em Portugal, e o Banco BCP, participou nesse processo. Teve um crescimento muito acelerado, “passados dois anos de lá estar já estava na Direção de Marketing”, onde foi sub-Diretor e depois Diretor. No ano de 1992 passou para a área de retalho, onde foi Diretor Regional, e tinha uma série de Agências a seu cargo.
Em 1994, passou para a Direção de Empresas, na altura no BCP, “rodava-se” a uma velocidade enorme, o Banco estava a crescer muito, e as oportunidades surgiam, “e fui agarrando essas oportunidades”. No ano de 1994, estava como Diretor-Regional de Empresas, e passados dois anos foi para o Banco de Investimento do Grupo, que na altura se chamava CISF, que viria mais tarde a chamar-se BCP Investimentos.
Esteve lá entre 1994 e 1996, neste último ano regresso ao Banco Português do Atlântico, que entretanto, o BCP tinha adquirido, e regresso como Diretor Coordenador de Empresas Sul, “ onde estive desde 1996 até 2000.”
No ano 2000 passou a Diretor-Geral do BCP, e foi coordenar grandes empresas do BCP, Corporate Banking e “fizemos a fusão das diferentes marcas que o BCP na altura tinha comprado, o Banco Português do Atlântico, o Banco Pinto Sotto Mayor, o Banco Mello, o Banco Central Hispano, e fundimos tudo numa só marca, Millenium BCP.”
Trabalhou aí até 2006, nesse ano passo a Diretor-Geral, no Millenium BCP, no Private Banking, tinha a seu cargo o Private Banking Nacional e o Private Banking Internacional. Acumulava essas funções com a Vice-presidência do Millennium Banque Privée que o Millenium BCP detinha na Suíça, e também com a Presidência do Banco Millenium BCP nas Cayman Islands, (Ilhas Caimão).
Esteve lá até 2011, nesse ano foi mais uma vez desafiado para ir para o Banco Popular Espanhol, transitou para esse Banco onde foi Diretor-Geral de Negócios durante dois anos. Depois passou a Administrador em 2013, sendo Presidente do Banco em 2015. Em novembro de 2017, o Santander Espanha, compra o Banco Popular em Espanha e por arrastamento o Banco Popular Portugal é também comprado , e de seguida o Santander Portugal compra a operação portuguesa do Banco Santander , “e nessa altura negoceio a minha saída. Estive quatro meses com a minha família, mulher e filhos, porque já estava a trabalhar há praticamente 36 anos, sem nunca ter parado, e depois fui desafiado pela Caixa Geral de Depósitos, para ser o Presidente da Comissão Executiva, (CEO), do BNU em Macau.”
É o Banco emissor da pataca, é um Banco com 122 anos, e que ainda emite a pataca em Macau, conjuntamente com o Banco da China. “Estou aqui desde março de 2018. “E gosto imenso de viver em Macau, tem imensas coisas boas.”
Conselheiro da Diáspora Portuguesa
Já tinha ouvido falar na Diáspora que é uma entidade privada que surgiu pela mão do Presidente da República, “e que agregava um conjunto de pessoas que tinham interesse em dignificar o nome de Portugal no Mundo.”
Recentemente Paulo Morgado, que faz parte dos órgãos do governo da Diáspora em Portugal, sondou-o para saber se “teria interesse em participar como Conselheiro na Diáspora Portuguesa. Como patriota que sou, que está fora de Portugal, mas com amor ao país, achei que devia participar, de tentar ajudar a colocar o nome de Portugal mais alto.”
Ajudando a que se criem condições para que os países onde os conselheiros estão, tenham uma relação mais próxima com Portugal, “que se aumentem os negócios entre esses países, e o nosso país”. Em relações económicas e culturais, e que isso seja feito também com as autoridades.
A Diáspora, é uma entidade privada, que pode trabalhar muito de perto com a AICEP, que tem delegados espalhados pelo mundo, e pode trabalhar também muito próximo dos serviços consulares, e muito perto da comunidade portuguesa. Com o objetivo de se colocar o nome de Portugal mais alto.
Tem no seu âmbito fazerem mais negócios, de atrair investimento, numa relação mais frutífera entre os povos. A Caixa Geral de Depósitos é a mãe do BNU, e a Caixa Geral de Depósitos tem operações bancárias em todos os países de língua portuguesa. E em cinco deles tem a operação bancária mais importante.
“Sentimos que podemos colaborar ativamente com o governo, para que Macau seja uma plataforma de negócios entre os países de língua portuguesa e a China.” Refere Carlos Cid Alvares.
Portugal ainda está bastante presente em Macau, quer em termos culturais, com traços arquitetónicos fortíssimos de Portugal, a calçada portuguesa, ainda presente em muitos sítios, e edifícios com traça portuguesa.
Também há muitos portugueses a trabalhar em Macau nas áreas de direito, ensino, engenharia e arquitetura. Há muitos restaurantes portugueses, e o Banco Nacional Ultramarino tem uma presença muito forte junto de Macau, é uma Instituição muito valorizada quer pelas autoridades, quer pelos seus cidadãos, porque é um Banco que ao longo dos seus 122 anos apoiou muito a comunidade.
Quer os particulares, quer as empresas, no seu crescimento, no seu desenvolvimento económico.
A população de Macau é muito multicultural, porque existe população Macaense, população Chinesa, Portuguesa, Filipina , Americana, Canadiana, de diferentes países, pois a indústria do jogo continua a ter um peso grande na economia. Há aqui um conjunto de casinos que são de entidades de Macau e Hong Kong, mas também existe um conjunto de casinos ligados a interesses americanos.
“Todos têm presente que Portugal teve aqui um papel importante em termos económicos e culturais, e a sua ligação de 450 anos com a China.”
Há respeito e há um conhecimento grande de que Macau é uma cidade completamente diferente das outras cidades Chinesas. Carlos Alvares, foi nomeado Conselheiro muito recentemente no último trimestre de 2023. “Faço parte do Núcleo da Ásia, que é liderado pelo João Graça Gomes, e reunimos muitas vezes, para tentar levar o nome de Portugal mais longe.”